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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Trabalho infantil, e insalubre

Plantação de tabaco no Malaui (África). Muitas das estimadas 80.000 crianças do país que trabalham em plantações de fumo sofrem de envenenamento por nicotina.

No pico da safra de tabaco, os exuberantes campos do Malaui, estão cheios de crianças colhendo as grandes folhas amarelo-esverdeadas. Algumas nem podem contar a idade nos dedos de uma mão.

Uma delas tem cinco anos, e trabalha diariamente, com seus pais, em Kasungu, região rural, um dos maiors distritos plantadores de tabaco. Perguntado se irá a escola ano que vem, ele dá com os ombros.

Uma coisa está clara para ele: o trabalho vem em primeiro lugar, os estudos em segundo. Sua irmã, de 12 anos, está ainda no terceiro ano. Ela frequenta a escola sem regularidade, por causa da obrigação de trabalhar, ou por estar doente. "Eu tusso", diz. "Tenho dores no peito e de cabeça. Às vezes, parece que não consigo respirar."

Queixas assim são comuns. Muitas dessas cerca de 80.000 crianças sofrem de um mal chamado doença do tabaco verde, ou envenenamento por nicotina. Os simtomas incluem dore de cabeça severa, espasmos abdominais, fraqueza muscular, dificuldade de respirar, diarreia e vômitos, hipertensão e arritmias cardíacas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Como o manuseio das folhas é feito amplamente sem o uso de luvas de proteção, os trabalhadores absorvem até 54 milligramas de nicotina dissolvida através da pele, diariamente, equivalente ao consumo de 50 cigarros, conforme uma pesquisa de 2005 feita pelo professor Robert McKnight, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade do Kentucky, Lexington, Estados Unidos. Os donos das plantações rotineiramente alegam desconhecimento das implicações na saúde.

O Malaui, que tem uma das maiores quantidades de crianças trabalhadoras da África, um dos principais transgressores. Questões de saúde à parte, as crianças são também exploradas financeiramente. Crianças chegam a trabalhar 12 horas por dias, sem salário, o que é escravidão.Outras, mais "afortunadas", ganham, em média, US$0,25 por dias. "Há inúmeros relatos de crianças iludidas com promessas de trabalho e boa remuneração. Mas, ao final da estação, tudo o que recebem é um suéter velho," diz Grace Masanya, gerente do projeto Malaui da Plan, a ONG internacional dos direitos das crianças.


No cerne do problema está a má situação financeira do país. Pais põem os filhos a trabalhar para dar de comer às famílias.


E mais de 90% do tabaco Malaui é comprado por duas empresas americanas, Universal Corporation e Alliance One International, que o revendem à companhias internacionais de tabaco. Seus principais clientes são dois dos maiores fabricantes de cigarros, a Philip Morris (Marlboro) e a  British American Tobacco (Lucky Strike). Consequentemente, o tabaco do Malaui é encontrado na mistura de quase todos os cigarros fumados no ocidente.




A plantação de tabaco é uma extraordinária fonte de lucros para a indústria. Relatórios financeiros de 2008 das cinco grandes fabricantes - BAT, Philip Morris, China National Tobacco Company, Imperial Tobacco e Japan Tobacco - mostram que elas ganharam, juntas, US$300 bilhões. Isso é mais do que o PIB de todos os países do mundo, excetuados 40 deles.



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