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quarta-feira, 4 de julho de 2007

Fidel Castro estava certo

Quem conhece o blogueiro aqui sabe que não rezo pela cartilha de ditadores, mas não é por isso que não haveria de reconhecer a validade dos argumentos de um deles quando razoáveis. O velho Fidel acertou quando disse que os biocombustíveis iriam concorrer com a produção de alimentos. Sem defender exageros e radicalismos do líder cubano, vejam o que diz a ONU: Estudo diz que biocombustíveis elevarão preços de alimentos Reportagem de João Caminoto, O Estado de S. Paulo Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que os preços dos produtos agrícolas vão continuar subindo nos próximos dez anos, beneficiando as exportações dos grandes produtores dessas commodities, como o Brasil. "Os atuais preços altos no mercado mundial para muitas commodities agrícolas são causados, em boa parte, por fatores de natureza temporária, como carências na oferta provocadas por secas, e estoques baixos", afirma o estudo Perspectiva Agrícola 2007 - 2016 OCDE-FAO, apresentado nesta manhã em Paris. "Mas mudanças estruturais como o aumento na demanda de matéria prima para a produção de biocombustível, e a redução de superávits causados por reformas implementadas no passado em políticas no setor agrícola, podem manter os preços acima dos níveis de equilíbrio históricos durante os próximos dez anos." O estudo prevê que os preços de todas as commodities agrícolas vão subir nos próximos dez anos. "A crescente presença dos mercados da Argentina e Brasil é impressionante", disse. "Enquanto o crescimento no Brasil é mais concentrado no açúcar, óleos vegetais e carnes, o desempenho exportador da Argentina também cobre cereais e muitos produtos laticínios", disse. A China deve continuar aumentando sua fatia nos volumes globais de importações de várias commodities agrícolas. O levantamento observa que os preços mais elevados das commodities agrícolas representam uma preocupação para os países importadores como também para as camadas pobres das populações urbanas. Isso, segundo o estudo, deve alimentar o debate corrente sobre a validade do uso dessas commodities para a produção de biocombustíveis, ao invés de direcioná-las esse produtos para a alimentação. "Além disso, embora preços mais elevados de matéria prima para biocombustíveis possa elevar a renda dos produtores dessas commodities, eles implicam em custos mais elevados e renda menor para os produtores que usam as mesmas commodities na forma de ração de animais." Segundo o levantamento, a expectativa de que os preços dos produtos agrícolas vão se manter num patamar elevado pode facilitar novas reformas de políticas de subsídios ao setor. "Isso reduziria a necessidade de proteção nas fronteiras e ofereceria flexibilidade para reduções de tarifas", disse. A OCDE prevê que o crescente uso de cereais, açúcar e óleos vegetais para satisfazer a necessidade da indústria de biocombustíveis, que se expande rapidamente, é um dos principais fatores que vão afetar o cenário agrícola nos próximos anos. Substanciais quantidades de milho nos Estados Unidos, trigo na União Européia e açúcar no Brasil serão usados na produção de etanol e biodiesel. "Isso está pressionando para cima os preços das safras e, indiretamente através das rações, os preços para os produtos animais também."

2 comentários:

  1. Eu gostaria de entender, por que, se a procura aumenta, os preços ao envez de cairem sobem?
    Afinal, se á muito mais procura, se se pretende consumir muito mais produtos, os preços dos produtos não deveriam baixar?
    Realmente não entendo... Deve ser o efeito Brasil de ser.

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  2. Caro anônimo,

    A procura aumenta muito mais do que a oferta, esse é o problema. Se estivesse sendo possível plantar e colher de modo a atender ao aumento de demanda, daria certo, mas não adianta um produtor abandonar, por exemplo, a cultura de milho ou soja e plantar cana, porque vai diminuir a quantidade disponível de milho e soja, com aumento dos preços. Acontece agora no México, o preço da tortilha, alimento popular à base de milho subiu 80%. Esse é o problema, a competição entre alimentos e biocombustíveis. Não que seja errado investir nisso, mas é preciso equilibrar as coisas.

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