Enquanto isso, no Rio de Janeiro...

Terça-feira, no Rio, um tiroteio entre polícia e traficantes resultou em vinte mortos. A PM interveio numa ação já em andamento, um conflito entre os bandidos, não poderia mesmo evitar a miniguerra urbana. As coisas só chegaram a este ponto porque deixaram, por omissão e conivência, tanto que há um ou dois meses, quarenta policiais foram expulsos da Força. É sempre assim, o crime organizado só prospera quando aliado ao poder público. Sim, ao poder público subtraído por agentes que deveriam estar a seu serviço, mas o privatizam para si, para atividades criminosas. Exatamente como esses grandões que a PF está prendendo. O esquema existe porque a carne de alguns é fraca e a lei, embora as penas sejam até duras, deixa de ter eficácia porque outras leis permitem infindáveis recursos e a progressão das penas, aquela espécie de desconto que os legisladores envergonhados, ou, quem sabe, pensando em si mesmos, dão aos que são finalmente condenados. Quem sabe uma Operação Mãos Limpas seja necessária, como na Itália. Não é demais supor que o tamanho da corrupção no Brasil já tenha suplantado, de longe o da Cosa Nostra. Gaetano Badalamenti, Totó Riina, Al Capone, são aprendizes, comparados aos nossos bandidos de terno e carros importados. Na Itália e nos EUA de Al Capone ainda se lançava mão de violência, mas por aqui a coisa é "limpa", sem sangue. Não nas favelas, claro, mas nos gabinetes refrigerados onde são planejadas as maracutaias, e por que não dizer, algumas leis.