Pesquisar conteúdo deste blog

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Um quê de eternidade

Cientistas afirmam ter encontrado evidências da existência de água fora do nosso sistema solar, no planeta HD209458b, na constelação de Pégasus, a meros 150 anos-luz da Terra, uma ninharia em termos astronômicos. No entanto, não deve abrigar vida, por ser um planeta gasoso. A descoberta de H2O fora da Terra e de Marte, que também a tem, embora congelada, é um bom motivo para se dar asas à imaginação e pensar como poderiam ser as coisas num mundo distante, e deve haver tantos, entre as centenas de bilhões de galáxias existentes, que por sua vez têm outras centenas de bilhões de estrelas como o nosso Sol.
Talvez esse devaneio seja particularmente útil hoje, quando descobrimos que detonamos nosso pequeno mundo, que, visto do espaço, ainda é azul. Tanto consumo, tanta avidez para, no final das contas, a humanidade chegar à conclusão que o progresso custou muito caro. A não ser que todas essas notícias em tom apocalíptico a respeito do aquecimento global sejam uma armação, mas aí, caberia a pergunta: a quem interessaria semear o pânico?
Os que refutam as conclusões dos cientistas dizem que há interesses econômicos das grandes nações por trás de tudo, mas como, se os EUA, o poluidor mor, ignoram solenemente a questão, juntamente com a China, esse descalabro econômico e ecológico?
Bem, as previsões são conhecidas por todos, não vale a pena mencioná-las aqui. Mas o paradoxo sobressai: Enquanto a ciência caminha a passos largos, a humanidade se depara com questões aparentemente simples, mas de efeitos dramáticos, como a crescente escassez de água doce.
Prosseguindo na questão da água extraterrestre, a humanidade nem mesmo pode sonhar em se mudar para outro planeta, deixando a velha Terra à própria sorte, que não seria tão má, pois ela se recuperaria, é relativamente jovem e tem alguns bilhões de anos pela frente até se transformar num astro frio e sem vida.
Cento e cinqüenta anos-luz, distância impossível de vencer, pois nada pode viajar à velocidade da Luz, ou mesmo a uma fração de, digamos, 50% dela; nossos corpos não suportariam a aceleração e não viveríamos o suficiente para completar a viagem até outro mundo onde a vida como a conhecemos poderia ser viável.
Talvez sejamos recicláveis, como acreditam os reencarnacionistas; aliás, o conceito de reciclabilidade é antigo, foi estabelecido por Lavoisier, quando disse que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Uma verdade confirmada posteriormente pela lei de Conservação de Energia e pela fórmula de Einstein, E=Mc2, matéria e energia, a mesma coisa sob formas diferentes, intercambiáveis.
Só os sentimentos mais nobres como o amor são perenes, não se reciclam porque são absolutos. Sim, absolutos, a amizade, o amor, o altruísmo, a bondade não se extinguem jamais, como, quem sabe, a alma.
Numa sociedade em que tudo é descartável, mercantilizado, é bom saber que podemos, com a morte, absoluta até onde se sabe - e disso sabemos tão pouco... -, renascer noutra galáxia, num mundo mais evoluído. Sim, quem sabe aqui seja um dos primeiros estágios evolutivos; podemos repetir de ano e voltar para cá, ou ser promovidos, mas até onde ou quando? Quando? expressões temporais não combinam com coisas perenes.
Talvez nada disso, apenas a Lei do Eterno Retorno, sob a qual tudo se repete, o universo se expande e se contrai, como nossos pulmões, mas... não, não pode ser, viver e aprender, evoluir, se reciclar não podem ser ações sem sentido, não somos coisas.
Talvez o sempre, esse continuum apenas interrompido pelo brevíssimo hiato de nossa fugaz existência nos acolha "um dia", e poderemos compreender o sentido da vida, terrena ou alhures.
Como a toda grande verdade corresponde o oposto, tudo o que foi dito aqui talvez não signifique coisa alguma.
Luiz Leitão, 12/4/07, 23h10.

Nenhum comentário:

Postar um comentário