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domingo, 1 de junho de 2014

Teletransporte


O transporte de pessoas do tipo "por raio" através do espaço visto nos espiódios de Star Trek (Jornada nas Estrelas) poderia vir a se tornar realidade em algum momento do futuro distante, disse o chefe de um marcante experimento de teletransporte.
Não há nada nas leis da física que impeça o teletransporte de grandes objetos, inclusive de pessoas, assinalou o professor Ronald Hanson.
Em compensação, é fisicamente impossível que algo viaje mais rápido que a luz.
''O que se teletransporta é o estado de uma partícula,'' disse o professor Hanson, da Universidade  Delft  de Tecnologia, na Holanda.
''Se pensarmos que somos apenas um amontoado de átomos mantidos coesos de uma forma em especial, então, em princípio, seria possível nos teletransportarmos de um lugar a outro."
'Na prática, isso é extremamente improvável, mas dizer que é impossível seria algo muito temerário.
''Eu não descarto essa possibilidade porque não há lei da física fundamental que a impeça".
''Mas se um dia isso vier a ocorrer, será num futuro distante.''
A equipe do professor Hanson demonstrou, pela primeira vez, que seria possível teletransportar informações codificadas em partículas subatômicas entre dois pontos distantes três metros entre si, com 100% de confiabilidade.
A demonstração foi um  importante primeiro passo para o desenvolvimento de uma rede semelhante à internet entre computadores quânticos ultrarrápidos, cujo poder de processamento superaria de longe o dos atuais supercomputadores.
O teletransporte explora a estranha forma como partículas ''emaranhadas''  assumem uma identidade misturada, com o estado de uma instantaneamente influenciando a outra, não obstante quão distantes estejam umas das outras.
Ao dar-se a uma partícula um spin ''up'', por exemplo, isso  significaria sempre que sua parceira emaranhada teria um spin ''down'' — teoricamente, até mesmo se ambas as partículas estiverem em lados diferentes do universo.
Albert Einstein descartou esse emaranhamento, considerando-o uma ''ação fantasmagórica à distância'', mas outros cientistas  demonstraram várias vezes  tratar-se de um fenômeno real.
No experimento do professor Hanson, três partículas emaranhadas - um átomo de nitrogênio aprisionado em um cristal de diamante e dois elétrons - foram utilizados para transferir informações de spin à distância de três metros.
Quatro estados possíveis foram transmitidos, cada qual correspondendo a um ''qubit'', o equivalente quântico de um ''bit'' digital.
Cada ''bit'' de informação em um computador clássico representa um de dois valores, normalmente zero ou um.
Mas um ''qubit'', por sua vez, pode significar um zero, um 1, ou uma ''superposição'' de ambos os estados ao mesmo tempo.
A pesquisa foi publicada na mais recente edição online da revista Science.
O professor Hanson disse: ''A principal utilização do teletransporte quântico viria na forma de uma versão da internet, ampliando uma rede global que poderia ser usada para o envio de informações quânticas.
''Nós demonstramos que isso é possível, e funciona toda vez que é testado.
''Isso representa o primeiro passo para a futura internet quântica.
''Uma das finalidades mais  próximas de uma utilização na vida real é a comunicação segura.
''O que se faz é utilizar o emaranhamento como canal de comunicação.
''A informação é teletransportada para o outro lado, e não há como alguém interceptá-la.
''Em princípio, é 100 por cento seguro.''
Um experimento mais ambicioso, envolvendo o teletransporte de informações entre dois prédios no campus da universidade, distantes 1.300 metros entre si, está programado para julho.
Espera-se que isso venha a ser uma resposta à principal objeção de Einstein ao teletransporte — a possibilidade um sinal passar entre partículas emaranhadas, à velocidade da luz.
''Acredito que dará certo,'' disse o professor Hanson.
''Mas é um grande desafio técnico — há motivos para o fato de ninguém ainda ter feito isso até hoje.''

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