Amanda Costa Do Contas Abertas |
Se propaganda é a alma do negócio, não à toa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrará o mandato com uma aprovação popular recorde de 83%, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. Em oito anos de mandato, Lula gastou pouco mais de R$ 9,3 bilhões dos cofres públicos no intuito de manter a sociedade informada sobre os atos de governo – em valores corrigidos pela inflação. Um balanço preliminar da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), divulgado na última semana, informa aplicações de R$ 1,1 bilhão em publicidade neste ano, apenas até o início de dezembro, uma média diária de R$ 3 milhões. A cifra refere-se a todos os ministérios, autarquias, fundações, empresas estatais e sociedades de economia mista.
A mídia mais procurada pelos órgãos públicos federais foi, mais uma vez, a televisão, que respondeu por R$ 707,2 milhões, ou 64% de todos os anúncios feitos neste ano. A publicidade nos jornais obteve investimentos de R$ 100,1 milhões, o que representa 9% dos gastos com propaganda. Bem próximo, os anúncios em rádios chegaram a quase R$ 100 milhões.
As revistas foram responsáveis por R$ 83 milhões. A Internet e os outdoors receberam anúncios de R$ 36,6 milhões e R$ 5,8 milhões, respectivamente. Já a publicidade governamental em cinema, mobiliário urbano, carro de som, telas digitais em shopping, elevadores, supermercados e aeroportos respondeu por R$ 68,4 milhões, ou 6% do total investido no período.
O órgão que mais desembolsou recursos neste ano com publicidade foi o Ministério da Saúde, que dispensou R$ 137,8 milhões para anúncios. Já as aplicações da Secom chegaram a R$ 100,8 milhões. Ministério das Cidades dispensou R$ 60,3 milhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aparece na quarta colocação, tendo um consumo publicitário de R$ 23 milhões. Um pouco mais abaixo na lista dos maiores investidores em mídia, a Infraero aplicou R$ 842,3 mil.
Na outra ponta, o Ministério do Trabalho e Emprego desembolsou R$ 363,2 mil, seguido do Banco Central com R$ 328,9 mil e da Eletrobras Eletronuclear com R$ 48 mil. O governo federal não divulga individualmente os gastos publicitários das estatais que concorrem no mercado sob o argumento de que a divulgação faria com que empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil perdessem competitividade.
Apesar de não constarem os valores individuais, no cálculo global estão incluídas as aplicações em campanhas publicitárias de todos os órgãos da administração direta e indireta em ações de publicidade institucional e de utilidade pública. Os dados, contudo, não computam informações sobre publicidade legal, produção e patrocínio.
A publicidade institucional e a de utilidade pública, objetos do levantamento da Secom, diferenciam-se nos fins almejados. Enquanto a publicidade de utilidade pública prevê informar, orientar, prevenir ou alertar a população para que adote um comportamento específico, visando benefícios sociais, a publicidade institucional se limita a divulgar informações sobre atos, obras, programas, metas e resultados do órgão público.
Década
Em 10 anos, o maior valor registrado em anúncio publicitário foi no ano passado, quando o governo aplicou quase R$ 1,7 bilhão em campanhas. A média diária de investimentos chegou a R$ 4,6 milhões, recorde desde o início da década. A cifra representa um incremento de R$ 519,7 milhões na comparação com 2008, quando foi aplicado R$ 1,2 bilhão em propaganda. O principal responsável pelo acréscimo foi a Internet, que teve aumento de 101% no ano passado em relação a 2008. Em números, a Internet recebeu R$ 30,3 milhões a mais de investimentos em 2009.
A TV, por outro lado, teve um incremento de apenas 46% na comparação com 2008. Apesar do baixo crescimento se comparado a outros veículos, a televisão continuou sendo o carro-chefe da propaganda pública, com R$ 1,1 bilhão gasto, o que representou 63% do valor aplicado em publicidade no ano passado.
Na comparação entre os governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a atual gestão sai ligeiramente na frente. Entre 2000 e 2002, FHC aplicou R$ 3,1 bilhões em publicidade, uma média de pouco mais de R$ 1 bilhão por ano. Já o presidente Lula, que dispensou R$ 9,3 bilhões durante oito anos, teve média anual de gastos estimada em quase R$ 1,2 bilhão.
Os dados sobre os investimentos em mídia do governo federal são fornecidos gratuitamente à Secretaria de Comunicação da Presidência pelo Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP). O IAP, instituição sem fins lucrativos, é constituído por empresas de comunicação que prestam serviço de publicidade a órgãos e entidades do Poder Executivo Federal.
O balanço final dos anúncios publicitários referentes a 2010, de acordo com a Secom, só será divulgado em janeiro do próximo ano.
Expansão
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, 7.047 veículos – entre rádios, jornais, TVs e revistas – de 2.184 municípios estão incluídos no plano de mídia do governo federal e, portanto, aptos a divulgarem campanhas. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, a quantidade de veículos estava limitada a 499 em 182 cidades brasileiras.
Ao longo de seu mandato, o presidente Lula inovou e estabeleceu contatos diários com a imprensa, enviando recados a todos o país. Entre as criações midiáticas de Lula está o programa semanal de rádio “Café com o Presidente”, a coluna impressa “O presidente Responde”, além da publicação bimestral “Caderno Destaques” e o boletim diário “Em Questão”, que visa orientar a sociedade sobre as políticas públicas do Poder Executivo.
O cientista político e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, Fernando Azevedo ressalta que um dos princípios que rege as democracias modernas é a transparência e a prestação de contas do governo perante o cidadão. Neste sentido, portanto, a publicidade seria um instrumento de transparência governamental. Por outro lado, Azevedo não descarta a possibilidade de autopromoção de autoridades públicas. “A tendência é que os governos ampliem seus investimentos nessa área porque a divulgação governamental beneficia o partido ou a coalizão partidária que controla o governo”, avalia.
|
O blogue comenta: É um absurdo, um crime, gastar dinheiro público com propaganda, à exceção de campanhas de saúde e outros comunicados realmente importantes. Agora o leitor imagine quando o Brasil inteiro, Estados, prefeituras e autarquias gastaram nesse período. Somados aos 10 bilhões de Lula, deve dar um valor estrondoso. E na propaganda é relativamente fácil desviar verbas.
Luiz, o Blog tem toda a razão quando se refere à esta notícia sobre o desperdício do dinheiro público em forma de propagandas do governo. Mas é essa uma das ferramentas que o governo utiliza para se manter dominante no poder.
ResponderExcluirVocê sabe; é realmente necessário se afastar do nosso sistema e do nosso país para conseguirmos enxergar as coisas com mais clareza e darmos valor ao que realmente possui valor. O Brasil é um país rico e fantástico em todos aspectos humanos e naturais. Porém neste aspecto, a democracia no Brasil ainda é uma farsa total, pois ela é manipulada. O fato do povo ainda ser composto em sua grande maioria de pessoas humildes ou trabalhadores que não possuem tempo ou dinheiro para terem um bom acesso à informação de qualidade para que possam estabelecer suas opiniões, e também por possuirmos esta nossa forma passiva de se comportar diante os "mandos e desmandos" do governo. Falta ainda muita transparência e os homens públicos deveriam ir mais às emissoras de rádio e televisão e tratar o povo com mais respeito e de igual para igual.
A diferença mais grave e que mantém o Brasil mais distante dos países desenvolvidos socialmente, é exatamente a transparência e a seriedade em empregar o dinheiro público e as riquezas que a nação produz, a fim de favorecê-la ela mesma e não aos seus governantes. Quando essa situação melhorar, nos tornaremos rapidamente não somente uma grande potência, mas uma grande nação.
RIC,
ResponderExcluirÉ exatamente isso, gastar os tubos em propaganda para autopromoção, ou eleger o sucessor, fazer o povo acreditar que que tal obra é um presente, ou uma realização extraordinária, quando não passa de obrigação.
Há uns meses, vi uns anúncios de uma ponte inaugurada no Maranhão, publicado em meia ou 1/3 de página a cores no Estadão, repetidno várias vezes. O que interessa ao paulista essa ponte? Mais lhe aproveitaria saber que o dinheiro do anúncio foi aplicado na saúde.
E Serra fez o mesmo que Lula,em escala menor: gastou o recorde de mais de 300 milhões, nesse ano eleitoral, pra promover estradas pegadiadas paulistas Brasil afora.
Eu sempre digo: a obra, a realização pública, não precisa ser anunciada; o povo vê.
Mas, a comissão da propaganda alimenta a permanência no poder.
Lula comemora a "realização da Transnordestina", que começou no governo Sarney, a só tem 100 km concluídos, de mil, ou três mil.
Um abraço,