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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A grande obra


A charge me inspira a escrever algumas linhas, falar exatamente sobre este tema, servir. Um ato, ou atitudes que humanizam quem os pratica, porque nem sempre se deve cobrar. Talvez, se cada um fizesse um pouco do que sabe em benefício de quem necessita, na medida de suas possibilidades de tempo - e não vale a desculpa de falta de tempo -, diminuiríamos as desigualdades.  

Outro dia, conversando, ou melhor, teclando com uma leitora a quem estou ajudando num problema com um sindicato, eu vi o empenho dela em resolver a questão, não só em interesse próprio, mas geral. Jornalistas aprendem muita coisa quando lidam com assuntos particulares, e podem, devem, repassar esses conhecimentos aos outros.

Evidentemente, não é ético se valer da condição profissional para resolver uma questão particular, é preciso entrar pela porta principal, como todos fazem. Para tratar de assuntos que não envolvem matérias, é preciso usar as ouvidorias, os SACs, e não as assessorias de imprensa.

Há ouvidorias que funcionam muito bem, e assessorias de imprensa lastimáveis, e o inverso é verdadeiro. Ouvidorias surdas, que respondem o que querem, quando querem, e se quiserem.
Geralmente eles vêm com subterfúgios, escrevem linhas e mais linhas sem responder o que foi perguntado. A arte, suprema, de enrolar.

Mas isso acaba redundando numa espécie de autodenúncia, porque o repórter já percebe que existe ali algo a esconder, e sua razão de ser é descobrir a verdade. Na maioria das vezes, nada mais difícil, os caminhos tortuosos, descaminhos, na verdade.

A sensação quando se consegue abrir as portas para alguém, com chaves, sem arrombá-las, é maravilhosa.

E o mais importante: muitas vezes, essa ajuda se resume a ouvir, com interesse e atenção.

Mas na vida particular e na profissão há os momentos em que é preciso ser leão, incisivo, quase atroz. Quase, eu disse. Noutras, há que se fazer de bobo e fingir que está sendo enganado, mas o gravador está no bolso, ligado, fazendo prova, lícita.

Agora, com a prova é preciso cuidado, porque mesmo lícita, é direito de qualquer um se opor à divulgação de sua fala, seus escritos, sua imagem. Todavia, é necessário manifestar essa intenção, que não impede, jamais, seu uso em Juízo.

Por isso postei outro dia, aqui, um alerta a respeito do repasse de e-mails. Se eles contiverem a mensagem probindo sua divulgação a terceiros, é bom obedecer.

Mas há casos risíveis (ou choráveis?). A ouvidoria de um banco começou me tratando bem, respondendo direitinho, até que chegou-se àquele ponto da pergunta irrespondível. Aí, eles carimbam o e-mail de confidencial,  vêm com ameaças veladas. Mas, se você souber dizer não dizendo, usar o condicional de uma maneira tão ostensiva que fica evidente o contrário, embora impossível de se usar as suas palavras contra você, dá pra dizer o que você não poderia falar diretamente.

É confidencial se não for de interesse público, caso contrário, nada feito. E um dos casos mais legítimos de interesse público é exatamente o judicial.

Maquiavel explica: "Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter èxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem das coisas".

Isso explica a inércia de tantos que reclamam mas não agem. Inconscientemente, que seja, as pessoas (re)conhecem esses ensinamentos maquiavélicos. E não vencem o medo, ou deixam de se importar.

Não adianta, ninguém vai além dos próprios limites, que só podem ser modificados através de anos de análise. Ou de uma experiência de vida muito marcante.

Como tenho meus limites e preciso ampliá-los, amanhã é dia de analista. Sem falta, religiosamente.

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