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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Horror e circo





O cenário de horror nos hospitais federais e no restante da rede pública de saúde Brasil afora, descrito pelo presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira Filho, que os considerou como "pocilgas humanas", não é de espantar, mas não deixa de ser de arrepiar. Até quando nos conformaremos com este estado de coisas, com a deplorável inversão de prioridades, sempre guiada por interesses menores? Construímos estádios bilionários para uma efêmera Copa do Mundo e também em nome da glória fugaz de sediar uma Olimpíada, quando esses recursos, sempre tão escassos quando se trata de atender os necessitados, poderiam ser muito mais adequadamente empregados. Se não há sequer comida para os pacientes de um hospital municipal do Maranhão, que dirá medicamentos e recursos os mais básicos imagin áveis... Classificado como "violação dos direitos humanos" - dos direitos constitucionais decerto é -, o caos na saúde pública é inaceitável, uma maldade inomin= 1vel com a sofrida população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Não custa lembrar que as Santas Casas brasileiras vivem à míngua e que o governador Geraldo Alckmin repassou à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, há poucos anos, pouco mais de um décimo da quantia que seu governo deu como contribuição para o estádio de futebol Itaquerão. Assim, circo temos de sobra, pão temos algum, mas o acesso a serviços de saúde decentes e suficientes continua sendo artigo de luxo, literalmente, com as raras ilhas de excelência a confirmar a regra.

Publicado na edição de 10/4/13 de O Estado de S. Paulo

Sobre este assunto leia o interessante editorial de 13/3/13:


Um jogo perigoso

O Estado de S.Paulo
A crise das mais de 2 mil Santas Casas e hospitais filantrópicos, que se arrasta há anos, entrou numa fase aguda, com a ameaça de interrupção dos serviços prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS) que, se concretizada, pode levar a rede pública de saúde ao colapso, com todas as consequências imagináveis. Afinal, essas entidades são responsáveis por mais da metade dos atendimentos do SUS às camadas de baixa renda da população, pelos quais recebem muito menos do que gastam, sendo essa a origem de suas dificuldades. Apesar da gravidade do problema, o governo federal tem se limitado a tomar medidas paliativas, que apenas adiam a sua solução.
Cansadas de esperar, elas resolveram dar ao governo um prazo de 60 dias para reajustar a tabela de procedimentos do SUS. Se isso não for feito, avisam que serão obrigadas a reduzir os atendimentos e, no caso de algumas unidades, a interrompê-los. Essa tabela, que tem 4,6 mil procedimentos, não é atualizada de maneira integral desde 2008. Em mais um esforço para evitar o pior, as Santas Casas pedem 100% de reajuste apenas dos 100 principais procedimentos de média e baixa complexidades, como exames de raio X e eletrocardiograma e atendimentos de emergência. Isso deve aliviar as dificuldades, enquanto não se chega a uma solução mais abrangente.

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