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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Lojas de impressão em 3D

Uma das armas impressas Liberator de Cody Wilson, adquirida pelo museu Victoria & Albert 
Há não muito tempo, a ideia da impressão em 3D parecia tão exótica quanto imaginar um carro voador. Neste segundo semestre, ela se tornou uma realidade tangível, se não bizarra, para qualquer um. Na Oxford Street em Londres,  a nova tecnologia está prestes a tornar-se disponível para clientes de lojas de departamento que desejem comprar a reprodução plástica do próprio busto, enquanto neste fim de semana no Museu Victoria & Albert, em Kensington, o controvetido símbolo dessa inovação do design  – a pistola impressa em 3D – estará à mostra pela primeira vez.
Curadores do museu acreditam que a notória arma, desenvolvida nos EUA pelo estudante de direito texano Cody Wilson no primeiro semestre deste ano, e o meio mais inteligente de  ilustrar os problemas que surgirão adiante quando a tecnologia se tornar amplamente disponível.
"Nós conversamos um pouco com Cody Wilson porque seus protótipos nos pareceram importantes para serem incorporados ao acervo do museu," disse Kieran Long, um curador senior de mostras contemporâneas. "Quando comecei a trabalhar aqui, passávamos o tempo todo pensando sobre como poderíamos representar coisas que estão acontecendo atualmente no design. Defensores do desenvolvimento tecnológico frequentemente exageram ao falar sobre o impacto de algo, mas não há dúvida de que este é um passo importante. E creio que seja o trabalho da V&A que irá ajudar as pessoas a perguntar como elas querem que o mundo seja."
Em maio, a invenção da arma impressa, ou "wiki arma", despertou um intenso debate, mas Long acredita que os efeitos potenciais da impressora 3D ainda não foram compreendidos. O museu adquiriu dois protótipos da arma Liberator, uma arma desmontada e alguns intens de arquivo para serem acrescentados a esta coleção de objetos impressos em 3D.
"Até agora, as pessoas se concentraram na habilidade de imprimir coisas em casa, como brinquedos, mas isso parece ser apenas parte da coisa. Ao meu ver, a arma mudou tudo. Ela mostrou as implicações mais profundas da disseminação dos meio de produção. Qualquer um é agora um fabricante potencial."
A dificuldade que o museu enfrentou para garantir esta mostra dá um indicação do que Long quis dizer. Na sexta-feira, Wilson ainda estava esperando para garantir uma licença de exportação dos EUA para enviar uma das suas armas originais à Grã-Bretanha, apesar do fato de que, em tese, ela poderia ser ilegalmente enviada para qualquer lugar do mundo em formato digital.
"Nós temos uma competente equipe de pessoas que lidam com arte, experiente em trazer objetos incomuns, portanto, o problema é com ele," disse Long. "Ele não está conseguindo obter uma licença de exportação, e até que o consiga iremos exibir uma impressa em Londres em seu lugar."
Embora a firma de Wilson, Defense Distributed (http://defdist.org/), tenha uma licença para fabricar armas no Texas, não está claro se ele tem permissão legal para circular com os meios de produção, entre outros. Em consequência disso, ele não gostou de ter aceito o convite da V&A para levar a arma por conta própria.
"Quando nós lhe pedimos para vir, ele disse não poder, pois achava que poderia ser preso. Não existe uma lei que regulamente isso claramente," disse Long. "Não há ainda uma legislação sobre esse tipo de atividade."
O museu pediu ajuda a uma firma de impressão em 3D do centro de Londres, mas a direção disse não se sentir confortável em fazer a arma inteira. "Não é tão simples para eles aqui quanto para é para Cody obter uma licença do Estado do Texas, então a empresa disse que faria a maior parte dela, e o restante dos componentes com modelos de gesso."
O incidente, diz Long, é outro  interessante indício das novas questões que a impressão em 3D desperta.
"Isso mostra que estamos certos sobre o estado-da-arte desta tecnologia agora, e as pessoas vão ter de usar suas referências morais até que a lei se atualize," disse ele.
O museu adquiriu as armas para o London Design Festival, que começa neste fim de semana.Ele já tem licença para armazenar armas, já que detém o acervo nacional  de armas e blindados. De qualquer forma, a arma impressa em 3D exige um componente metálico extra – um pino de disparo – portanto, não atiraria.
Nesse ínterim, Selfridges irá oferecer ao mercado modelos 3D delas próprias a parti de £100 em uma loja de impressão pop-up que será inaugurada no mês que vem, e operada pela iMakr (http://www.imakr.com/) . A imagem é captada por 40 câmeras digitais, e o busto  produzido é mais parecido com cerâmica do que plástico.
O mercado desse tipo de reprodução é imprevisível, mas o fundador da iMakr, Sylvain Preumont disse à publicação Tech Monthly do Observer que os limites da impressão em 3D são definidos pela nossa imaginação, e não pela tecnologia.
Long não faz julgamento agora sobre o  futuro das impressoras. O custo será proibitivo durante algum tempo, ele imagina, embora um modelo mais barato custe hoje apenas £670 (cerca de R$ 2.000), e o preço continua em queda.
"Vai levar algum tempo até que muitos de nós possam ter uma dessas," disse Long. "O outro fator é que os governos irão se mexer para regulamentar a indústria.
"A história sobre a NSA, a agência de espionagem americana, publicada pelo Guardian mostrou que as companhias de novas tecnologias concordam e instalam o software exigido se lhe solicitarem a fazê-lo. E os  scanners das impressoras de uso normal diário já são equipados com códigos que tormam impossível copiar cédulas de dinheiro, para impedir a falsificação."

Veja aqui o vídeo da Liberator:



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