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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O crescimento das galáxias


—Como os anéis que formam camadas nas árvores, as porções internas e externas dos discos das galáxias contêm  registros  históricos delas.
— Duas missões da NASA encontraram provas de que os surtos de formação estelar iniciaram-se nos centros das galáxias e se espalharam para fora.
— Uma inexplicável luz ultravioleta pode surgir de uma fase adiantada  das vidas de estrelas mais antigas. 

Observar uma árvore crescer pode ser mais frustrante do que  esperar a água de uma panela ferver, porém, felizmente para os biólogos, existem os anéis das árvores. Começando no denso núcleo de um tronco e estendendo-se para fora até a casca suave, a passagem do tempo é marcada por anéis concêntricos, revelando capítulos da história da árvore. 

As galáxias sobrevivem às árvores por bilhões de anos, tornando seu crescimento impossível de ver. Mas, como os biólogos, os astrônomos podem ler os anéis de uma galáxia em um de seus discos, para revelar seu passado. Utilizando dados do Explorador para Pesquisas de Campo Amplo em Infravermelho (WISE) e do Explorador de Evolução de Galáxias (GALEX), cientistas obtiveram mais provas da teoria do crescimento das galáxias"de dentro para fora", mostrando que surtos de formação estelar em regiões centrais foram seguidos um a dois bilhões de anos depois pelo nascimento de estrelas nas franjas externas. 

"Inicialmente, um rápido período de formação estelar formou a massa no centro dessas galáxias, seguido depois de uma fase de formação estelar nas regiões mais externas.Finalmente, as galáxias param de produzir estrelas e tornam-se inativas," disse Sara Petty da Virginia Tech,em  Blacksburg, Virgínia, principal autora de um artigo publicado na edição de 23 de outubro de 2013 do Astronomical Journal. "Esta fase tardia de formação estelar pode ter sido causada por fusões menores com vizinhas ricas em gás, que proporcionam combustível para novas estrelas." 

A descoberta pode também elucidar um mistério de galáxias mais antigas. As galáxias do estudo, chamadas"vermelhas e mortas" devido á sua cor vermelha e ausência de nascimento de novas estrelas, emitem uma surpreendente quantidade de luz ultravioleta de suas regiões externas. Frequentemente,a luz ultravioleta é gerada por estrelas jovens e quentes, mas essas galáxias foram  consideradas antigas demais para abrigar uma população jovem assim. 

A solução do mistério é, provavelmente, estrelas quentes e antigas. Petty e seus colegas usaram uma abordagem de múltiplos comprimentos de onda para mostrar que a inexplicável luz ultravioleta parece vir de uma fase posterior nas vidas de estrelas mais antigas, quando elas expelem suas camadas externas e se aquecem. 

O GALEX e o WISE mostraram ser a dupla ideal para o estudo. O GALEX era sensível à luz ultravioleta, enquanto o WISE enxerga a luz  infravermelha vindo de estrelas mais antigas. O GALEX não está mais em operação, mas o WISE foi reativado recentemente para caçar asteróides, um projeto chamado NEOWISE. Ambos os  telescópios têm amplos campos de visão, o que lhes permite captar com facilidade imagens de galáxias inteiras. 

"A sinergia entre o GALEX e o WISE produz uma medição bastante sensível de onde as estrelas quentes mais antigas residem nessas galáxias vermelhas e mortas," disse Don Neill, coautor do artigo, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "Isso nos permite mapear o progresso da formação estelar em cada galáxia." 

Ned Wright da UCLA, um coautor do estudo e o principal investigador do WISE antes de sua reativação, compara a faixa de múltiplos comprimentos de onda dos dois telescópios a notas musicais, o "WISE cobrindo a faixa equivalente a três oitavas, e o WISE e o  GALEX juntos cobrindo uma faixa de sete oitavas." 

Tradução de Luiz Leitão

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