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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Antes que algum avião vá pro brejo





José Nêumanne

A calmaria deste fim de ano não deve nos iludir: a situação dos aeroportos é muito precária e são bem preocupantes as perspectivas para o Mundial da Fifa de 2014 e a Olimpíada do Rio de 2016



Graças ao bom Deus, nossos aeroportos não provocaram notícias ruins na virada de ano. Apesar do espetacular crescimento da indústria da aviação civil e da ameaça de greve, felizmente gorada, de aeroviários e aeroportuários, não foram registradas as muvucas sazonais de outros anos no Natal e no reveillon. O Caos Aéreo Nacional não se manifestou e, por isso mesmo, não foi noticiado. O que, contudo, não quer dizer que nossas estações de embarque e desembarque em aviões de carreira estejam em condições de operação satisfatórias. E nem de longe elas estão preparadas para receber o aumento de afluxo de passageiros que circularão no Mundial da Fifa, em dois anos e meio, e na Olimpíada no Rio, em 2016.

Ao contrário. A relativa tranquilidade com que passageiros viajaram no fim de 2011 e neste começo do ano novo não é suficiente para jogar para baixo do tapete as precárias instalações dos aeroportos brasileiros e da necessária infraestrutura a seu redor. É praticamente insignificante a diferença existente entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão, na Ilha do Governador, e a Estação Rodoviária Grande Rio, na área portuária da cidade que já foi conhecida como Maravilhosa. Não que os passageiros de avião merecessem gozar de mais conforto do que os usuários de ônibus. Não é isso. Mas a comparação leva em conta as instalações para lá de precárias das paradas de transportes rodoviários coletivos e a necessidade de receber com um mínimo de decência e conforto visitantes vindos do exterior para passear e gozar seu lazer no ponto turístico mais badalado do Brasil e um dos mais festejados no resto do mundo.

Reformado recentemente, o Santos-Dumont, frequentado prioritariamente por turistas internos e viajantes de negócios, tem melhores condições do que o Galeão, como em São Paulo o panorama visto  de Congonhas é mais aceitável do que o de Cumbica. Este ponto de chegada e partida mais movimentado do Brasil está em situação deplorável: não é incomum o passageiro ficar feito barata tonta sem saber seu portão de embarque por não poder contar com os monitores eletrônicos que teriam de dar conta deles.

O estacionamento do aeroporto de Guarulhos é um território de ninguém com automóveis guardados em locais impróprios pela absoluta falta de vagas. Em Congonhas também faltam vagas na garagem, mas pelo menos o aspecto dela não chega a ser tão assustador.

Acima disso paira a Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária (Infraero), incapaz  até de se informar sobre as lojas que alugam espaço nos maiores aeroportos do País. Se a presidente Dilma Rousseff fosse a “gerentona” capaz e implacável vendida nos palanques pelo antecessor, Lula, já teria dado um choque de gestão antes que a vaca, ou melhor, algum avião vá pro brejo.

Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde

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