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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Modos e costumes


Luiz Leitão

A maneira desabusada como alguns homens públicos têm se dirigido à presidente da República ilustra melhor que as copiosas denúncias de corrupção, não só o nível rasteiro em que está a política brasileira, mas também o acanhamento de Dilma Rosseff para fazer valer a máxima "respeito é bom e eu gosto".

Não bastasse o boquirroto ministro do Trabalho tê-la desafiado a abatê-lo com chumbo grosso - para se desdizer no dia seguinte -, vem agora o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) despejar-lhe uma saravivada de grosserias - "Se o teu negócio é amor com homossexual, assuma" -, por conta da insistência presidencial na distribuição do tal kit anti-homofóbico nas escolas.

Não se trata, evidentemente, de bater boca com um desbocado, mas de chamar às falas o presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), ou, melhor ainda, exigir providências do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), já que se está diante de um clamoroso caso de quebra de decoro parlamentar.

Se a presidente não se faz respeitar, se denota acanhamento no uso da caneta presidencial para enxotar quem não está, nem de longe, à altura do cargo, acabará por perder o apreço da substancial parcela dos que hoje aprovam seu governo.

Uma atuação que destoa daquele epíteto que Dilma chegou a envergar quando era ainda ministra de seu antecessor e mentor, quando chegou a ser chamada de "Dama de Ferro".

Quanto a Bolsonaro, embora não se deva perder tempo discutindo seus modos e costumes, seria o caso de alguém sugerir-lhe que considere seriamente a possibilidade de fazer análise, a fim de tentar descobrir por que a questão do homossexualismo o incomoda tanto que não perde uma oportunidade de atacar quem se atrever a abordar o tema - e de ficar de boca fechada.

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