For Neda

Saeed Kamali Dehghan, que produziu as reportagens para o jornal britânico The Guardian desde Teerã, após as disputadas - e fraudadas - eleições iranianas do ano passado, fala sobre a produção de seu documentário intitulado For Neda (Para Neda).

http://www.youtube.com/watch?v=F48SinuEHIk

O Irã está obstruindo as transmissões por satélite na tentativa de impedir as pessoas de assistir um novo filme narrando a história de Neda Agha-Soltan, a jovem mulher assassinada a tiros nos protestos em massa que se seguiram às eleições presidenciais, realizadas no verão do ano passado.

Os espectadores, em Teerã, reclamaram das obstruções e cortes de energia quarta-feira e ontem, sexta, quando a rede de TV Voz da América Persa exibiu o documentário For Neda, com as primeiras entrevistas filmadas com a família da vítima de 27 anos.

O filme, de 70 minutos, produzido pela Mentorn Media para a HBO, e que será exibido nos Estados Unidos este mês, rapidamente se espalhou de forma "viral" pelo Irã antes do aniversário, sabado, das eleições que despertaram a onda de protestos.

O filme está disponível no YouTube, logo, pode ser assistido por qualquer um através da internet.

É possível baixá-lo através deste link, também até por bit torrent:

http://www.thisisforneda.com/

Os protestos de rua começaram pouco depois do encerramento das eleições, em 12 de junho de 2009, quando o linha-dura incumbido, Mahmoud Ahmadinejad, proclamou sua vitória sobre o líder do Movimento Verde, Mir Hossein Mousavi, disparando protestos de que os votos haviam sido fraudados.

Neda tornou-se o ícone instantâneo da luta iraniana pela democracia. Em 20 de junho, poucas horas após seu assassinato – descrito como "a morte provavelmente mais amplamente testemunhada na história da humanidade" – imagens via celular de sua face ensanguentada já eram exibidas por manifestantes em Teerã e mundo afora.

O filme foi dirigido por Antony Thomas e coproduzido por Saeed Kamali Dehghan, um ex-correspondente do Guardian no Irã. Kamali Dehghan arriscou-se a ser preso para entrevistar os pais de Neda e seus irmãos, e obter inéditas cenas filmadas de sua vida.

Testemunhas disseram que ela fora baleada no coração por um franco-atirador de milícia Basij, chamado Abbas Kargar-Javid.

O Ministério da Inteligência do irá deverá produzir sua peça fictícia de contra-informação, um documentário que decerto carecerá de credibilidade, destinado a remover as "ambiguidades" que rondam sua morte e proporcionar "novas evidências" sobre o que diz ser a "versão ocidental" dos acontecimentos.

A família de Neda doi pressionada a cooperar com o documentário oficial, mas resistiu, recusando-se. Todavia, dois de seus primos foram obrigados a participar.

It is not clear whether the official film is the same as one produced earlier this year by Iranian state TV. That suggested that Neda was an agent of the US and Britain who staged her own death and poured blood on her face. BBC Tehran correspondent Jon Leyne was also blamed for her killing before being expelled.

A HBO disse ter tomado a decisão sem precedentes de divulgar antes do previsto o filme para o público iraniano por conta de sua relevância na iminência do aniversário das eleições.

Ahmadinejad advertiu hoje a oposição sobre medidas duras, antecipando-se aos protestos da semana que vem. "Aqueles que quiserem enodoar a imagem do país e seu sistema serão removidos da cena [política] (leia-se presos)," disse em um discurso na data do 21º aniversário da morte do Aiatolá Khomeini, artífice da Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o Xá da Pérsia.

"As eleições do ano passado doram as mais democráticas do mundo e em nenhum outro lugar 40 milhões de pessoas compareceriam às urnas," proclamou. Ahmadinejad jurou: "quem quer que se ponha contra o sistema Islâmico não sobreviverá."

O Ayatolá Ali Khamenei, sucessor de Khomeini como líder supremo ( É ele quem manda de fato) , vangloriou-se de o Irã, enfrentando novas sanções da ONU por seu programa nuclear, estava numa posição de "perseguir quaisquer conspiradores".

Mehdi Karroubi, um candidato reformista derrotado, foi atacado e interpelado em público por linhas-dura quando visitava o templo , ontem. "Quem quer que fale em fraudes nas eleições é acusado de ser agente do Mossad (serviço secreto israelense) ou agente da CIA," disse.

"O destino das eleições está nas mãos dos Basijs e Guardas Revolucionários." Karroubi alertou em seu site que o regime Islâmico estava sendo arruinado. "Eles falam como se o Imã [Khomeini] lhes pertencesse exclusivamente e que outros criaram problemas com o Imã."

Iran is jamming satellite broadcasts in attempts to stop people seeing a new film telling the story of Neda Agha-Soltan, the young woman who was shot dead during the mass protests that followed last summer's disputed presidential election.

Viewers in Tehran complained of jamming and power cuts on Wednesday and yesterday when the Voice of America Persian TV network broadcast the documentary For Neda, featuring the first film interviews with the family of the 27-year-old.

The 70-minute film, made by Mentorn Media for HBO and being screened in the US this month, has rapidly gone viral in Iran in the run-up to next Saturday's anniversary of the disputed elections that triggered the protests. It is available on YouTube so can be seen by anyone with access to the internet. It can also be downloaded here, even by bit torrent:

http://www.thisisforneda.com/

Street protests began shortly after the polls closed on 12 June last year, when the incumbent hardliner, Mahmoud Ahmadinejad, claimed victory over the Green movement leader, Mir Hossein Mousavi, triggering claims that the vote had been rigged.

Neda became an instant symbol of Iran's struggle for democracy. On 20 June, within hours of her killing – described as "probably the most widely witnessed death in human history" – mobile phone images of her bloodstained face were being held up by demonstrators in Tehran and all over the world.

The film was directed by Antony Thomas and co-produced by Saeed Kamali Dehghan, a former Guardian correspondent in Iran. Kamali Dehghan risked arrest to interview Neda's parents and siblings and obtain unseen footage of her life.

Witnesses have said that she was shot in the heart by a sniper with the Basij militia force, who has been named as Abbas Kargar-Javid.

Iran's intelligence ministry is reportedly due to release its own documentary to remove "ambiguities" surrounding her death and provide "new evidence" about what it calls the west's version of events.

Neda's family were under pressure to cooperate with the official documentary but refused. Two of her friends were forced to participate.

It is not clear whether the official film is the same as one produced earlier this year by Iranian state TV. That suggested that Neda was an agent of the US and Britain who staged her own death and poured blood on her face. BBC Tehran correspondent Jon Leyne was also blamed for her killing before being expelled.

HBO says it took the unprecedented decision to pre-release the film for Iranian audiences because of its relevance in the run-up to the anniversary of the polls.

Ahmadinejad today warned the opposition of tough measures, ahead of protests next week. "Those who want to tarnish the image of the country and its system will be removed from the [political] scene," he said in a speech marking the 21st anniversary of the death of Ayatollah Khomeini, architect of the 1979 Islamic revolution, which toppled the shah.

"The election last year was the most democratic in the world as nowhere else would 40 million people turn up for elections," he claimed. Ahmadinejad pledged: "Whoever stands against the Islamic system will not survive." Ayatollah Ali Khamenei, Khomeini's successor as supreme leader, boasted that Iran, facing new UN sanctions over its nuclear programme, was in a position to "see off any conspiracies".

Mehdi Karroubi, a defeated reformist candidate, was attacked and heckled by hardliners when he visited the shrine yesterday. "Whoever objects to fraud in the election is accused of being a Mossad or CIA agent," he said. "The fate of the election is in the hands of the Basijis and revolutionary guards." Karroubi warned on his website that the Islamic regime was being ruined. "They speak as if Imam [Khomeini] belongs to them only and others have broken path with the imam."