Ronald Poppo, o sem-teto que perdeu metade do rosto no mês passado num ataque bizarro perpetrado por um homem que mordeu e arrancou pedaços da carne de seu rosto,
tem consciência do que aconteceu com ele.
O que não está claro é se ele sabe o que vem por aí.
Com
65 anos e vivendo nas ruas há mais de 30 anos, Poppo também sofreu uma lesão no cérebro e teve uma costela quebrada. Os médicos também encontraram um ferimento por perfuração, sugerindo que ele pode ter sido alvejado pelo policial que atirou contra o atacante de Poppo.
"Isso traz à tona 100
diferentes questões sociais de uma vez, sem falar na natureza medonha do ataque," disse um renomado cirurgião plástico de reconstrução facial.
"Ele é provavelmente um exemplo clássico de tudo o que há de bom e ruim nos serviços de saúde," disse o cirurgião.
Poppo
não tem seguro-saúde, embora os médicos tenham dito que ele pode ser atendido pelo sistema público Medicare. Os custos do seu tratamento variam de várias centenas de milahres de dólares a mais de um milhão.
Os contribuintes de Miami vão pagar a conta, e o hospital fez um fundo que já tem mais de US$15.000. De certa forma, o fato de seu ataque ter sido muito explorado pela mídia pode acabar ajudando-o a conseguir dinheiro. Outras vítimas de traumas sem dinheiro têm menos sorte.
este é um fato lamentado pela maioria dos mais famosos bioéticos.
"Não é apenas brutal, nem somente desconsideração – é imoral ter um sistema de saúde que não proporcione cuidados para todos," disse
Kenneth Goodman, codiretor dos Programas de Ética da Universidade de Miami.
Temos a responsabilidade moral de cuidar das pessoas, independentemente da capacidade delas de pagar por isso.
Os Florideanos
tendem a concordar. Vários condados votaram por um imposto sobre vendas de menos de meio centavo especialmente destinado a financiar o tratamento daqueles que não podem pagar por ele.
Poppo já foi submetido a pelo menos uma operação, quando tiras de pele foram suturadas ao redor de seus olhos. Seu nariz é uma massa de cartlagem e carne.
Poppo terá de passar por, no mínimo, entre duas e cinco cirurgias reconstrutivas. Embora para se obter resultados melhores sejam precisas talvez 10, 15, 20 procedimentos.
A reconstrução facial, diferente de um transplante de rosto, envolve retirar ossos e tecidos de outras partes do corpo do paciente e adaptá-los à região danificada.
A
fibula, que não é imprescindível para caminhar, pode ser retirada para a reconstrução de um osso de mandíbula. Cartilagem das costelas pode ser retirada para refazer um nariz. E pode-se retirar carne dos braços e costas para esculpir novas feições.
Mas ter uma aparência "normal" outra vez é improvável, irrealista, dada a extensão das lesões.
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