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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Uma 'tempestade solar extrema' poderia ter causado um apagão na Terra


A data de 23 de Julho de 2012 poderia ter sido o dia em que as luzes se apagaram, juntamente com smartphones subitamente não tão smart (inteligentes), computadores, transmissões de satélites, sistemas de navegação por GPS, televisão, transmissões de rádio,equipamentos hospitalares, bombas elétricas, fornecimento de água.
Naquele dia, uma "tempestade solar extrema" fez de tudo para acabar com as formas de vida conhecidas na Terra. O Sol expeliu uma das maiores nuvens de plasma já detectadas, à velocidade de 3.000 km por segundo, mais de quatro vezes superior à de uma erupção solar típica. Por sorte, ela errou o alvo.
"Se tivesse nos atingido, estaríamos até hoje juntando os cacos," disse Daniel Baker, do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade do Colorado, nos EUA. "Saí de nossos estudos recentes mais convencido  que nunca de que a Terra e seus habitantes tiveram uma sorte incrível pelo fato de a erupção de 2012 ter ocorrido naquela data. Tivesse sido apenas uma semana antes, a Terra teria estado na linha de fogo."
Com colegas da Nasa e de outras universidades, Baker estudou o desastre que não houve. Se a ejeção de massa coronal (CME) tivesse atingido a Terra, teria desativado "tudo que se conecta em tomadas".
Teria havido uma grande interrupção de todas as comunicações via satélite, e flutuações elétricas que teriam explodido os transformadores de nossas redes de transmissão de eletricidade. A maioria das pessoas não teria podido abrir  torneiras ou dar a descarga em privadas porque o abastecimento urbano de água depende muito de eletricidade.
A Nasa calculou que o custo teria sido 20 vezes maior que o da devastação causada pelo furação Katrina, que foi de US$ 2 trilhões.
A tempestade teria começado com uma labareda solar, que, por si só, pode causar blecautes de rádio e falhas em navegação por GPS. Se a Terra tivesse estado em seu caminho, isso teria se seguido, minutos ou horas depois,  pelos elétrons e prótons acelerados pelo jato, seguido da CME — uma nuvem de plasma magnetizado de bilhões de toneladas.
Há uma grande quantidade de dados na tempestade para Baker e os outros cientistas estudarem porque, embora a nuvem de plasma tenha passado longe da Terra, atingiu uma espaçonave carregada com equipamentos de monitoração.
A tempestade solar foi descrita como um " Evento Carrington" após a tempestade solar observada pelo astrônomo inglês Richard Carrington, em 1859. Ele viu a instigante labareda, e, nos dias seguintes,  uma série de CMEs atingirem a Terra. Como na época os motores eram a vapor, e o transporte era feito a cavalo, aquela foi menos prejudicial do que seria uma ocorrência semelhante nos dias de hoje, mas fez com que as linhas de telégrafo em todo o planeta emitissem fagulhas suficientes para incendiar alguns postos telegráficos. Houve também espetaculares auroras boreais, ou Luzes do Norte, vista de latitudes tão ao sul quanto Cuba, e tão de brilho tão intenso em alguns locais que as pessoas podiam ler jornais do lado de fora das casas em plena noite.
"A meu ver, a tempestade de julho de 2012 foi, em todos os aspectos, no mínimo, tão forte quanto o evento  Carrington em 1859," disse Baker. "A única diferença é que não atingiu a Terra."
De fato, 2012 foi um ano em que o mundo escapou por um triz: A Nasa também divulgou um comunicado à imprensa, em 22 de dezembro de 2012, que começava assim: "se você está lendo esta história, é porque o mundo não acabou em 21 de dezembro". E veio acompanhado de  um vídeo explicando "por que o mundo não acabou ontem".
A labareda era um motivo de pânico muito mais plausível do que as estórias de dezembro, que se baseavam em uma compreensão errônea dos antigos calendários Maias, que, dizia-se, acabariam em 21 de dezembro de 2012. Isso foi amplamente interpretado como significando que os astrônomos maias teriam tido um mau palpite sobre os eventos daquele dia. Agora, parece que não foi bem assim, e o mundo ficou chocado.

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