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quinta-feira, 22 de março de 2007

Anjos, ou simplesmente homens?

O que será que faz alguém perseguir uma verdade durante trinta anos? Que valores distintos dos nossos tem um cientista que pede um sexto do salário que seria razoável para sua capacidade, simplesmente porque não está envolvido com grandezas monetárias, e sim matemáticas, físicas? A maioria deles, como o dinamarquês Niels Böhr, pai do modelo atômico, tinha grandes preocupações com a humanidade, via as coisas por uma perspectiva sublime, e nunca pensou em ter lucro com seus estudos ou experimentos, embora muitos tenham ganhado o prêmio Nobel, para eles sempre uma conseqüência, e não um fim em si. O legado de todos estes homens, Volta, Faraday, Galileu, Newton, Einstein, Gandhi, não tem preço e no entanto, ou justamente por isto, eles os deram à humanidade sem nada pedir em troca. Eram todos eles guiados por uma intuição, - e uma fé - de que havia algo muito importante por trás de sua curiosidade; alguma coisa os movia através da vida como se desprezassem a sua transitoriedade, própria de sua condição humana; sublimavam desejos ou nem os tinham além de descobrir os mistérios da existência, de, como disse Stephen Hawking, esse fantástico físico que vive numa cadeira de rodas e não move um único músculo, “compreender a mente de Deus”. Todo cientista, por mais empirismo que o guie, chega, inevitavelmente, à conclusão de que há um grande arquiteto por trás de tudo o que somos, vemos e vivemos. Se é que somos alguma coisa, não seria mesmo talvez mais apropriado dizer que “estamos” alguma coisa. Estamos vivos, estamos casados, estamos saudáveis, e tudo pode mudar repentinamente, como se tudo fosse – e não é? – guiado pelo Princípio da Incerteza de Heisenberg? Espaço-tempo, indissociáveis, através deles nos movemos continuamente, sem sabermos como nem porquê, tampouco para onde. Se nos aceleramos, andamos mais rápido no espaço e mais devagar no tempo. Sutil mistério. Talvez o grande desafio da condição humana seja conciliar o aparentemente inconciliável: a consciência e a física, o ser ou o estar, matéria e energia a um só tempo... “A ciência sem a religião é imperfeita; a religião sem a ciência é cega” “Sutil é o Senhor, mas ele não é malicioso” “A Natureza não esconde seus segredos por malícia, mas por causa da própria altivez” Einstein Mesmo a arte é ciência, ninguém pode contestar a genialidade e capacidade intelectual de um grande compositor como Beethoven, Mozart. E se a arte é ciência, esta também é arte. Por trás de um a grande sinfonia há uma equação, tão bela como qualquer outro postulado científico ou filosófico. Qualquer um pode ser genial ou maravilhosamente sublime em seu ofício, que pode ser algo aparentemente simples como estudar o movimento das nuvens ou o curso dos rios, mas há uma grande formulação matemática que define as curvas dos riachos. Para ser bom, basta amar o que se faz; mas gostar só não basta, tem que amar. Foi o que todos estes homens e mulheres maravilhosos fizeram, é o que norteia o comportamento dos verdadeiros heróis, que não pensam na glória, só na missão. E o herói não é exatamente o ídolo, este costuma ser venerado e muitas vezes de barro, como temos visto amiúde; os heróis não procuram a fama, fogem dela. Quem corre atrás da fama não tem perfil de herói, precisa dela para sustentar seu ego fraco. Não confundir com aqueles que inevitavelmente ficam célebres porque seus feitos são inocultáveis; casos fortuitos, exceções. Luiz Leitão luizleitao@ebb.com.br

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