Duas gerações de sedimentos em Marte

Este cenário colorido está localizado na região de Noctis Labyrinthus, em  Marte, posicionado alto na escarpa Tharsis das seções mais altas do sistema de cânions Valles Marineris.

Focalizando as protuberâncias do leito rochoso de bordas brilhantes, a imagem também registra a interação de dois tipos de sedimentos soprados por ventos. Circundando as protuberâncias do leito rochoso há uma rede de cordilheiras vemelho claro com um complexa morfologia inteligada. Essas pálidas cordilheiras lembram as mais simples “cordilheiras transversas aeolianas” (chamadas TARs), que são comuns nas regiões equatoriais de Marte.

As TARs ainda são pouco compreendidas, e são  de várias formas atribuídas a dunas produzidas por ventos reversos, ásperas ondulações granuladas, ou depósitos de poeira endurecida.  Observações das TARs pelo HiRISE mostraram até agora que essas formas de leito são estáveis com o passar do tempo, indicando que ou elas se formam lentamente durante escalas de tempo muito mais longas que a duração da missão do MRO, ou que se formaram no passado, durante períodos de condições atmosféricas muito diferentes das presentes.

Dunas de areia escura consistem no segundo tipo de sedimentos soprados por ventos visíveis nesta  imagem. A duna de areia escura vista logo abaixo do centro  do contorno exibe características que são comuns em dunas de areia ativas observadas pelo HiRISE em outros locais de Marte, inclusive em conjuntos de pequenas ondulações cruzando em xadrez o topo da duna. Em muitos casos, é o movimento dessas ondulações menores que causam o avanço das dunas de areia marcianas. As dunas escuras são formadas por grãos  compostos de minerais ricos em ferro, derivados de rochas vulcânicas em Marte, ao contrário das claras dunas ricas em quartzo típicas da Terra.

Esta imagem mostra claramente a duna escura situada no topo da clara rede TAR, indicando que as dunas de areia são mais jovens do que as TARs. Além do mais, a aparência fresca das dunas de areia sugere que elas são atualmente ativas, e podem ajudar a formar a incomum morfologia  TAR ao soprarem areia nas TARs no meio ambiente dos dias atuais.

Tradução de Luiz Leitão