Palestra
ministrada pela delegada Margarette Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e
Delitos de Intolerância (Decradi), na sede da OAB, reforça a questão da educação
no combate aos crimes motivados pelo preconceito e pelo uso de ideologias
Crimes praticados no todo ou em parte por preconceito do
agressor contra uma raça, etnia, religião, orientação sexual, origem nacional e
deficiência física são considerados Crimes de Ódio. O tema foi abordado pela
delegada Margarette Francisca Corrêa Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e
Delitos de Intolerância, na manhã desta terça-feira (07), durante uma palestra
na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na Praça da Sé, no centro de São Paulo.
Para ela, somente a educação pode combater esse tipo de prática, pois essa "é a
arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo.
Os autores, segundo Margarette, "são pessoas que usam de suas
ideologias para cometer crimes"; ou seja, são pessoas que se consideram normais
para o padrão da sociedade e não aceitam as diferenças do outro. Existem vários
tipos de crimes de intolerância, entre eles os raciais ou étnicos, os
religiosos, contra deficientes físicos e mentais, contra pessoas com orientação
sexual diferente etc.
Como exemplos de crimes de intolerância à orientação sexual, a
delegada citou três exemplos, todos contra homossexuais, ocorridos na Capital. O
primeiro foi em 2007, contra um francês que estava no Brasil. No dia da Parada
Gay, realizada anualmente na avenida Paulista, ele foi até um bar e, ao sair do
estabelecimento, foi esfaqueado por um homem que já tinha atacado outros
homossexuais. O segundo caso citado foi de um casal homossexual que andava de
mãos dadas pela Praça da Sé e foi espancado por um grupo de 'skinheads'
(originários da década de 1960, no Reino Unido). E, o último, foi de três jovens
que recentemente apanharam de um grupo na avenida Paulista, também devido à
opção sexual deles.
Em qualquer lugar
Crimes de ódio podem ser cometidos em qualquer lugar, como, por exemplo, em um estádio de futebol. Por ser um esporte de massa transmitido por todas as mídias, acaba mexendo com os sentimentos do público que, na hora do jogo "aproveita a oportunidade para colocar pra fora todo seu preconceito", justifica Margarette. Dessa forma, os preconceitos, principalmente raciais, cometidos contra jogadores negros, se tornou uma prática comum no meio."Os crimes de ódio não só impactam a vítima, mas atingem a sociedade como um todo", alega a delegada.
Um importante e poderoso meio utilizado para propagar crimes de
intolerância é a internet, onde idéias divulgadas influenciam as pessoas. Um
caso recente de crime de intolerância propagada pelo meio foi contra a origem
nacional, quando uma mulher, em uma das redes sociais "falou mal" de pessoas
oriundas do nordeste. Para a delegada, esse tipo de crime é relacionado com as
crenças e ideologias que a pessoa aprende e cultiva desde criança.
E, segundo Margarette, para combater esse tipo de prática a
sociedade precisa de educação, pois essa "é a arma mais poderosa que você pode
usar para mudar o mundo".
Influenciando a história
Os crimes de ódio moldaram e influenciaram a história. Seu retrospecto remonta às perseguições dos cristãos pelos romanos, a de Adolf Hittler contra os judeus; o genocídio em Ruanda. Nos Estados Unidos, os exemplos incluem o linchamento de negros, agressões a homossexuais e a pintura de suásticas em frente às sinagogas.
O FBI ( Federal Bureau Of Investigation) possuiu um estudo
muito aprofundado sobre os crimes de ódio, que eles chamam de Hates Crimes. Em
2009 divulgaram uma estatística sobre os principais crimes de intolerância
cometidos. Em primeiro lugar ficou os crimes com viés racial, com 48,05%, em
segundo com viés religioso, com 19,7%, em terceiro os de orientação sexual, com
18,5%, em quarto os de etnia / nacionalidade, com 11,8%; e, por último, os
crimes contra deficientes físicos, com 1,5%.
No Brasil, segundo Margarette, os crimes mais registrados em
sua delegacia são de intolerância racial ou étnica, seguida da esportiva,
orientação sexual, religiosa, e, por último, de deficiência física ou mental.
Eles são cometidos em sua maioria por homens quem possuem ideologias e culpam
determinados grupos por seus infortunios.
Fonte: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo
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