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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O relógio do apocalipse


O mundo chegou mais perto do dia do apocalipse nesta terça-feira, quando cientistas moveram os ponteiros do Relógio do Apocalipse um minuto a mais  em direção à zero hora.

O relógio simbólico está marcando agora cinco para a meia-noite, segundo os cientistas, por causa do fracasso generalizado em fazer cessar a disseminação de armamentos nucleares, atuar na redução das mudanças climáticas, ou descobrir fontes seguras e sustentáveis de energia – como se viu no desastre da usina nuclear de Fukushima.

Os raros fatos positivos notados pelos cientistas foram a Primavera Árabe e os movimentos pró-democracia na Rússia.

O relógio, mantido pelo Boletim de Cientistas Nucleares, vem medindo nossa aproximação a um desastre global desde 1947, com o emprego da poderosa imagem de um relógio em contagem regressiva dos minutos que faltam para a destruição. Até a tarde desta terça-feira, o relógio marcava seis para a meia-noite.

"São cinco minutos para a meia-noite," disseram os cientistas. "Dois anos atrás, parecia que os líderes globais iriam enfrentar as reais ameaças globais que pairam sobre a humanidade. Em vários casos aquela tendência não teve continuidade, ou sofreu reveses."

O Boletim foi criado pelos cientistas que ajudaram a construir a bomba  atômica da América, e sua principal preocupação é ainda a respeito do perigo de um conflito nuclear.

Mas alguns cientistas que participaram das deliberações disseram ter ficado também chocados com a crescente tendência a menosprezar a ciência.

"Uma questão mais amplamente abordada durante toda a discussão é a preocupante tendência a se rejeitar ou reduzir a importância do que a ciência diz ser a característica de um problema," disse Robert Socolow do Instituto Ambiental de Princeton. "Há um sentimento generalizado entre nós de que necessitamos de liderança política para afirmarmos a primazia da ciência."

Os cientistas notaram também como os Republicanos que almejavam a nomeação pelo partido tentavam superar uns aos outros na negação da ciência climática.

Mas a sua maior decepção foi inabilidade do líderes mundiais em lidar com a questão dos armamentos nucleares, exemplificada no que eles chamam de "ambiguidade a respeito do programa nuclear do Irã." Mesmo após a ratificação do tratado de redução de armamentos nucleares entre a Rússia e a América, em 2010, restam ainda aproximadamente 20.000 artefatos nucleares em todo o mundo.

Eles alertaram para o fato de o derretimento dos reatores de Fukushima terem, mais uma vez, exposto os perigos das usinas atômicas – não só por causa da tecnologia, mas também pelas falhas no gerenciamento.

Depois de Fukushima, os governos têm também que avaliar com muito mais cuidado a questão da instalação de novas usinas nucleares. A usina atingida, de Fukushima, estava localizada muito próxima da costa, e numa região de grande atividade sísmica.

"Um questão importante precisa ser enfrentada: "Como tornar menos suscetíveis a acidentes e erros de avaliação sistemas complexos como usinas nucleares," disseram os cientistas.

No que diz respeito às mudanças climáticas, os cientistas alertaram para a possibilidade de a comunidade global estar chegando a um ponto sem retorno, a menos que haja um esforço para criar alternativas às tecnologias de uso intensivo de carbono dentro dos próximos cinco anos.

O desastre de Fukushima, a desesperadora lerdeza das negociações sobre as questões climáticas no âmbito da ONU, e a crescente hostilidade à ciência acabaram com o otimismo que havia em pronunciamentos anteriores dos cientistas do Boletim.

Em 2010, os cientistas voltaram o relógio, atrasando em um minuto, de cinco para a meia-noite para seis para a meia-noite, diante das esperanças de que a comunidade internacional estivesse preparada para lidar com as questões dos armamentos nucleares e das mudanças climáticas.

"Nós tivemos a impressão, quando retardamos o relógio em 2010, que  poderia haver um progresso," disse Kennette Benedict,  diretora executiva do boletim. "Hoje, há o sentimento real de que nós necessitamos de novas formas de pensar, e não as temos."

Vinte anos atrás, com o fim da União Soviética e da Guerra Fria, os cientistas atrasaram o relógio mais do que em qualquer outra ocasião, para 17 minutos para a meia-noite.

Por outro lado, os cientistas chegaram também a adiantar o relógio para dois minutos antes da meia-noite, em 1953, depois de os Estados Unidos haverem testado sua primeira bomba de hidrogênio.








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