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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma ponte espiral de jovens estrelas ligando duas antigas galáxias

O Telescópio Espacial Hubble fotografou uma estrutura incomum, com 100.000 anos-luz de extensão, que lembra um colar de pérolas em formato de saca-rolhas e ventos ao redor dos núcleos de duas galáxias em colisão.
A singular estrutura da espiral de estrelas pode resultar em novas ideias a respeito da formação de superaglomerados estelares que resultam de galáxias em fusão e  da dinâmica dos gases neste processo raramente visto.
"Ficamos surpresos em encontrar esta impressionante morfologia. Há muito tempo sabemos que o fenômeno 'pérolas em um colar'  é visto nos braços de galáxias espirais e em pontes de marés gravitacionais entre galáxias interativas. No entanto este arranjo de superaglomerado em particular nunca havia sido visto antes em gigantescas galáxias elípticas se fundindo," disse Grant Tremblay , do Observatório Austral Europeu em Garching, na Alemanha.
Aglomerados de superestrelas jovens, azuis, são uniformemente espaçados ao longo do colar através das galáxias, com separações de 3.000 anos-luz. O par de galáxias elípticas está incrustado profundamente no interior do denso aglomerado galáctico chamado SDSS J1531+3414. A poderosa força gravitacional do aglomerado distorce as imagens das galáxias de fundo em faixas azuis e arcos que dão a ilusão de estarem dentro do aglomerado, um efeito chamado lente gravitacional.
Astrônomos observadores inicialmente lançaram a hipótese de que o  "colar de pérolas" seria, na verdade, uma imagem sob o efeito de lente gravitacional de uma dessas galáxias de fundo, mas suas recentes observações de acompanhamento com o Telescópio Óptico Nórdico em  Santa Cruz de Tenerife, na Espanha, descartaram aquela hipótese.
O aglomerado galáctico faz parte de um programa do Hubble de observação de 23 aglomerados massivos que criam potentes efeitos de lente gravitacional no céu. Os aglomerados foram inicialmente catalogados no Sloan Digital Sky Survey (SDSS), um projeto para criar os mais detalhados mapas tridimensionais já feitos do universo. A equipe de Tremblay descobriu o estranho colar de superaglomerados por acaso, ao revisar imagens que vinham  do Hubble. Os pesquisadores ficaram impressionados com o que viram em SDSS J1531+3414, e a singular natureza da fonte estimulou a equipe a fazer observações de acompanhamento com telescópios baseados no solo e no espaço.
Os processos físicos subjacentes que fizeram surgir a estrutura "colar de pérolas" estão relacionados à instabilidade Jeans, um fenômeno físico que ocorre quando a pressão interna de uma nuvem de gás interestelar não é forte o suficiente para impedir o colapso gravitacional de uma região cheia de matéria, resultando em formação estelar. Este processo é análogo ao que faz com que uma coluna de água caindo de uma nuvem de chuva se rompa, e com que a chuva caia em gotas, em vez de jatos contínuos.
Cientistas atualmente estão trabalhando parachegar a uma melhor compreensão da origem do colar de estrelas. Uma possibilidade é a de que o frio gás molecular que alimenta o surto de formação estelar possa ter sido originado nas duas galáxias em fusão. Outra possibilidade é o chamado cenário "fluxo de resfriamento", no qual o gás se resfria da atmosfera ultra quente de plasma que circunda as galáxias, formando lagos de gás molecular frio que começa a formar estrelas. A terceira possibilidade é a de que o gás frio que alimenta o colar de formação estelar se originaria de uma onda de choque de alta temperatura criada quando as duas gigantescas galáxias elípticas colidiram entre si. Essa colisão comprimiria o gás e criaria uma folha de denso  plasma se resfriando.
"Seja qual for a origem deste gás de formação estelar, o resultado é incrível. É muito emocionante. Não se pode encontrar uma explicação mundana para isso," disse Tremblay.

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