Do primeiro coração artificial até hoje vão longos anos, e a promessa atual é o bioartificial, ou biosintético, um coração que praticamente "ressuscita".
Foto: nas 3 primeiras imagens, esquerda, a descelularização do coração de um rato; nas 2 à direita, a recelularização.
Agora, cientistas da Universidade de Minnesota, EUA, conseguiram criar um coração atificial que bate normalmente, como o natural, a partir de tecidos cardíacos de animais.
Embora seja ainda apenas uma fase experimental, e muitos anos ainda se passarão até que a técnica esteja disponível, as portas se abrem para a fabricação de todo tipo de órgão bioartifical para transplantes.
O objetivo é desenvolver vasos sanguíneos e órgãos completos - olhos, inclusive - que se regeneram com células do próprio paciente, eliminando problemas de rejeição e de falta de doadores.É a primeira vez que se consegue isso, um coração que realmente bate. utilizam-se "tijolos" biológicos da Natureza para construir novos órgãos.
A técnica de chama "descelularização", uma lavagem com detergentes apropriados, que elimina células, deixando somente a estrutura do órgão, o "chassis", por assim dizer. Depois disso, injetam-se células cardíacas de ratos recém-nascidos (nas experiências) neste órgão sem vida, e depois deixa-se o conjunto em cultivo.
Apenas quatro dias depois de inciado o processo, o coração bioartificial começou a se contrair, a bater descompassadamente, e oito dias depois, no ritmo normal.Veja o vídeo, em inglês:
Aqui vão algumas informações mais abrangentes, para quem se interessar:
A técnica permitirá dispensar drogas anti-rejeição, segundo a equipe pesquisadora, cujo trabalho foi publicado hoje (12/1/08) no jornal Nature Medicine da Universidade de Minnesota. A descoberta poderá revolucionar o tratamento de 22 milhões de cardiopatas. A equipe tomou um coração de rato completo e removeu suas células, preservando a estrutura, que foi repovoada com novas células. Não se fala em tecido ósseo, mas qualquer órgão vascularizado. Embora os custos ainda sejam proibitivos, já é possível construir um coração humano. Criar grandes biorreatores – os vasos onde os órgãos são criados, ou repovoados – e os reagentes custaria hoje dezenas de milhares de dólares para cada coração. Hoje, quando se transplanta órgãos, cujo suprimento é limitado, os pacientes têm de ser mantidos sob imunossupressão pelo resto da vida, para prevenir rejeições de coração, fígado, rim, etc.
Um novo coração criado por decelularização pode ser preenchido com células-tronco do receptor, e deve ser muito menos suscetível à rejeição. E, uma vez transplantado, o coração deve, em tese, ser acomodado, regulado e regenerado de forma semelhante à de um coração substituído.
Nesta versão da experiência, foram usadas células cardíacas imaturas; e a meta agora é usar as células-tronco do paciente para fazer um novo coração, que poderão vir de medula, coração, músculo ou ossos, dependendo de para aonde as experiências conduzirem as pesquisas.
Poderá ser uma solução fantástica para a Insuficiência Cardíaca (ICC).
Os estudos são preliminares, incipientes, mas demonstram que células-tronco podem crescer em um “esqueleto”, um chassis de coração doado, embora ainda seja cedo para dizer se a solução será viável.
A drª Anita Thomas do Instituto Australiano de Bioengenharia e Nanotecnologia, da Universidade de Queensland, diz: “ Há outras etapas importantes a vencer antes de se ir adiante: precisamos ver o que ocorre quando estes corações artificiais são colocados em um receptor animal por um período. Os autores do artigo têm conhecimento técnico suficiente e ainda não revelaram os resultados. Aguardamos ansiosamente a próxima publicação.”
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