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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Violência no Rio, outra vez a solução errada

Abalado pelas incessantes mortes de policiais, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), pediu ao governo federal a presença das Forças Armadas nas ruas da capital para combater o crime. Desta vez, fez o pedido formalmente, e deverá ser atendido, o que significa que o comando da polícia será subordinado ao Exército. Curiosamente, não se falou na Força Nacional de Segurança Pública (FNSP). O comandante do Exército, general Enzo Peri, teria se manifestado contra a medida, certamente numa opinião pessoal, já que ordem do presidente, desta vez perfeitamente de acordo com a lei, não se discute. Outra voz discordante vem do ministro da Justiça, Tarso Genro, que também não acha adequada a intervenção militar, opinião compartilhada pelo ministro Waldir Pires, da Defesa. Mais uma vez, recorre-se a medida paliativa, como quando a FNSP foi requisitada, em janeiro deste ano, e nada mudou. Agora, a convocação das Forças Armadas significa o reconhecimento (formal) da falência da política de segurança pública do governo estadual. Segundo a Lei Complementar 117, de 2 de setembro de 2004, os militares terão poder de polícia, circunstancial. Ao governador não caberá a imposição de quaisquer condições para a atuação da força de emergência, e não será demais questionar como estes homens atuarão, por exemplo, nas favelas cariocas. Pode-se argumentar que a experiência da Força de Paz no Haiti (Minustah) terá servido de treinamento, mas para uma quantidade reduzida de soldados e oficiais, em comparação com o tamanho do contingente da PM do Rio, cerca de 39 mil homens, dos quais 9 mil na capital. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública, o Rio está classificado na menor faixa (137 a 363 hab/pm, dados de agosto de 2004) da relação quantidade de habitantes por policial militar, o que é, ou deveria ser, um dado positivo. São Paulo, por exemplo, está na faixa de 445 a 502 hab/pm, enquanto o Paraná situa-se entre 502 e 822 hab/pm. Ainda que seu Estado tenha uma quantidade de policiais militares classificada entre as maiores em relação ao número de cidadãos, o governador Cabral quer dobrar o efetivo até 2010. É de se perguntar se o problema não seria de gestão, onde certamente se inclui o trato da questão da corrupção. Pernambuco também está bem classificado, com 363/445 hab/pm, e no entanto, tem sérios problemas com a violência. Falando em Pernambuco, é curioso como os crimes cometidos fora do eixo Rio-São Paulo-Brasília, por mais horrendos que sejam, deixam de merecer atenção da mídia nacional. Não que deixem de ser noticiados, mas a repercussão é muito pequena, breve. Domingo, 8 de abril, em Vitória de Santo Antão, cidade a apenas 51 Km do Recife, um menino de oito anos foi brutamente assassinado a golpes de foice pelo dono de um sítio, quando pegava algumas frutas no pomar da propriedade. Ninguém, fora a população local, demonstrou indignação com fato de o assassino haver dito que teve prazer ao cometer o crime, premeditado, porque que o garoto pediu para colher as frutas e foi autorizado. Quando se fala em violência, pensa-se sempre no Rio de Janeiro, ainda que ela esteja presente, não raro em maior intensidade, em localidades que não são “notícia”. Pelos números da Secretaria Nacional de Segurança Pública, o Rio não está tão mal servido assim de policiais. Ao menos no que diz respeito à quantidade, que nem sempre é sinônimo de qualidade. Mas, ainda que alguns possam discordar, a Cidade Maravilhosa é a vitrine do Brasil, o que talvez explique, mas não justifica, a atitude solícita do presidente Lula, porque a ação episódica do Exército não irá resolver o problema. Luiz Leitão luizleitao@ebb.com.br

Um comentário:

  1. Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho ou simplesmente Sérgio Cabral Filho é o nome do 'homem'.
    Luiz, mais uma vez achei pertinentes seus comentários. Atualmente, é impressionante o quase silêncio absoluto quanto a atuação da 'Força Nacional' no Rio. Lembro que no início era ao contrário, bastava ler nos jornais, paraceia até que se estava avisando aos bandidos de toda sua estratégia. É um 8 ou 800, não há meito termo.
    Quanto ao Exécito, no Rio, parece-me que já haveria uma operação PAN nos moldes da ECO 92. A imediata mobilização seria mais uma antecipação desta tarefa, visto que a situação está cada vez mais descontrolada. Agora, sómente sufocar toda esta panela de pressão, e depois deixar a tampa solta, não vai adiantar nada. O 'lado de cá' tem que estar asseiado, limpo, honrado e honesto, dignificando o serviço público. O câncer tem que ser estancado. Um alento é todo este trabalho da Polícia Federal, investigando e prendendo os bandidos, independente de sua posição na sociedade.
    Marginal vem de margem, mas há um tipo de bandido que é marginal mas está no miolo. É a doença em seu estado mais avançado. Acabar com a impunidade é o melhor remédio para coibir a corrupção desenfreada. Precisamos de uma mobilização da sociedade, em prol da moralização, uma operação 'mãos limpas'. Cabe a cada um de nós partir para a conscientização do próximo. Esta é a idéia central da democracia, quando é vontade de todos.
    Abraço, Eduardo Buys

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