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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Peças de reposição militares falsificadas



Um  Lockheed Martin C-130J "Super Hercules"


O Comitê para as Forças Armadas do Senado dos Estados Unidos disse que seus pesquisadores descobriram  1.800 casos em que o Pentágono comprou equipamentos eletrônicos possivelmente falsificados.

No total, o comitê disse ter descoberto que mais de um milhão de peças falsificadas foram usadas em aviões militares como o jato de transporte Boeing C-17 e o Lockheed Martin C-130J "Super Hercules".


O comitê também descobriu componentes falsificados em helicópteros Boeing CH-46 Sea Knight e no sistema de mísseis de defesa Theatre High-Altitude Area Defence (THAAD). 
"Um milhão de peças é certamente uma grande quantidade. Mas eu quero reiterar isto: nós só examinamos uma parte da cadeia de suprimentos de defesa. Então, esses 1.800 casos são só a ponta do iceberg" disse o Senador Carl Levin.

Em cerca de sete entre dez casos, as peças falsificadas vieram da China, e outros 20 casos examinados apontavam para o Reino Unido e o Canadá, conhecidos locais de revenda de produtos falsificados de origem chinesa.


Na província de Guangdong, sul da China, microchips falsificados são frequentemente contrabandeados de fábricas, ou retirados de placas de circuito de computadores antigos antes de terem suas marcas de identificação apagadas, ou de serem repintados como se fossem novos.


Em mercados da China, microchips de "uso militar" são anunciados abertamente, embora sejam chips comuns, de uso civil, apenas remodelados e reembalados.


Chips de uso militar são projetados para suportar condições de temperatura e umidade extremas muito superiores, e há o receio de que as partes falsificadas chinesas possam apresentar falhas súbitas.


"Não podemos aceitar o risco de um interceptador balístico falhar em atingir seu alvo, ou de um piloto de helicóptero não conseguir disparar seus mísseis, ou, ainda, quaisquer outras falhas em missões por causa de peças falsificadas," disse John McCain, senador Republicano  da comissão.


Especialistas disseram que os problemas não são novidade, e datam de uma decisão da administração Clinton, nos anos 1990, que visava ao corte de custos, pedindo ao Pentágono para comprar componentes eletrônicos "de estoque, de linha", em vez de projetar sistemas próprios.


Como os fabricantes de eletrônicos se mudaram para a  China, os Estados Unidos foram se tornando cada vez mais incapazes de controlar a qualidade de seus equipamentos militares. Parte do chips falsificados são comprados pelo Pentágono no mercado livre, para fazer a manutenção de sua frota mais antiga, cujos veículos têm circuitos fora de linha, obsoletos. Esses chips são frequentemente recuperados por negociantes chineses de sucata, das montanhas de lixo eletrônico que se acumulam no sul do país.


Em 2008, uma investigação do Departamento de Comércio dos Estados Unidos descobriu cerca de 7.400 incidentes de eletrônicos falsificados em equipamentos militares, e em 2005, documentos internos do Pentágono sugeriam que teria havido episódios de mau funcionamento de equipamentos por causa de peças falsificadas.


O comitê do Senado disse que a China deveria "agir imediatamente" a fim de restringir seu florescente mercado negro eletrônico.


No entanto, Song Xiaojun, um ex-oficial do Exército de Libertação "do Povo", que se tornou um comentarista de cunho nacionalista da mídia chinesa, disse que os Estados Unidos "se colocaram eles próprios naquela situação".


"Os Estados Unidos vêm desativando fábricas desde os anos 1960," disse. "E desde o governo Clinton, os Estados Unidos fecharam os olhos para os requisitos militares. Como os EUA seguiram cortando o orçamento, os negociantes de armamentos passaram a fornecer produtos de qualidade inferior," acrescentou. "Esse ataque à  China é político, por causa das eleições que se aproximam (nos EUA). Mas eles não devem culpar a China, essa é uma questão "de mercado". A única alternativa dos EUA é comprar seus componentes da Coreia ou do Japão, mas isso faria seus custos subirem cem vezes."


Numa entrevista ao New York Times, domingo, Leon Panetta, secretário de Defesa dos Estados Unidos, confirmou que o país poderá ter de reduzir gastos com novas compras de armamentos,  já que irá cortar US$450 bilhões do orçamento da Defesa durante a próxima década.

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