F A L H A N D R A S
um a um os objetos foram desaprendendo suas formas
compondo um esqueleto invisível em que novas sombras se traduzem
o vento intimida a idéia que fazemos do tempo
tudo dentro da casa se esgueira como se tateasse outro mapa de enredos
nada mais se reconhece como a composição do lugar
eu mesmo sou estrangeiro buscando entender esta nova cartografia
e fugir deste interior limítrofe procurando minhas fronteiras
minha falange no meio do dia das pessoas do trabalho
da família descobrir as falhas que me acertam
que me dirimem que me denegam que me refazem
as falhas que carrego e as que colho no equívoco do jogo
das cenas das quais faço parte e das outras que me apresentam
em palcos improvisados na fímbria das tragédias íntimas
as sobras do lar a memória desfolhada o baile de fantasmas
louças esvoaçantes que atuam como bailarinas loucas
o armário desabando em conflitos
o instinto desfiando antigas visões por cômodos que se multiplicam
trama de portas que sussurram ao ritmo convulsivo das luzes
parentes mortos solidão destroçada por mais solidão
meu corpo tropeçando na falta que sente de tudo
este corpo estrangeiro que não reconhece o vazio de sua nova morada
e desespera ao encontrar janelas fora de lugar com paisagens que nunca estiveram aqui
F A L H A N D R A S
poema | floriano martins y viviane de santana paulo
fotografías | floriano martins
traducción | gladys mendía
english version | luiz leitão
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