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sábado, 16 de abril de 2011

Armadilhas do SPAM



Luiz Leitão


O nome SPAM, das antipáticas mensagens comerciais que recebemos às mancheias, cada dia com maior freqüência, informalmente, na etimologia popular americana significa Stupid, Pointless Annoying Message (Mensagem Estúpida, Inútil e Irritante), hoje mais usada comercial e politicamente.
As empresas que mandam essas mensagens publicitárias a gente que nunca que lhes solicitou o envio têm o desplante de dizer que respeitam a privacidade do infeliz destinatário, e que para se descadastrar “basta” responder ao e-mail com os dizeres “remover” no campo “assunto” ou - e aí mora o perigo que muitos não perceberam – clicar num link que acompanha a mensagem.
Ocorreu-me estes dias, após representar ao Ministério Público Paulista e apresentar queixa ao PROCON, que o tal link onde os incautos, entre os quais este escriba se incluía, pode ser de uma página falsa que irá inocular um vírus no computador ou telefone celular do internauta, ou tele internauta, neologismo recém- inventado para os que acessam a rede pelo celular.
Achando que o assunto iria cair no vazio, recebi, em 15 de abril, uma ligação de Fernando Ramos, analista de Ouvidoria do PROCON, que informou ter o órgão considerado da maior relevância a reclamação apresentada; inédita, por incrível que pareça.
O caso está nas mãos da ouvidora Ilma Araújo dos Santos e em avaliação pela Comissão de Assuntos Tecnológicos da Diretoria de Programas Especiais, tendo tida sua relevância reconhecida pelo órgão.
Segundo Ramos, havia um projeto de Lei contra a prática, de 2004, do Ex-deputado federal Nelson Proença (PPS-RS), que, pelo jeito, não vingou.
É possível provar, por analogia a outra antiga prática comercial abusiva, que o spam é invasivo e trabalhoso, entope as caixas postais e podem provocar a devolução de um e-mail relevante.
Há poucos anos, o PROCON-SP implantou uma lista onde os assinantes de linhas telefônicas que não desejassem receber incômodos telefonemas de telemarketing se inscreviam, e as empresas que os importunassem seriam multadas. A iniciativa prosperou, e a prática acabou, mas foi substituída por mais spams, cujos custos são menores, sobrecarregando ainda mais a rede. Além disso, para se livrar de um propagandista por telefone, bastava bater-lhe o telefone na cara, mas safar-se do spam dá muito mais trabalho.
A questão do spam é muito pior do que querem fazer parecer as observações revestidas candura, eufemismos defendendo a malfadada prática.
Ao pé de um spam recebido se lê: “Somos contra o spam na rede, nós respeitamos a sua privacidade. Seu e-mail faz parte do nosso sistema de relacionamento. Esperamos que você tenha apreciado esta mensagem. Contudo, não querendo receber mais mensagens nossas, responda este e-mail com o assunto REMOVER”
Então, o e-mail do destinatário faz parte do “sistema de relacionamento” deles, seja lá o que isso queira dizer... Quem porventura não tenha “apreciado” a mensagem não solicitada basta se dar o trabalho de enviar um e-mail com o assunto “remover”.
Outros sugerem que se clique “aqui”, e “seu e-mail será excluído em até dois dias úteis”. Tudo isso para a mera exclusão, que se faz com um singelo clicar num teclado?
O spammer, termo em inglês para os adeptos à prática prejudica a comunidade muito além do que talvez imaginem eles e suas vítimas, por várias razões.
Primeiro, as mensagens disparadas em massa geram tráfego na rede com custo para os hospedeiros, repassado aos sites, que acabam cobrando do cliente final; segundo, ao pedir a remoção, o cliente dobra o tráfego, enviando mais uma mensagem inútil.
O diretor de um provedor comenta que recebeu reclamações de uma cliente porque sua caixa postal estava repleta de spams, e que ele deveria ter meios de evitar isso. Mas a indignada ex-cliente ignorava que não há anti-spam infalível, e nem o Yahoo ou o Google conseguem filtrar uma parcela razoável dessas pragas virtuais.
Sistemas como o anti-spam do UOL, por exemplo, mais que duplicam o custo e o tráfego de dados quando enviam ao remetente um e-mail de confirmação com letras a ser copiadas e reenviadas para a liberação da mensagem originalmente enviada, inclusive das desejáveis.
Por conta disso, os provedores limitaram a quantidade de destinatários por mensagem e o intervalo de envio, prejudicando quem manda noticiários ou alertas a clientes ou leitores inscritos por vontade própria numa lista.
Um alerta aos incautos: quando se faz um dos incontáveis cadastros para compras na internet ou simplesmente para participar de um fórum, comentar uma notícia há, geralmente, um ou dois quadradinhos pré-assinalados, autorizando o envio de “newsletters” ou promoções.
É bom desmarcá-los, pois do contrário o envio, por vezes abusivo, foi “solicitado”...
Luiz Leitão é jornalista luizmleitao@gmail.com
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