Pesquisar conteúdo deste blog

sexta-feira, 31 de março de 2017

Young Stars and Dusty Nebulae in Taurus | Jovens estrelas e nebulosas de poeira em Taurus


Este  complexo de nebulosas de poeira permanece ao longo da borda da nuvem molecular de Taurus, distante apenas 450 anos-luz. Há estrelas em formação nesta cena cósmica. Composto por quase 40 horas de dados de imagens, o campo de visão telescópico de 2 graus de diâmetro inclui algumas jovens estrelas da classe T-Tauri incrustadas nos remanescentes de suas nuvens natais, à direita. 

Com milhões de anos de idade e, ainda assim, vivendo a adolescência estelar, as estrelas têm brilho variável e estão nas fases finais de seu colapso gravitacional. A temperatura de seus núcleos aumentará para manter a fusão nuclear enquanto elas crescem como  estrelas de sequência principal estáveis de pouca massa, um estágio da evolução estelar alcançado por nosso Sol de meia idade há cerca de 4,5 bilhões de anos. 

Outra jovem estrela variável, V1023 Tauri, pode ser encontrada à esquerda. No interior de sua nuvem de poeira amarelada, ela se situa próxima à impressionante nebulosa de azul de reflexão Cederblad 30, também chamada LBN 782. Logo acima da brilhante nebulosa de reflexão azulada está a nebulosa de poeira escura Barnard 7.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

This complex of dusty nebulae lingers along the edge of the Taurus molecular cloud, a mere 450 light-years distant. Stars are forming on the cosmic scene. Composed from almost 40 hours of image data, the 2 degree wide telescopic field of view includes some youthful T-Tauri class stars embedded in the remnants of their natal clouds at the right. 

Millions of years old and still going through stellar adolescence, the stars are variable in brightness and in the late phases of their gravitational collapse. Their core temperatures will rise to sustain nuclear fusion as they grow into stable, low mass, main sequence stars, a stage of stellar evolution achieved by our middle-aged Sun about 4.5 billion years ago. 

Another youthful variable star, V1023 Tauri, can be spotted on the left. Within its yellowish dust cloud, it lies next to the striking blue reflection nebula Cederblad 30, also known as LBN 782. Just above the bright bluish reflection nebula is dusty dark nebula Barnard 7.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Nebula with Laser Beams | Nebulosa com raios laser



Quatro raios laser cruzam esta surpreendente imagem da Nebulosa de Orion, vista do Observatório Paranal, no deserto de Atacama, planeta Terra. Eles não são parte de um conflito interestelar, e sim estão sendo usados para uma observação de Orion por UT4, um dos telescópios ultra grandes do observatório, em um teste técnico de um sistema óptico adaptativo para tornar as imagens mais nítidas. 

Esta vista da nebulosa com raios laser foi captada por um pequeno telescópio do exterior recindo de UT4. Os raios são visíveis daquela perspectiva porque nos primeiros quilômetros acima do observatório  a densa baixa atmosfera da Terra espalha a luz laser. 

Os quatro pequenos segmentos que aparecem além dos feixes são emissões de uma camada atmosférica de átomos de sódio excitados pela luz laser a altitudes de 80-90 quilômetros. Vistos da perspectiva do UT4, aqueles segmentos formam brilhantes manchas ou guias estelares artificiais. Suas futuações são usadas em tempo real para corrigir o borrão atmosférico ao longo da linha de visão ao controlar um espelho deformável na trajetória óptica do telescópio.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Four laser beams cut across this startling image of the Orion Nebula, as seen from ESO's Paranal Observatory in the Atacama desert on planet Earth. Not part of an interstellar conflict, the lasers are being used for an observation of Orion by UT4, one of the observatory's very large telescopes, in a technical test of an image-sharpening adaptive optics system. 

This view of the nebula with laser beams was captured by a small telescope from outside the UT4 enclosure. The beams are visible from that perspective because in the first few kilometers above the observatory the Earth's dense lower atmosphere scatters the laser light. 

The four small segments appearing beyond the beams are emission from an atmospheric layer of sodium atoms excited by the laser light at higher altitudes of 80-90 kilometers. Seen from the perspective of the UT4, those segments form bright spots or artificial guide stars. Their fluctuations are used in real-time to correct for atmospheric blurring along the line-of-sight by controlling a deformable mirror in the telescope's optical path.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Hubble's Glittering Frisbee Galaxy | A brilhante galáxia de disco


Esta imagem da Câmera 3 de Campo Amplo do Hubble (WFC3) mostra uma seção de NGC 1448, uma galáxia espiral localizada a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra, na pouco conhecida constelação do Horologium (O Relógio de Pêndulo). Nós tendemos a imaginar as galáxias e espirais como sendo massivas, e não corpos celestiais mais ou menos circulares, de forma que esta brilhante oval não parece bem adequada para isso. O que está acontecendo?

Imagine uma galáxia espiral tão circular quanto um disco girando suavemente no espaço. Quando o vemos de frente, nossas observações revelam uma espetacular quantidade de detalhes e estrutura — um grande exemplo do Hubble é a visão do telescópio de Messier 51, também chamada Galáxia do Redemoinho. Entretanto, o disco de NGC 1448 está bem quase de lado em relação à Terra, dando-lhe uma aparência que é mais oval do que circular. Os braços espirais, que se curvam para fora do denso núcleo de NGC 1448, mal podem ser vistos.

Embora galáxias espirais possam parecer estátivas com sua formas pitorescas congeladas no espaço, isso está muito longe de ser verdade. As estrelas nessas densas e emocionantes  configurações espirais estão se movendo constantemente à medida que orbitam ao redor do núcleo galáctico, com aquelas no interior tornando a mais veloz do que aquelas situados mais para fora.

Isso torna a formação e existência contínua dos braços de uma galáxia espiral algo como uma charada cósmica, porque os braços embrulhados ao redor do núcleo giratório dveriam tornar-se mais fortemente enrolados, à medida que o tempo passa — mas não é isso o que se vê. Isso é conhecido como o problema do enrolamento.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

This image from Hubble’s Wide Field Camera 3 (WFC3) shows a section of NGC 1448, a spiral galaxy located about 50 million light-years from Earth in the little-known constellation of Horologium (The Pendulum Clock). We tend to think of spiral galaxies as massive and roughly circular celestial bodies, so this glittering oval does not immediately appear to fit the visual bill. What’s going on?

Imagine a spiral galaxy as a circular frisbee spinning gently in space. When we see it face on, our observations reveal a spectacular amount of detail and structure — a great example from Hubble is the telescope’s view of Messier 51, otherwise known as the Whirlpool Galaxy. However, the NGC 1448 frisbee is very nearly edge-on with respect to Earth, giving it an appearance that is more oval than circular. The spiral arms, which curve out from NGC 1448’s dense core, can just about be seen.

Although spiral galaxies might appear static with their picturesque shapes frozen in space, this is very far from the truth. The stars in these dramatic spiral configurations are constantly moving as they orbit around the galaxy’s core, with those on the inside making the orbit faster than those sitting further out.

This makes the formation and continued existence of a spiral galaxy’s arms something of a cosmic puzzle, because the arms wrapped around the spinning core should become wound tighter and tighter as time goes on — but this is not what we see. This is known as the winding problem.



This image from Hubble’s Wide Field Camera 3 (WFC3) shows a section of NGC 1448, a spiral galaxy located about 50 million light-years from Earth in the little-known constellation of Horologium (The Pendulum Clock). We tend to think of spiral galaxies as massive and roughly circular celestial bodies, so this glittering oval does not immediately appear to fit the visual bill. What’s going on?

Imagine a spiral galaxy as a circular frisbee spinning gently in space. When we see it face on, our observations reveal a spectacular amount of detail and structure — a great example from Hubble is the telescope’s view of Messier 51, otherwise known as the Whirlpool Galaxy. However, the NGC 1448 frisbee is very nearly edge-on with respect to Earth, giving it an appearance that is more oval than circular. The spiral arms, which curve out from NGC 1448’s dense core, can just about be seen.

Although spiral galaxies might appear static with their picturesque shapes frozen in space, this is very far from the truth. The stars in these dramatic spiral configurations are constantly moving as they orbit around the galaxy’s core, with those on the inside making the orbit faster than those sitting further out.

This makes the formation and continued existence of a spiral galaxy’s arms something of a cosmic puzzle, because the arms wrapped around the spinning core should become wound tighter and tighter as time goes on — but this is not what we see. This is known as the winding problem.

This image from Hubble’s Wide Field Camera 3 (WFC3) shows a section of NGC 1448, a spiral galaxy located about 50 million light-years from Earth in the little-known constellation of Horologium (The Pendulum Clock). We tend to think of spiral galaxies as massive and roughly circular celestial bodies, so this glittering oval does not immediately appear to fit the visual bill. What’s going on?

Imagine a spiral galaxy as a circular frisbee spinning gently in space. When we see it face on, our observations reveal a spectacular amount of detail and structure — a great example from Hubble is the telescope’s view of Messier 51, otherwise known as the Whirlpool Galaxy. However, the NGC 1448 frisbee is very nearly edge-on with respect to Earth, giving it an appearance that is more oval than circular. The spiral arms, which curve out from NGC 1448’s dense core, can just about be seen.

Although spiral galaxies might appear static with their picturesque shapes frozen in space, this is very far from the truth. The stars in these dramatic spiral configurations are constantly moving as they orbit around the galaxy’s core, with those on the inside making the orbit faster than those sitting further out.

This makes the formation and continued existence of a spiral galaxy’s arms something of a cosmic puzzle, because the arms wrapped around the spinning core should become wound tighter and tighter as time goes on — but this is not what we see. This is known as the winding problem.

terça-feira, 28 de março de 2017

Central Cygnus Skyscape | Paisagem celeste de Cignus Central


Em pinceladas cósmicas de gás hidrogênio incandescente, esta bela paisagem celeste se desdobra pelo plano da Via Láctea próximo à extremidade norte do Grande Fenda  e o centro da constelação de Cignus, o Cisne. 

Um mosaico de 36 paineis de dados de imagens telescópicas, esta cena se estende por cerca de seis graus. A supergigantesca e brilhante estrela Gamma Cygni (Sadr) no canto superior esquerdo do centro da imagem situa-se no primeiro plano das complexas nuvens de gás e poeira e populosos campos estelares. 

À esquerda de Gamma Cygni, com o formato de duas asas luminosas divididas por uma loga e escura trilha de poeira, situa-se IC 1318, cujo nome popular é, compreensivelmente, Nebulosa da Borboleta. 

A nebulosa mais compacta e brilhante embaixo à esquerda é NGC 6888, a Nebulosa do Crescente. Algumas estimativas de distância para Gamma Cygni situam-na a cerca de 1.800 anos-luz, enquanto estimativas para IC 1318 e NGC 6888 variam de 2.000 a 5.000 anos-luz.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

In cosmic brush strokes of glowing hydrogen gas, this beautiful skyscape unfolds across the plane of our Milky Way Galaxy near the northern end of the Great Rift and the center of the constellation Cygnus the Swan. 

A 36 panel mosaic of telescopic image data, the scene spans about six degrees. Bright supergiant star Gamma Cygni (Sadr) to the upper left of the image center lies in the foreground of the complex gas and dust clouds and crowded star fields. 

Left of Gamma Cygni, shaped like two luminous wings divided by a long dark dust lane is IC 1318 whose popular name is understandably the Butterfly Nebula. 

The more compact, bright nebula at the lower right is NGC 6888, the Crescent Nebula. Some distance estimates for Gamma Cygni place it at around 1,800 light-years while estimates for IC 1318 and NGC 6888 range from 2,000 to 5,000 light-years.

segunda-feira, 27 de março de 2017

SH2-155: The Cave Nebula | SH2-155: A Nebulosa da Caverna


Esta paisagem celeste mostra a poeirenta região de emissões Sh2-155, a Nebulosa da Caverna do catálogo Sharpless. Na imagem telescópica, dados obtidos através de um filtro de banda estreita rastreia o brilho avermelhado de átomos de hidrogênio ionizados.

Distante cerca de 2.400 anos-luz, a cena situa-se ao longo do plano da Via Láctea na direção da constelação de Cefeu, ao norte. Explorações astronômicas da região revelam que ela se formou na fronteira entre a massiva nuvem molecular Cefeu B e as jovens e quentes estrelas da associação Cefeu OB 3. 

O brilhante entorno de gás hidrogênio ionizado é energizado pela radiação das estrelas quentes, dominada ple a estrela mais brilahnte, acima e à esquerda do centro da foto. 

Frentes alimentadas por radiação estão, provavelmente, desencadeando núcleos em colapso e novas formações de estrelas no interior. Apropriadamente dimensionada para um nascedouro estelar, a caverna cósmica tem mais de 10 anos-luz de diâmetro.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

This skyscape features dusty Sharpless catalog emission region Sh2-155, the Cave Nebula. In the telescopic image, data taken through a narrowband filter tracks the reddish glow of ionized hydrogen atoms. 

About 2,400 light-years away, the scene lies along the plane of our Milky Way Galaxy toward the royal northern constellation of Cepheus. Astronomical explorations of the region reveal that it has formed at the boundary of the massive Cepheus B molecular cloud and the hot, young stars of the Cepheus OB 3 association. 

The bright rim of ionized hydrogen gas is energized by radiation from the hot stars, dominated by the brightest star above and left of picture center. 

Radiation driven ionization fronts are likely triggering collapsing cores and new star formation within. Appropriately sized for a stellar nursery, the cosmic cave is over 10 light-years across.

domingo, 26 de março de 2017

Fast Stars and Rogue Planets in the Orion Nebula | Estrela velozes e planetas trapaceiros na Nebulosa de Orion


Comece com a constelação de Orion. Abaixo do cinturão de Orion há uma área indistinta chamada a Grande Nebulosa de Orion. Nesta nebulosa há um brilhante aglomerado estelar chamado o Trapézio, marcado por quatro estrelas brilhantes próximas ao centro da imagem. 

As estrelas recém formadas no Trapézio e regiões circundantes mostram que a Nebulosa de Orion é uma das mais ativas áreas de formação estelar encontradas em nossa área da Galáxia. 

Em Orion, explosões de supernovas e interações próximas entre estrelas criaram planetas trapaceiros e estrelas que rapidamente se movem através do espaço. Algumas dessas rápidas estrelas foram descobertas através da comparação de diferentes imagens dessa região obtidas com o Hubble com vários anos de intervalo. 

Muitas das estrelas nesta imagem, registrada em luz visível e próxima ao infravermelho, aparentam ser incomumente vermelhas por serem vistas através da poeira que espalha boa parte de sua luz azul.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Start with the constellation of Orion. Below Orion's belt is a fuzzy area known as the Great Nebula of Orion. In this nebula is a bright star cluster known as the Trapezium, marked by four bright stars near the image center. 

The newly born stars in the Trapezium and surrounding regions show the Orion Nebula to be one of the most active areas of star formation to be found in our area of the Galaxy. 

In Orion, supernova explosions and close interactions between stars have created rogue planets and stars that rapidly move through space. Some of these fast stars have been found by comparing different images of this region taken by the Hubble Space Telescope many years apart. 

Many of the stars in the featured image, taken in visible and near-infrared light, appear unusually red because they are seen through dust that scatters away much of their blue light.

sábado, 25 de março de 2017

The Aurora Tree | A árvore da aurora


Sim, mas sua árvore pode fazer isso? Nesta imagem há uma coincidência visual entre os galhos escuros de uma árvore próxima e o briho de uma distante aurora. A beleza da aurora — combinada com a forma como ela pareceu imitar uma árvore bem próxima — encantou tanto o fotógrafo que ele momentaneamente se esqueceu de tirar fotos. 

Quando  vista pelo ângulo certo, parecia que esta árvore tinha a aurora como folhas! Felizmente, antes que a aurora se transformasse em uma forma geral diferente, ele voltou a si e captou  coincidência momentânea  inspiradora de admiração

Tipicamente desencadeada por explosões solares, as auroras são causadas por elétrons de alta energia colidindo com a atmosfera terrestre a cerca de 150 quilômetros de altitude. A incomum colaboração Terra-céu foi testemunhada no começo deste mês, na Islândia.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Yes, but can your tree do this? Pictured is a visual coincidence between the dark branches of a nearby tree and bright glow of a distant aurora. The beauty of the aurora -- combined with how it seemed to mimic a tree right nearby — mesmerized the photographer to such a degree that he momentarily forgot to take pictures. 

When viewed at the right angle, it seemed that this tree had aurora for leaves! Fortunately, before the aurora morphed into a different overall shape, he came to his senses and capture the awe-inspiring momentary coincidence. 

Typically triggered by solar explosions, aurora are caused by high energy electrons impacting the Earth's atmosphere around 150 kilometers up. The unusual Earth-sky collaboration was witnessed earlier this month in Iceland.

Ganymede's Shadow | A sombra de Ganimedes


Aproximando-se da oposição no começo do próximo mês, Júpiter está oferecendo algumas de suas melhores visões telescópicas a partir do planeta Terra. Em 17 de março, esta imagem impressionantemente nítida do grande gigante gasoso do sistema solar foi obtida de um observatório remoto no Chile. 

Circundados por ventos que envolvem o planeta, familiares cinturões escuros e zonas claras ocupam o planeta gigante, pontilhado com tempestades ovais giratórias. Maior lua do sistema solar, Ganimedes está acima e à esquerda na foto, com sua sombra visível em trânsito através dos topos das nuvens Jovianas ao norte. Ganimedes é vista em notáveis detalhes juntamente com brilhantes características dasuperfície em sua lua colega Galileana Io, à direita do disco de Jupiter.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Approaching opposition early next month, Jupiter is offering some of its best telescopic views from planet Earth. On March 17, this impressively sharp image of the solar system's ruling gas giant was taken from a remote observatory in Chile. 

Bounded by planet girdling winds, familiar dark belts and light zones span the giant planet spotted with rotating oval storms. The solar system's largest moon Ganymede is above and left in the frame, its shadow seen in transit across the northern Jovian cloud tops. Ganymede itself is seen in remarkable detail along with bright surface features on fellow Galilean moon Io, right of Jupiter's looming disk.

sexta-feira, 24 de março de 2017

The Comet, the Owl, and the Galaxy | O Cometa, a Coruja e a Galáxia


O Cometa 41P/Tuttle-Giacobini-Kresak posa para um momento Messier nesta foto telescópica de 21 de março. Na verdade, ele compartilha o campo de visão de um grau de diâmetro com dois conhecidos objetos registrados no famoso catálogo  do astrônomo caçador de cometas do século 18. 

Voando através do céu de primavera no hemisfério norte, logo abaixo da Grande Concha, o esmaecido cometa esverdeado estava distante apenas 75 segundos-luz do nosso agradável planeta. A poeirenta galáxia espiral vista de lado Messier 108 (embaixo, ao centro) está distante mais de 45 milhões de anos-luz. 

No canto superior direito, a nebulosa planetária com uma velha mas intensamente quente estrela central Messier 97, com aparência de coruja, no entanto, está distante apenas cerca de 12 mil anos-luz, ainda bem dentro da Via Láctea. 

Batizado com o nome de seu descobridor e redescobridores, este esmaecido cometa periódico foi avistado pela primeira vez em 1858, e depois novamente apenas em 1907 e 1951. Cálculos de combinação de órbitas  indicaram que o mesmo cometa havia sido observado em intervalos de tempo amplamente separados. 

Aproximando-se de sua melhor aparição e maior aproximação da Terra em mais de 100 anos em 1º de abril, o cometa 41P orbita o Sol com um período de uns 5,4 anos.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Comet 41P/Tuttle-Giacobini-Kresak poses for a Messier moment in this telescopic snapshot from March 21. In fact it shares the 1 degree wide field-of-view with two well-known entries in the 18th century comet-hunting astronomer's famous catalog. 

Sweeping through northern springtime skies just below the Big Dipper, the faint greenish comet was about 75 light-seconds from our fair planet. Dusty, edge-on spiral galaxy Messier 108 (bottom center) is more like 45 million light-years away. 

At upper right, the planetary nebula with an aging but intensely hot central star, the owlish Messier 97 is only about 12 thousand light-years distant though, still well within our own Milky Way galaxy. 

Named for its discoverer and re-discoverers, this faint periodic comet was first sighted in 1858 and not again until 1907 and 1951. Matching orbit calculations indicated that the same comet had been observed at widely separated times. 

Nearing its best apparition and closest approach to Earth in over 100 years on April 1, comet 41P orbits the Sun with a period of about 5.4 years.

quarta-feira, 22 de março de 2017

At the Heart of Orion | No coração de Orion


Próximo ao centro desta nítida foto cósmica, no coração da Nebulosa de Orion, Há quatro estrelas de grande massa conhecidas como o Trapézio. Estritamente reunidas em uma região com um raio de 1,5 ano-luz, elas dominam o núcleo do denso Aglomerado Estelar de Orion. Radiação ionizante  ultravioleta das estrelas do Trapézio, a maior da estrelas mais brilhantes,  Theta-1 Orionis C, energiza todo o visível brilho da complexa região de formação estelar. 

Com cerca de três milhões de anos de existência o Aglomerado da Nebulosa de Orion era ainda mais compacto em seu passado mais remoto, e um estudo dinâmico indica que colisões estelares em fuga em uma idade mais remota podem ter formado um buraco negro com mais de 100 vezes a massa do Sol. 

A presença de um buraco negro no interior do aglomerado poderia explicar as altas velocidades observadas das estrelas do Trapézio. A distância da Nebulosa de Orion, de cerca de 1.500 anos-luz, poderia torná-lo o  buraco negro mais próximo do planeta Terra até hoje conhecido.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Near the center of this sharp cosmic portrait, at the heart of the Orion Nebula, are four hot, massive stars known as the Trapezium. Tightly gathered within a region about 1.5 light-years in radius, they dominate the core of the dense Orion Nebula Star Cluster. Ultraviolet ionizing radiation from the Trapezium stars, mostly from the brightest star Theta-1 Orionis C powers the complex star forming region's entire visible glow. 

About three million years old, the Orion Nebula Cluster was even more compact in its younger years and a dynamical study indicates that runaway stellar collisions at an earlier age may have formed a black hole with more than 100 times the mass of the Sun. The presence of a black hole within the cluster could explain the observed high velocities of the Trapezium stars. The Orion Nebula's distance of some 1,500 light-years would make it the closest known black hole to planet Earth.

terça-feira, 21 de março de 2017

Mimas in Saturnlight | Mimas sob a luz de Saturno


Espiando das sombras, o hemisfério de Mimas voltado para Saturno está quase na escuridão juntamente com um impressionante crescente iluminado pelo Sol. O mosaico foi captado próximo à aproximação final da espaçonave Cassini, em 30 de janeiro de 2017. 

A câmera da Cassini estava apontada quase em direção ao Sol, a 45.000 quilômetros de Mimas. O resultado é uma das vistas de mais alta resolução da lua gelada e cheia de crateras, com 400 quilômetros de diâmetro. 

Entre outras imagens de Mimas obtidas pela Cassini  há a grande e ominosa cratera Mimas desta pequena lua.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Peering from the shadows, the Saturn-facing hemisphere of Mimas lies in near darkness alongside a dramatic sunlit crescent. The mosaic was captured near the Cassini spacecraft's final close approach on January 30, 2017. 

Cassini's camera was pointed in a nearly sunward direction only 45,000 kilometers from Mimas. The result is one of the highest resolution views of the icy, crater-pocked, 400 kilometer diameter moon. 

An enhanced version better reveals the Saturn-facing hemisphere of the synchronously rotating moon lit by sunlight reflected from Saturn itself. To see it, slide your cursor over the image (or follow this link). Other Cassini images of Mimas include the small moon's large and ominous Herschel Crater.

segunda-feira, 20 de março de 2017

JWST: Ghosts and Mirrors | WJST: Fantasmas e espelhos


Não há, na verdade, nenhum fantsama pairando sobre o Telescópio Espacial James Webb (WJST). Mas as luzes estão apagadas com ele mantido erguido, com segmentos de espelhos cobertos com película de ouro  e estruturas de apoio dobradas na sala de limpeza das Instalações de Desenvolvimento de Sistemas e Integração do Centro Goddard de Voos Espaciais . 

Após testes de vibração e acústicos brilhantes clarões e luzes ultravioleta são acionados sobre o telescópio estacionário à procura de contaminação, mais fácil de identificar em uma sala escurecida. 

Na penumbra, a longa exposição da câmera cria aparições fantasmagóricas, borrando as luzes e os engenheiros em movimento. Sucessor científico do Hubble, o James Webb é aprimorado para exploração em infravermelho do Universo primordial. Seu lançamento está programado para 2018, da Guiana Francesa, a bordo de um foguete Ariane 5 da Agência Espacial  Europeia.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Ghosts aren't actually hovering over the James Webb Space Telescope. But the lights are out as it stands with gold tinted mirror segments and support structures folded in Goddard Space Flight Center's Spacecraft Systems Development and Integration Facility clean room. 

Following vibration and acoustic testing, bright flashlights and ultraviolet lights are played over the stationary telescope looking for contamination, easier to spot in a darkened room. 

In the dimness the camera's long exposure creates the ghostly apparitions, blurring the moving lights and engineers. A scientific successor to Hubble, the James Webb Space Telescope is optimized for the infrared exploration of the early Universe. Its planned launch is in 2018 from French Guiana on a European Space Agency Ariane 5 rocket.

domingo, 19 de março de 2017

NGC 2170: Still Life with Reflecting Dust | NGC 2170: Vida estática com poeira refletora


Nesta bela cena de vida celestial imóvel composta com um pincel cósmico, a nebulosa de poeira NGC 2170 brilha no canto superior esquerdo. Refletindo a luz de estrelas quentes próximas, NGC 2170 é acompanhada de outras nebulosas de reflexão azuladas , uma região compacta de emissões vermelhas e filas de poeira obscurecedoras contra um pano de fundo de estrelas. 

Assim como os itens domésticos que os pintores de cenas de vida estáticas frequentemente escolhem para seus temas, as nuvens de gás, poeira e estrelas quentes fotografadas aqui também são comumente encontradas neste arranjo - uma grande estrela, uma nuvem molecular de formação de estrelas na constelação do Unicórnio (Monoceros). 

A gigantesca nuvem molecular, Mon R2, está impressionantemente próxima, distante cerca de apenas uns 2.400 anos-luz. Àquela distância, esta tela poderia ter cerca de 15 anos-luz de diâmetro.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

In this beautiful celestial still life composed with a cosmic brush, dusty nebula NGC 2170 shines at the upper left. Reflecting the light of nearby hot stars, NGC 2170 is joined by other bluish reflection nebulae, a compact red emission region, and streamers of obscuring dust against a backdrop of stars. 

Like the common household items still life painters often choose for their subjects, the clouds of gas, dust, and hot stars pictured here are also commonly found in this setting - a massive, star-forming molecular cloud in the constellation of the Unicorn (Monoceros). 

The giant molecular cloud, Mon R2, is impressively close, estimated to be only 2,400 light-years or so away. At that distance, this canvas would be about 15 light-years across.

Video: Equinox on a Spinning Earth | Equinócio na Terra girando



Quando é que a linha entre o dia e a noite se torna vertical? Amanhã. Amanhã será um equinócio no planeta Terra, um momento no ano quando o dia e a noite são aproximadamente iguais. No equinócio, o terminador da Terra — a linha divisória entre o dia e a noite — se torna vertical e conecta os polos norte e sul. 

Este vídeo de lapso temporal demonstra isso exibindo uma ano inteiro no planeta Terra em 12 segundos. Em uma órbita geossíncrona, o satélite Meteosat registrou essas imagens da Terra em infravermelho todos os dias, à mesma hora local. O video começou no equinócio de setembro de 2010 com a linha do terminator na vertical. 

À medida que a Terra girava ao redor do Sol, via-se o terminador inclinar-se de forma a fornecer menos luz solar diariamente ao hemisfério norte, causando o inverno no norte. À medida que o ano avançava, o equinócio de março de 2011 chegava na metade do vídeo, seguindo do terminador inclinando-se na outra direção, causando o inverno no hemisfério sul — e o verão no norte. 

O ano aqui registrado termina novamente com o equinócio de setembro, concluindo mais uma entre os bilhões de viagens feitas pela Terra — e ainda a serem feitas— ao redor do Sol.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

When does the line between day and night become vertical? Tomorrow. Tomorrow is an equinox on planet Earth, a time of year when day and night are most nearly equal. At an equinox, the Earth's terminator — the dividing line between day and night — becomes vertical and connects the north and south poles. 

The featured time-lapse video demonstrates this by displaying an entire year on planet Earth in twelve seconds. From geosynchronous orbit, the Meteosat satellite recorded these infrared images of the Earth every day at the same local time. The video started at the September 2010 equinox with the terminator line being vertical. 

As the Earth revolved around the Sun, the terminator was seen to tilt in a way that provides less daily sunlight to the northern hemisphere, causing winter in the north. As the year progressed, the March 2011 equinox arrived halfway through the video, followed by the terminator tilting the other way, causing winter in the southern hemisphere — and summer in the north. 

The captured year ends again with the September equinox, concluding another of billions of trips the Earth has taken — and will take — around the Sun.

sábado, 18 de março de 2017

Phases of Venus | Fases de Vênus


Da mesma forma que a Lua tem fases, o hemisfério de Vênus iluminado pela luz solar cresce e míngua. Esta composição de imagens telescópicas ilustra as constantes alterações do planeta situado mais internamente em relação à posição da Terra, visível no oeste como a estrela do crepúsculo, ou da tarde, quando Vênus cresce até minguar em um delgado formato de crescente, de 20 de dezembro de 2016 até 10 de março. 

Planando por sua órbita interior entre a Terra e o Sol, Vênus cresce mais durante aquele período porque está se aproximando do planeta Terra. Seu crescente se estreita, no entanto, quando Vênus fica mais próximo de nossa linha de visão em relação ao Sol. 

Mais próximo da linha Terra-Sol, mas passando cerca de 8 graus ao norte do Sol em 25 de março, Vênus atingirá uma (sem julgamento de valor) conjunção inferior. Logo em seguida, Vênus brilhará claramente sobre o horizonte leste no céu antes do alvorecer no planeta Terra como a estrela d'alva.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Just as the Moon goes through phases, Venus' visible sunlit hemisphere waxes and wanes. This composite of telescopic images illustrates the steady changes for the inner planet, seen in the west as the evening star, as Venus grows larger but narrows to a thin crescent from December 20, 2016 through March 10. 

Gliding along its interior orbit between Earth and Sun, Venus grows larger during that period because it is approaching planet Earth. Its crescent narrows, though, as Venus swings closer to our line-of-sight to the Sun. 

Closest to the Earth-Sun line but passing about 8 degrees north of the Sun on March 25, Venus will reach a (non-judgmental) inferior conjunction. Soon after, Venus will shine clearly above the eastern horizon in predawn skies as planet Earth's morning star.

sexta-feira, 17 de março de 2017

The Cone Nebula from Hubble | A nebulosa do Cone vista através do Hubble


Estrelas estão formando o gigantesco pilar de poeira chamado Nebulosa do Cone. Cones, pilares e majestosas formas fluentes abundam em criadouros estelares onde nuvens natais de gás e poeira são açoitadas por ventos energéticos de estrelas recém-formadas. 

A Nebulosa do Cone, um exemplo bem conhecido, situa-se no interior da brilhante região galáctica de formação estelar NGC 2264. O Cone foi registrado em detalhes sem precedentes nesta composição em close-up de inúmeras observações do telescópio orbital terrestre Hubble. 

Enquanto a Nebulosa do Cone, distante cerca de 2.500 anos-luz em Monoceros, tem cerca de 7 anos-luz de comprimento, a região aqui mostrada, que circunda a cabeça embotada do cone, tem somente 2,5 anos-luz de diâmetro. 

Em nosso pescoço da galáxia aquela distância equivale a apenas pouco mais da metade do caminho entre o Sol e seus mais próximos vizinhos estelares no sistema estelar de Alfa Centauro. 

A grande estrela NGC 2264 IRS, vista através da câmera infravermelha do Hubble em 1997, é, provavelmente, a fonte do vento que esculpe a Nebulosa do Cone e situa-se fora do topo da imagem. O véu avermelhado da Nebulosa do Cone é produzido por gás hidrogênio incandescente.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Stars are forming in the gigantic dust pillar called the Cone Nebula. Cones, pillars, and majestic flowing shapes abound in stellar nurseries where natal clouds of gas and dust are buffeted by energetic winds from newborn stars. 

The Cone Nebula, a well-known example, lies within the bright galactic star-forming region NGC 2264. The Cone was captured in unprecedented detail in this close-up composite of several observations from the Earth-orbiting Hubble Space Telescope. 

While the Cone Nebula, about 2,500 light-years away in Monoceros, is around 7 light-years long, the region pictured here surrounding the cone's blunted head is a mere 2.5 light-years across. 

In our neck of the galaxy that distance is just over half way from our Sun to its nearest stellar neighbors in the Alpha Centauri star system. 

The massive star NGC 2264 IRS, seen by Hubble's infrared camera in 1997, is the likely source of the wind sculpting the Cone Nebula and lies off the top of the image. The Cone Nebula's reddish veil is produced by glowing hydrogen gas.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Amor ao fracasso


Arnaldo Jabor

Assim como o ‘atraso’ sempre foi uma escolha consciente, o ‘abismo’ é um desejo secreto


Há um grande amor brasileiro pelo fracasso. Quando ele acontece, é um alívio. O fracasso é bom porque nos tira a ansiedade da luta. Se já perdemos, para que lutar? 
Sempre que há uma crise ou uma catástrofe nacional, irrompe uma euforia de cabeça para baixo. É como se a opinião pública dissesse: “Eu não avisei? Não adianta tentar que sempre dá tudo errado”...
Nada como um desastre ou escândalo para acalmar a plateia. Danem-se as questões importantes, dane-se a crise econômica, dane-se tudo. Bom é fofoca e denúncia. Nada acontece, dando a impressão de que muito está acontecendo. 
Temos a velha crença colonial de que nossa vida é um conto do vigário em que caímos. Somos sempre vítimas de alguém. Nunca somos nós mesmos. Ninguém se sente vigarista. 
O fracasso nos enobrece. O culto português das impossibilidades é famoso. Numa sociedade patrimonialista como Portugal do século 16, onde só o Estado-rei valia, a sociedade era uma massa sem vida própria. Suas derrotas eram vistas com bons olhos, pois legitimavam a dependência ao rei. Fomos educados para o fracasso. 
Quem tem coragem de ir à TV e dizer: “O Brasil está melhorando!”, mesmo que esteja? Ninguém diz. É feio.
Falar mal do País é uma forma de se limpar. Sentimo-nos fora do poder, logo é normal sabotar. 
O fracasso é uma vitória para muitos. “Não fui eu que fracassei; foi o governo, o neoliberalismo, sei lá.” 
Nossos heróis todos fracassaram. Enforcados, esquartejados, revoltas abortadas, revoluções perdidas lhes dão uma aura de martírio e santidade. Peguem um herói norte-americano: Paul Revere, por exemplo. Cavalgou 24 horas e conseguiu salvar tropas americanas na Guerra da Independência. Foi o herói da eficiência. Aqui, só os fracassados verão Deus. 
“Seja marginal, seja herói.” O fracasso é legal, a vitória é careta. A vitória dá culpa; o fracasso é um alívio. 
A crise, a catástrofe têm um sabor de “revolução”. É como se a explosão “revelasse” algo, uma tempestade de merda purificadora – depois de tudo arrasado, a pureza renasceria do zero. 
Agora, com a denúncia da Odebrecht, a denúncia do fim do mundo, não há mais o que analisar, o que prever, o que vai acontecer... Temos de nos calar diante do inenarrável. Estamos sem palavras diante da mais louca crise institucional que já vimos. Os escândalos “parecem” acontecimentos. 
A Lava Jato foi nosso grande ‘acontecimento’. Mas, agora, que a luta contra a corrupção já aconteceu, é preciso que as descobertas, as condenações levem a algum outro lugar além da moralidade pública, além da sensação de purificação da política. Espalhou-se a teoria de que o problema do Brasil é moral. Assim, muitos lutam pela moral, mas são contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. A Lava Jato tem de ser o começo da mudança de uma estrutura burocrática feita para dar errado sempre. 
Não nos esqueçamos que o Atraso é um desejo, não um acidente de percurso. 
Assim como o ‘atraso’ sempre foi uma escolha consciente no passado, o ‘abismo’, o brejo para nós são um desejo secreto. Há a esperança inconsciente de que do fundo do caos surja uma solução divina. Antigamente, achávamos que os fatos nos levariam a um futuro harmônico, que a vida era uma linha reta, que ia desde os macacos até o paraíso cristão ou, recentemente, ao fim da história.
Não são as décadas que nos transformam; são os fatos. Eles cavam buracos no tempo e criam caminhos que não podemos prever. Há épocas lentas, há épocas sangrentas, épocas eufóricas e ingênuas, há épocas que parecem ataques epiléticos da história.
Nossos intelectuais se deliciam numa teoria barroca da “zona” geral. O Brasil é visto como um grande bode sem solução, para a felicidade dos velhos militantes imaginários. Quem quiser positividade é traidor. Recebe um rótulo de neoliberal ou reacionário na hora. Não ocorre aos velhos comunas que pessoas possam evoluir politicamente, buscando soluções pragmáticas, mais possíveis. Não; é um dogma. A miséria tem de ser mantida in vitro, para justificar teorias e absolver incompetência. A Academia cultiva o insolúvel como uma flor. “Qual a solução para o Brasil?”, perguntam. Mas a própria ideia de ‘solução’ é um culto ao fracasso. Não lhes ocorre que a vida seja um processo, vicioso ou virtuoso, e que só a morte de uma pessoa ou de um país é a solução.
Há um negativismo crônico no pensamento brasileiro. Paulo Prado contra Gilberto Freyre. Para eles, a esperança é ingênua; a desconfiança é sábia: “Aí tem dente de coelho, alguma ele fez...”. 
Jamais perdoaram o FHC por ter abandonado a utopia tradicional e aderido à ‘realpolitik’ da social-democracia. 
Foi queimado como traidor pela gangue de canalhas e ignorantes. Foi um dos maiores erros da chamada ‘esquerda’, talvez a maior perda de oportunidade da história. Foi aí que o PT iniciou sua rota para o nada. 
Agora, temos o ridículo fenômeno do ‘Fora Temer’, o mantra dos imbecis, que não conseguem entender que nosso problema é econômico – se o Temer pusesse o demônio no Congresso, valeria a pena. Se as reformas da Previdência e trabalhista e fiscal não forem feitas, bye bye Brazil...
Repito o assessor do Clinton, James Carville: “Trata-se da Economia, estúpidos!”.
As velhas categorias para explicar o Brasil morreram. Já há uma pós-corrupção, uma pós-direita (disfarçada de “esquerda”). Mas a burrice é uma força da natureza
Vejam como o Brasil se animou com a crise atual. Manifestações populares, panelas batendo, bandeiras brasileiras. Tudo bem, mas o que fazer estruturalmente? Além das reformas óbvias, ninguém sabe nada.
Aliás, acho que estávamos precisando mesmo de um beco sem saída. Ele está chegando. 
Ninguém sabe o que vai acontecer. Se o governo Temer não conseguir reformar o Estado, será o primeiro grande trauma que os privilegiados sentirão. Os miseráveis já estão acostumados. 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Star Discovered in Closest Known Orbit Around Likely Black Hole | Uma estrela descoberta na óbrita mais próxima conhecida ao redor de um provável buraco negro


Astrônomos encontraram provas da existência de uma estrela que gira ao redor de um buraco negro ao ritmo de duas vezes por hora. Esta pode ser a mais  íntima dança orbital já observada entre um provável buraco negro e uma estrela companheira.

Esta descoberta foi feita com o uso do Observatório Chandra de Raios X, o NuSTAR da NASA e o Conjunto Compacto Telescópico do CSIRO na Austrália (ATCA). 



Uma dupla estelar bem próxima – denominada uma binária – está localizada no aglomerado globular 47 Tucanae, um denso aglomerado de estrelas em nossa galáxia, distante uns 14.800 anos-luz da Terra. 



Enquanto astrônomos vêm observando esta binária há muitos anos, somente em 2015 observações de rádio com o ATCA revelaram que o par provavelmente  contém um buraco negro atraindo material de uma estrela companheira chamada anã branca, uma estrela de baixa massa que teve  a maior parte de  seu combustível nuclear exaurida.

Novos dados do Chandra deste sistema, chamado X9, mostram que  sua intensidade de brilho em raios X varia da mesma maneira a cada 28 minutos, o que é, provavelmente, o espaço de tempo que sua estrela companheira leva para completar uma órbita ao redor do buraco negro. Dados do Chandra também mostram provas da presença de grandes quantidades de oxigênio no sistema, uma particularidade característica das anãs brancas. Uma forte hipótese pode, portanto, ser aventada  de que a estrela companheira é uma anã branca, a qual estaria então orbitando o buraco negro a apenas cerca de 2,5 vezes a distância de separação entre a Terra e a Lua.

“Esta anã branca está tão próxima do buraco negro que o material está sendo atraído para longe da estrela e despejado em um disco de matéria ao redor do buraco negro, antes de cair lá dentro,” disse o primeiro autor Arash Bahramian, da Universidade de Alberta, em Edmonton, Canadá, e da Michigan State University, em East Lansing. “felizmente para essa estrela, nós não achamos que ela irá seguir esse caminho rumo ao esquecimento, mas, ao contrário, irá permanecer em órbita.”



Embora a anã branca não pareça estar sob risco de cair ou ser destroçada pelo buraco negro, seu destino é incerto. 



“Ao fim, tanta matéria poderá ter sido extraída da anã branca que ela acabará tendo apenas a massa de um planeta,” disse o coautor Craig Heinke, também da Universidade de Alberta. “Se continuar perdendo massa, a anã branca poderá se evaporar completamente.”



E como foi que o buraco negro conseguiu essa companheira tão próxima? Uma possibilidade é a de que o buraco negro tenha se esmagado, formando uma estrela gigante vermelha, e o gás das regiões externas da estrela tenha sido ejetado da binária. O núcleo remanescente da estrela gigante vermelha se transformaria em uma anã branca, a qual se tornaria uma companheira binária do buraco negro. A órbita da binária então se encolheria quando ondas gravitacioanais fossem emitidas, até que o buraco negro começasse a atrair material  da anã branca.

As ondas gravitacionais atualmente sendocproduzidas pela binária têm uma frequência que é muito baixa para serem detectadas com o Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, LIGO, que recentemente detectou ondas gravitacionais de buracos negros em fusão.Fontes como X9 poderiam potencialmente ser detectadas com futuros observatórios de ondas gravitacionais no espaço.

Uma explicação alternativa para as observações é a de que a anã branca teria como parceira uma estrela de nêutrons, em vez de um buraco negro. Neste cenário, a estrela de nêutrons gira mais rápido à medida que atrai material de uma estrela companheira via um disco, um processo que pode levar a estrela de nêutrons a girar sobre seu eixo ao ritmo de milhares de vezes por segundo. Alguns desses objetos, chamados pulsares transicionais de milissegundos, foram observados próximo ao fim dessa fase de aumento de giro. Os autores não favorecem essa possibilidade, já que pulsares transicionais de millisegundos têm propriedades não observadas em X9, como a extrema variabilidade em comprimentos de onda de raios X e rádio. Entretanto, eles não podem refutar essa explicação.


“Nós vamos observar de perto essa binária no futuro, já que pouco sabemos sobre como um sistema extremo assim deveria se comportar”, disse o coautor Vlad Tudorda Universidade Curtin e do Centro Internacional de Pesquisas de Radioastronomia em Perth, Austrália. “Nós também continuaremos a estudar aglomerados globulares em nossa galáxia para ver se é possível encontrar mais provas  de  binárias muito próximas de buracos negros.”



Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Astronomers have found evidence for a star that whips around a black hole about twice an hour. This may be the tightest orbital dance ever witnessed for a likely black hole and a companion star.

This discovery was made using NASA’s Chandra X-ray Observatory as well as NASA’s NuSTAR and CSIRO’s Australia Telescope Compact Array (ATCA). 



The close-in stellar couple – known as a binary – is located in the globular cluster 47 Tucanae, a dense cluster of stars in our galaxy about 14,800 light years from Earth. 



While astronomers have observed this binary for many years, it wasn’t until 2015 that radio observations with the ATCA revealed the pair likely contains a black hole pulling material from a companion star called a white dwarf, a low-mass star that has exhausted most or all of its nuclear fuel.

New Chandra data of this system, known as X9, show that it changes in X-ray brightness in the same manner every 28 minutes, which is likely the length of time it takes the companion star to make one complete orbit around the black hole. Chandra data also shows evidence for large amounts of oxygen in the system, a characteristic feature of white dwarfs. A strong case can, therefore, be made that the companion star is a white dwarf, which would then be orbiting the black hole at only about 2.5 times the separation between the Earth and the Moon.

“This white dwarf is so close to the black hole that material is being pulled away from the star and dumped onto a disk of matter around the black hole before falling in,” said first author Arash Bahramian of the University of Alberta in Edmonton, Canada, and Michigan State University in East Lansing. “Luckily for this star, we don’t think it will follow this path into oblivion, but instead will stay in orbit.”



Although the white dwarf does not appear to be in danger of falling in or being torn apart by the black hole, its fate is uncertain. 



“Eventually so much matter may be pulled away from the white dwarf that it ends up only having the mass of a planet,” said co-author Craig Heinke, also of the University of Alberta. “If it keeps losing mass, the white dwarf may completely evaporate.”



How did the black hole get such a close companion? One possibility is that the black hole smashed into a red giant star, and then gas from the outer regions of the star was ejected from the binary. The remaining core of the red giant would form into a white dwarf, which becomes a binary companion to the black hole. The orbit of the binary would then have shrunk as gravitational waves were emitted, until the black hole started pulling material from the white dwarf.

The gravitational waves currently being produced by the binary have a frequency that is too low to be detected with Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, LIGO, that has recently detected gravitational waves from merging black holes. Sources like X9 could potentially be detected with future gravitational wave observatories in space.

An alternative explanation for the observations is that the white dwarf is partnered with a neutron star, rather than a black hole. In this scenario, the neutron star spins faster as it pulls material from a companion star via a disk, a process that can lead to the neutron star spinning around its axis thousands of times every second. A few such objects, called transitional millisecond pulsars, have been observed near the end of this spinning up phase. The authors do not favor this possibility as transitional millisecond pulsars have properties not seen in X9, such as extreme variability at X-ray and radio wavelengths. However, they cannot disprove this explanation.


“We’re going to watch this binary closely in the future, since we know little about how such an extreme system should behave”, said co-author Vlad Tudor of Curtin University and the International Centre for Radio Astronomy Research in Perth, Australia. “We’re also going to keep studying globular clusters in our galaxy to see if more evidence for very tight black hole binaries can be found.”



Saturn's Moon Pan from Cassini | A lua Pã de Saturno vista pela Cassini


Por que a Lua Pã de Saturno tem essa aparência tão estranha? Imagens obtidas na semana passada pela espaçonave-sonda robótica Cassini que orbita Saturno mostraram a lua em detalhes sem precedentes. As surpreendentes imagens revelam uma lua parecida com algo como uma noz com uma laje através de sua metade. Outras caracteristicas visíveis de Pã são o terreno rolante, longas cordilheiras e algumas crateras. 

Estendendo-se por 30 quilômetros de diâmetro, Pã orbita no interior da Fenda Encke, de 300 km de largura, do grande Anel A, uma fenda conhecida desde o final dos anos 1800. 

No próximo mês, a Cassini será direcionada para passar próximo à grande lua Titã de Saturno, de forma que possa ser atraída para uma série final de órbitas que a levarão, na ocasião, completamente para o interior dos aneis de Saturno e a prepararão para mergulhar na sua atmosfera.

Tradução de Luiz Leitão da Cunha

Why does Saturn's moon Pan look so odd? Images taken last week from the robotic Cassini spacecraft orbiting Saturn have resolved the moon in unprecedented detail. The surprising images reveal a moon that looks something like a walnut with a slab through its middle. Other visible features on Pan include rolling terrain, long ridges, and a few craters. 

Spanning 30-kilometer across, Pan orbits inside the 300-kilometer wide Encke Gap of Saturn's expansive A-ring, a gap known since the late 1800s. 

Next month, Cassini will be directed to pass near Saturn's massive moon Titan so it can be pulled into a final series of orbits that will take it, on occasion, completely inside Saturn's rings and prepare it to dive into Saturn's atmosphere.