José
Nêumanne
PSDB e DEM não
fizeram uma pergunta incômoda a Pagot, Nascimento e Rossi quando foram ao
Congresso depor. De que, então, poderia servir uma CPI para apurar deslizes que
teriam cometido?
A revista
Veja denunciou a existência de um ninho de corrupção no Ministério dos
Transportes, especialmente no Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT). Até então, a presidente Dilma Rousseff não tinha tomado
providência nenhuma quanto ao gravíssimo acontecimento, embora se possa presumir
que fosse mais informada sobre ele do que um veículo da “instituição” que os
lulistas apelidaram de Partido da Imprensa Golpista (Pig, porco em inglês).
Depois de muito mofarem da “opinião pública”, chamando-a de “opinião publicada”,
os petistas viram ser exonerados, até o fechamento deste texto, 27 aliados e
desmontado o feudo do Partido da República (PR), a começar pelo ministro,
presidente da legenda e senador amazonense Alfredo
Nascimento.
O diretor do
DNIT, Luiz Antônio Pagot, foi ao Senado e à Câmara depor sobre as acusações que
o derrubaram e não há notícia de que algum parlamentar lhe tenha feito uma
questão constrangedora que fosse. Saiu de lá como entrou: ostentando sua
incólume caradura. Antes do depoimento, tucanos e “democratas” contavam com a
disposição de o exonerado atirar a esmo contra seus ex-superiores hierárquicos,
por ter perdido a “boquinha”. Ledo engano! Como era de esperar, o humilhado
bajulou o quanto pôde os donos do poder, não se sabe em troca de quê. Talvez por
ter aprendido a verdade elementar de que mais vale um ostracismo confortável do
que o trágico desfecho de se desgraçar com os poderosos. O episódio exibiu o
despreparo da oposição para cumprir seu dever.
Figura mais
abjeta fizeram os oposicionistas quando assomou à tribuna do Senado o
ex-ministro escorraçado dos Transportes. Ninguém teve a lembrança de perguntar o
que fazia entre honrados varões republicanos um réprobo demitido por suspeita de
corrupção de um ministério. Nenhum tucano ou “democrata” questionou como pode
ser honesto o filho do orador que em cinco anos teve o patrimônio aumentado em
86.500%. A oposição se recolheu à cômoda omissão de
costume.
Só faltou o
demitido ser aplaudido. Nem isso, contudo, faltou ao ministro da Agricultura,
Wagner Rossi (PMDB-SP), acusado por Jucazinho, irmão do líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), de comandar um bando que saquearia a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). Nada ele teve de explicar e foi aclamado.
Diante dos exemplos citados, só nos resta fazer duas perguntas. Para que cargas
d’água PSDB e DEM querem instalar a CPI da corrupção nos Transportes? E o que
Dilma Rousseff e seus aliados fizeram de tão bom para merecerem de Deus uma
oposição tão incapaz e inócua?
Jornalista,
escritor e editorialista do Jornal da Tarde
(Publicado na
Pág 2A do Jornal da Tarde da sexta-feira 5 de agosto de
2011)
Nenhum comentário:
Postar um comentário