PF desarticula quadrilhas especializadas em fraudes bancárias na internet e reduz em 60% os golpes. A Polícia Federal realiza na manhã desta quinta-feira, 24, duas operações, a Operação Online no Pará e a Dedicado no Rio Grande do Sul, para combater fraudes bancárias na internet.
Estima-se que as fraudes bancárias na rede sejam reduzidas em mais de 60%. Estão sendo cumpridos 9 mandados de prisão preventiva, 16 de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Tramandaí, e 25 mandados de prisão preventiva, 8 mandados de condução coercitiva em Marabá/PA. Na última sexta-feira, 18, 33 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos municípios de Marabá, Belém/PA, Goiânia/GO e Curitiba/PR.
A Operação Dedicado desarticulou uma quadrilha que atuava havia mais de 10 anos com programadores de alto nível. Eles alugavam servidores de mais de 1 terabyte para outros criminosos e cobravam pelo serviço. As fraudes consistiam em invasão de contas da Caixa Econômica Federal e outros bancos para subtrair valores, por meio de transferências a “laranjas”, pagamento de boletos bancários e tributos (especialmente IPVA) e compras de mercadorias (como materiais de construção).
Empresas de fachada à serviço do grupo eram usadas para emitir boletos sem a devida contrapartida em relação à prestação de serviços ou venda de produtos para que fossem quitados usando valores desviados das contas invadidas. Também era intensa a atuação da quadrilha na aquisição de mercadorias e serviços usando cartões de crédito fraudados. Além disso, o grupo invadia contas de clientes de empresas aéreas para emitir passagens a terceiros usando os pontos do programa de milhagem das vítimas.
As investigações foram conduzidas pelo Grupo de Repressão a Fraudes Bancárias Eletrônicas –GFEL, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários -DELEFAZ, e foram iniciadas em abril de 2010.
Utilizando cruzamentos de informações provenientes do Projeto Tentáculos, identificou-se a quadrilha, liderada por um gaúcho, e seu braço-direito, um paraense. O nome da operação vem do fato de a quadrilha usar servidores dedicados de rede, localizados no exterior, como forma de tentar ocultar suas ações e dificultar as investigações.
No Pará, a PF vinha investigando a quadrilha que era especializada em fraudar contas de empresas privadas e pagar boletos com valores em torno de R$15 mil, além de “lavar dinheiro” com empresas de venda de cimento em Marabá(PA). Nesse período, foram identificados programadores, usuários dos vírus e programas maliciosos, “plaqueiros” ou “cartãozeiros” (responsáveis por arregimentar contas bancárias para onde o dinheiro obtido com a fraude é enviado), bem como envolvimento criminoso de um policial militar com os ilícitos.
A investigação foi realizada pelo Grupo de Combate a Fraudes Eletrônicas Bancárias da Superintendência Regional da PF no Pará, criado há pouco mais de um ano.
PREJUÍZO
O valor total estimado das fraudes cometidas apenas no período de investigação estimado é de mais de R$ 5 milhões no Rio Grande do Sul e R$ 3 milhões no Pará, podendo atingir valores bastante superiores a partir da análise do material apreendido.
Os investigados responderão pelos crimes de furto qualificado (Art.155, parágrafos 1º, 3º e 4º, incisos “II” e “IV”, do Código Penal), estelionato (Art. 171, e 171 § 3º do Código Penal), formação de quadrilha (Art. 288 do Código Penal) e interceptação telemática criminosa (Art. 10, da Lei nº 9.296/95). Somadas, as penas podem ultrapassar 25 anos de reclusão.
EFETIVO
No total, participaram das operações 238 Policiais Federais da Superintendência do Pará, do Rio Grande do Sul, do Distrito Federal e das Delegacias de Marabá/PA, Redenção/PA e Imperatriz/MA, com apoio das Superintendências do Goiás e do Paraná.
TENTÁCULOS
As investigações fazem parte do Projeto Tentáculos da PF, uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Ministério Público Federal, com a utilização de um software desenvolvido para investigar fraudes realizadas contra o banco. Outra parceria com a FEBRABAN já foi firmada e, em breve, a PF estará recebendo informações sobre crimes praticados contra as demais instituições do sistema bancário nacional.
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