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sábado, 11 de junho de 2011

Floriano Martins e Viviane de Santana Paulo

L U V N I S

argolas de espera me arrastam
ou somos nós que as arrastamos? criamos estes aros?
me solto do não saber do abandono para cair
no falso que invento todo esse tempo
e as pequenas formas do cotidiano que a gente não percebe
e que estão por tão leves vozes ao vento
a noite amiúda os truques de nossa busca
ou somos nós que nos despistamos?
ao mastigar a engrenagem dos ecos
deixamos que soletrem em nosso íntimo as imagens
que reservamos às ilusões mais comuns
a noite sussurra como uma lâmina em minha pele
e me desvio do real
para te encontrar iniciando as formas
grifando os pronomes diante dos verbos
não sou maiúscula me desfaço dos pontos e vírgulas
e me atiro no poço que a paixão enche
de querer de busca de sede de pressa
de dor de cabeça de naipes de coisa indecifrável
de inédito dito exorbitado demandamos
a farsa da lua que mostra algo outro
o perspectivo impostor das sombras
o embuste de nossos corpos distantes
trabalhamos árduos para sermos a antera desta
ilusão e as pequenas formas do cotidiano que a gente não percebe
e que estão por tão leves gota de suor de espera
de indagação se derramando nas teclas do pensado
e trago a tua voz para dentro da noite
para o centro da trama em que tudo se esquece
deixo tuas palavras crescerem no interior desse mundo perdido
o corpo descarnado da memória
a luz esmagada pelas sombras
as janelas retorcidas impedindo que qualquer coisa entre ou saia
trago a tua voz para que se revire toda
como a pedra inflamada de suores negros
e ouço o silêncio aflito dos móveis pela casa inteira
deixo a voz silabar vultos nos espelhos
não quero escutar a distância de nossos corpos
mas as raias da palma da mão coberta de palavras
sublinhando seu peso nas fendas do que criamos
colho a solidão de cada sala vazia
para desenhá-la no vaso sobre a cômoda do que não
se faz necessário
ou para ruminá-la com os aros os ecos o silêncio a distância
é preciso continuar dilatando os poros na pele das horas
resgatar as pálpebras fechadas ante o sentir
e deixar de flagrar no espelho a vida de um reflexo de lâmpada
acesa na calçada que continuou indiferente
minha pele se destaca assim abrindo um lírio dentro da noite
e vou buscar um novo sítio para a mobília extraviada
intuindo o cheiro com que se revelam as novas sobras do vivido
essa miudeza com que por vezes esquecemos de celebrar o instante
quantas vezes o verbo quer ir e vir de uma face a outra do abismo?
quantas vezes dizemos às pequenas formas do cotidiano
que não se ausentem de si?

poema | floriano martins y viviane de santana paulo
imágenes | floriano martins
traducción | gladys mendía
english version| luiz leitão
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L U V N I S



¿argollas de espera me arrastran
o somos nosotros que las arrastramos? ¿creamos estos aros?
me suelto del no saber del abandono para caer
en lo falso que invento todo ese tiempo
y las pequeñas formas de lo cotidiano que no percibimos
y que están por ahí tan leves voces al viento
¿la noche aminora las trampas de nuestra búsqueda
o somos nosotros que nos despistamos?
al masticar el engranaje de los ecos
dejamos que deletreen en nuestro interior las imágenes
que reservamos a las ilusiones más comunes
la noche susurra como una lámina en mi piel
y me desvío de lo real
para encontrarte iniciando las formas
subrayando los pronombres delante de los verbos
no soy mayúscula me deshago de los puntos y comas
y me lanzo en el pozo que la pasión llena
de querer de búsqueda de sed de prisa
de dolor de cabeza de naipes de cosa indescifrable
de inédito dicho exorbitado
requerimos la farsa de la luna que muestra algo otro
lo perspectivo impostor de las sombras
el embuste de nuestros cuerpos distantes
trabajamos arduo para ser la antera de esta ilusión
y las pequeñas formas de lo cotidiano que no percibimos
que están ahí tan leves gota de sudor de espera
de indagación derramándose en las teclas de lo pensado
y trago tu voz hacia dentro de la noche
hacia el centro de la trama en que todo se olvida
dejo tus palabras crecer en el interior de ese mundo perdido
el cuerpo descarnado de la memoria
la luz oprimida por las sombras
las ventanas retorcidas impidiendo que cualquier cosa entre o salga
trago tu voz para que se revire toda
como la piedra inflamada de sudores negros
y oigo el silencio afligido de los muebles por la casa entera
dejo la voz silabear bultos en los espejos
no quiero escuchar la distancia de nuestros cuerpos
sino las rayas de la palma de la mano cubierta de palabras
subrayando su peso en las hendiduras de lo que creamos
tomo la soledad de cada sala vacía
para dibujarla en el vaso sobre la cómoda de lo que no
se hace necesario
o para rumiarla con los aros los ecos el silencio la distancia
es necesario continuar dilatando los poros en la piel de las horas
rescatar los párpados cerrados ante el sentir
y dejar de flagrar en el espejo la vida de un reflejo de lámpara
encendida en la calle que continuó indiferente
mi piel se destaca así abriendo un lirio dentro de la noche
y voy a buscar un nuevo sitio para el mobiliario extraviado
intuyendo el olor con que se revelan las nuevas sobras de lo vivido
esa pequeñez con que a veces olvidamos celebrar el instante
¿cuántas veces el verbo quiere ir y venir de una cara a otra del abismo?
¿cuántas veces decimos a las pequeñas formas de lo cotidiano
que no se ausenten de sí?


L U V N I S

 

rings of waiting drag me or are we who drag them? Did we create these rims?
I free myself from not knowing about the abandon to fall in the false I invent all this time
and the small forms of daily we don’t realize
and that  are around so light voices in the wind
the night belittles our search’s tricks
or are we who  outwit ourselves?
by chewing the echoes’ gear
We allow them to spell in our intimacy the images we spared for the most common illusions
The night whispers like a blade on my skin and I deviate from real
To meet you  initiating the forms underlining the pronouns before the verbs
I’m not capital and I get rid of dots and commas
and I throw myself in the well passion fills with want of seek of thirst of hurry
of headache of  suits of  undecipherable stuff of inedited said in excess we demand the Moon’s farce that shows something other the
 perspective impostor of shades
the hoax of our distant bodies
we work hard to be the anther of this illusion  and the small forms of daily we don’t realize
and whish are around so light drop of sweat of waiting
of quest  spilling on the Keys of thought and I bring your voice inside the night to the centre of the plot in which everything is forgotten
I let your words grow inside this lost world
the gaunt body  of memory
the light smashed by the  shades
the  twisted windows keeping anything from entering or leaving
I bring your voice so that it rolls all
like the swollen stone  of black sweat
and I hear the silence distressed  silence of furniture all over the house
I let the voice syllabicate figures in the mirrors
I don’t want to hear the distance o four bodies but the lines of the hand’s  palm covered with words
underlining your weight in the gaps of what  we created
I harvest the loneliness of each empty room to draw it on the vase on the
dresser of what becomes  unnecessary or to   ruminate it with the  rims the echoes of silence the distance
it’s necessary to keep  dilating the pores in the skin of hours to rescue the eyelids closed faced with feeling
and stop to catch in the mirror the life of a lit  lamp
on the sidewalk which kept indifferent
my skin detaches this way opening a lily inside the night and I go
search a new site for the lost furniture
intuiting the smell with which new shades of lived reveal
this giblets with which we sometimes forget to celebrate the moment
how many time does verb want to come and go from a face to another of abyss?
how many times we  tell the small forms of daily not to absent from themselves?


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