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terça-feira, 19 de abril de 2011

REITERAÇÃO DOMINICAL

REITERAÇÃO DOMINICAL



Busco uma fórmula quiçá inexistente de destilar minha tristeza dominical
Que, na verdade, é diária, mas assoma nesses dias de far niente como se nada de fato fizesse.
Não sou eu mesmo, nem ninguém mais, não há sombra a mirar, exemplo a seguir.
Náufragos d’alma não carecem de exemplos nem de consolo.
O arrependimento lhes basta.
Navio algum lhes cruzará a rota rota, sinuosa demais para ser tracejada.
É que insisto em pensar, mas um quisto n’alma me impede de encontrar o alívio buscado.
Desertos existenciais não comportam oásis; têm a aridez que merece quem os habita.
Domingos desérticos me afogam com sua areia sangrenta.
Heroi algum se atreveria a uma empreitada de tal porte, resgatar um náufrago existencial.
Analistas se arriscam, mas a resposta, o maldito ou bendito quisto é recôndito.
Quão profundo há que mergulhar nesse mar de areia para achar o grão, o grão do Graal?
Quem nos fez tão complexos, quem nos deixa assim, perplexos?
Irrespondíveis questões se repetem em meus domingos.
Pego a luneta que me sobrou e perscruto o horizonte, que para os náufragos é ainda mais desconcertante.
Tolo! A resposta existe, sim, mas terás de cavar mais areia do que pedra empurrou Sísifo para, talvez e finalmente, encontrar o grão Graal que cutuca teu ser ou não ser.
Luiz Leitão, em 17/4/11

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