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terça-feira, 17 de abril de 2007

Camicases modernos

O massacre da escola americana de Columbine se repete em maior grau, desta vez no Estado da Virgínia, com 32 mortos e 21 feridos. É longa a lista dos massacres ocorridos na América, e mesmo o assassinato de John Kennedy, em 1963, pode ser incluído na lista de ações em que uma pessoa, quase sempre um homem, utiliza uma arma potente para destruir o objeto de seu ódio. O deplorável episódio tem, certamente, várias causas, e algumas coincidências com os demais casos: autores sem antecedentes criminais, nenhuma relação com as vítimas, autor do sexo masculino e o suicídio ao final. Esses camicases modernos têm desprezo pela vida, um pacto com a morte, exatamente como os homens-bomba do oriente médio, como os autores do onze de setembro, que matam dispostos e morrer em seguida.Não há mesmo distinção, agem movidos por uma fé inabalável, convictos de estarem fazendo a coisa certa ao destruírem os que elegeram seus inimigos. Um país moderno, com polícia eficiente, mas onde se pode comprar armas com enorme facilidade, graças ao lobby da Associação Nacional do Rifle (NRA). Talvez seja essa uma entre as razões pelas quais esses crimes se tornam triviais nos EUA, juntamente com uma mágoa profunda contra um empregador, um professor, ou colegas que talvez tenham humilhado o agressor. A BBC fez o teste, seus repórteres foram a um supermercado Wal-Mart da Virgínia e constataram que é possível sair de lá carregando um rifle de caça juntamente com as compras do dia-a-dia. Balcões com armas para todos os gostos. O mais barato saía por meros US$ 119 (R$ 243) As exigências legais são poucas, ter mais de 18 anos, não ter antecedentes criminais e ser um cidadão americano.Quem não preencher os requisitos pode comprar, sem qualquer formalidade, uma arma usada anunciada nos classificados dos jornais. Tivesse acontecido no Brasil, todos estariam dizendo que a culpa é da falta de segurança, policiamento, maioridade penal, etc. Aqui também se pode comprar uma arma legalmente, mas as dificuldades são enormes, embora sempre seja possível recorrer ao mercado ilegal. Mas, sem dúvida, a disponibilidade é um facilitador. Tanta neurose, tanto empenho na segurança e a tragédia se impõe por outros meios. Não existe esse ideal de segurança que os americanos perseguem; aliás, antes das Torres Gêmeas, o maior atentado terrorista ocorrido lá foi em Oklahoma City, perpetrado por um cidadão americano, Timothy Mc Veigh. A reedição da tragédia americana traz a lição de que não existem soluções fáceis como as que volta e meia são propostas aqui no Brasil, que todos já sabem de cor. A Virgínia é um dos 38 Estados americanos que adotam a pena de morte; e a maioridade penal varia conforme o Estado, mas nada disso pôs freios aos autores destes tantos massacres. O estudante coreano que agiu na Virgínia tinha 23 anos e premeditou sua ação, gerada por um ódio incontido aos colegas a quem, inclusive, imputou a responsabilidade pela matança que cometeu. A saúde mental perdida por estes criminosos, salvo casos congênitos, começa em casa, com afeto, diálogo, imposição de limites, atenção dos pais – leia-se disponibilidade de tempo - e muito carinho. Nem sempre se percebe quando há um desvio nas relações, mas a atenção ao aspecto pesicológico da saúde da população está muito longe de se tornar uma prioridade dos governos. Quem sabe a presença de psicólogos nas escolas permitisse detectar com antecedência casos de sofrimento mental que, se não levam a ações tão extremas como matar, certamente geram comportamentos anti-sociais, aí incluída a inclinação à corrupção. Luiz Leitão
*** O exemplo do assassino de JFK é inapropriado, como explica a gentil leitora Eulália:
No caso John Kennedy não houve emoção. Tudo foi orquestrado e tão bem que até hoje os nomes dos assassinos que estavam em Dealey Plaza permanecem na obscuridade. Jim Garrison, cujo livro " Na Trilha dos Assassinos" serviu como roteiro para o filme de Oliver Stone, " JFK" ,conseguiu apenas levar um dos envolvidos ao Tribunal: Clay Shaw que, no entanto, como previsto, foi absolvido. Outro indiciado, David Ferry, o suposto aviador que teria levado os assassinos num jatinho particular para o México, matou-se no dia anterior ao julgamento. No caso de John Kennedy não houve emoção embora Jack Ruby tenha alegado, inicialmente, que agira sob forte emoção pela dor de Jacqueline e dos filhos do presidente e que matando o suposto assassino, evitaria que Jacqueline voltasse a Dallas para servir como testemunha do caso. Mais tarde, e pouco antes de morrer de forma igualmente suspeita, ele escreveu para o presidente da Comissão Warren, Earl Warren, que investigava o assassinato dizendo que teria muito a dizer desde que fosse transferido de Dallas para Washington, que ali em Dallas ele não falaria nada. Portanto e mais uma vez se me permite essas observações, o assassinato de John Kennedy foi um golpe de Estado cometido pelo próprio poder dos Estados Unidos( CIA, FBI), aliado a Máfia, aos exilados cubanos ( um dos assassinos, atiradores, era cubano), a indústria bélica. Jamais um pequeno ato de insanidade de um homem que teria matado o presidente por simples "inveja", como os americanos tentaram nos convencer durante anos. Só para finalizar: no dia 13 de novembro Kennedy tinha assinado uma ordem para que os observadores enviados ao Vietnã no início daquele ano de 1963,regressassem aos Estados Unidos e, inclusive deu uma entrevista a Walter Cronkite dizendo que " aquela guerra era deles". Nove dias depois ele estava morto e dentro de um caixão no Salão Leste da Casa Branca. Dez dias depois, Lyndon Johnson que o sucedeu, retificou a ordem anterior e assinou outra mandando 5 mil soldados para o Vietnã, começando assim aquele martírio que tantas vidas roubou e indignou o mundo antes de sermos indignados novamente com a destruição do Iraque.

Um comentário:

  1. Ola Luiz, bom dia, parabéns pelo seu texto sobre a insanidade praticada na Universidade americana.

    Apenas uma pequena observação, se me permite, com relação ao assassinato de John Kennedy. Ao contrário do que a Comissão Warren tentou provar, Lee Oswald não foi o único assassino. Historiadores já provaram que Kennedy foi vítima de uma conspiração, de um golpe de Estado " branco" no qual Oswald teria participado como mero " bode expiatório" ( como ele próprio sempre declarou enquanto esteve preso antes de ser, ele sim, assassinado por um único homem, Jack Ruby).

    Claro que o Assassinato de John Kennedy daria ensejo para mais um texto de sua autoria ,para reflexão.

    Mais uma vez, parabens pelo seu texto

    Abraço

    Eulalia Moreno

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