This almost yet week-long riots in Britain are certainly not the result of a shrinking economy; otherwise they should be spreading through other countries, those in a worse situation than England’s.
But let’s take a look back, not at 1981, UK, but at Paris, 2005, or sooner,2010. The economy was not in crisis in 2005, and not in so bad a situation in 2010 as it is now, and not withstanding, riots took place. Thousands of cars were set ablaze, after two youngsters died electrified as they tried to escape a police search.
That was only the spark which ignited the powder barrel of resentment grown during years, a wave of violence with spread across the country, exactly as it happens today in The UK. The same kind of people, mostly immigrants, poor, unheard, exposed to 40% unemployment rates.
London Metro Police is not exactly an example of virtue, and the execution of Brazilian Jean Charles, 2005, was a fact, inexcusable.The cops who shot him dead with eight rounds or so were not sentenced. If the state breaks the law - Thou shall not kill - by the hands of its agents and legitimates such actions, what else could be expected?
Brazil is famous for its urban violence, although there’s another subtle, by far more devastating kind of violence, which is exactly the one practised by the state; in our case, widespread corruption, deviating money to be used in health, schools, better salaries to policemen and many other good actions.We should have all the ingredients to repeat such riots in Britain and France, but, surprisingly, it does not happen.
Perhaps because we do have tough, effective anti-racism laws.
So, it is not the economy,but, yes, the unheard people saying "that’s enough". How about listening to them instead of silencing social networks - sheer, unabashed censorship -, how about trying to shrink the gap between healthy and poor people?
Harder laws were never the answer in Brazil, so, why would them be the solution in The UK?
Harder laws were never the answer in Brazil, so, why would them be the solution in The UK?
Things are never all that simple; reality seldom coincides with our sight.Of course I don’t agree with violence in any way, either by the Police or by rioters, and the answer to end it is listening, listening, with really lent ears.
Luiz Leitão
Journalist
São Paulo, Brazil
Estes tumultos de já quase uma semana na Grã Bretanha não são, certamente, resultado de uma economia em queda; fosse assim, elas se estariam espalhando por outros países, os que estão em pior situação que a da Inglaterra.
Olhemos para o passado, não para 1981, Reino Unido, mas para Paris, 2005, ou mais recentemente, 2010. A economia não estava em crise em 2005, e nem tão mal em 2010 quanto está hoje, e não obstante, os tumultos ocorreram. Milhares de automóveis foram incendiados, depois da morte de dois jovens, eletrocutados quando fugiam da polícia.
Aquilo foi somente a faísca que causou a explosão do barril de pólvora de ressentimento acumulado ao longo de anos, uma onda de violência que se espalhou pelo país, exatamente como ocorre hoje na Grã Bretanha. O mesmo tipo de gente, na maioria, pobres, sem voz, expostos às agruras e falta de perspectivas de taxas de desemprego por volta de 40%.
A Polícia Metropolitana de Londres não é exatamente um exemplo de virtude, e a execução do brasileiro Jean Charles, em 2005, foi um fato, imperdoável. Os tiras que o fuzilaram com cerca de oito tiros não foram incriminados. Se o Estado viola a lei – Não matarás – pelas mãos de seus agentes e legitima tais ações, o que mais se há de esperar?
O Brasil é conhecido por sua violência urbana, embora haja outra, mais sutil, "diplomática", digamos, mas muito mais devastadora que um crime de rua, exatamente aquela praticada pelo Estado; no nosso caso, a corrupção disseminada, desviando dinheiro público que poderia ser utilizado na saúde, educação, melhores salários para policiais civis e militares dos Estados - os federais ganham muitíssimo bem, comparados aos demais. Nós teríamos, portanto, todos os ingredientes para emular os tumultos da Inglaterra e França, mas, surpreendentemente, nada disso ocorre por aqui.
Talvez, em parte, por termos leis duras e eficazes antirracismo - que, paradoxalmente, não combinam com a política de "igualdade racial" promovida pelo governo Lula, que exclui dessa "igualdade" os pobres que não são negros. Ora, igualdade, também paradoxalmente, é reconhecer as diferenças e aceitá-las, sem tentar dividir a sociedade em grupos disso ou daquilo.
Então, não, não é a economia, mas, sim, o povo ignorado, dizendo “basta!”. Que tal ouvi-lo, em vez de cogitar o absurdo de silenciar as redes sociais – censura pura, desavergonhada –, que tal pensar e agir no sentido de reduzir o hiato de desigualdade entre ricos e pobres?
Gastar bem o dinheiro público, definindo prioridades e combater a corrupção é o meio legítimo para esse fim, seja no Brasil ou na Europa, onde o Reino Unido gasta 15 bilhões com as olimpíadas, uma fortuna, quer denominada em libras, dólares, euros ou reais.
Leis mais duras jamais foram a resposta adequada no Brasil, então, por que haveriam de sê-lo na Inglaterra?
As coisas nunca são tão simples assim; raramente a realidade coincide com nossa visão. Certamente não se há de aprovar a violência por parte de quem quer que seja, polícia ou manifestantes, e a resposta para pôr um fim nisso é ouvir, ouvir, mas não com ouvidos de mercador.
Luiz Leitão da Cunha é jornalista
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