Versões em língua espanhola do bestseller do sueco Stieg Larsson, 'The Girl Who Kicked The Hornet's Nest' – em espanhol, literalmente, 'The Queen in the Palace of Air'.
A legenda original da foto compara a tradução literal espanhola com o título em inglês, cujas versões para o português são, respectivamente: "A garota que chutou o vespeiro" e "A rainha do palácio de ar" (Na verdade, a meu ver, seria "A rainha do palácio dos ventos", que, mesmo assim, nada tem que ver com o título em inglês).
Foto: Susana Vera/Reuters
O 400º aniversário das comemorações da Bíblia do Rei James e a presença constante da versão em inglês do livro de Stieg Larsson na lista dos mais vendidos contribuíram para uma nova valorização da arte da boa tradução.
Está escrito, no capítulo 11 de Genesis, que um dia "toda a Terra teve um só idioma, e um discurso". Após a inundação de Noé, os sobreviventes resolveram comemorar sua salvação de uma forma tradicional: com a arquitetura triunfal. "Construamos uma cidade, e uma torre, cujo topo nos permita alcançar até mesmo o céu" é como a Bíblia exprime o desejo. "Vamos nos atribuir um nome," disseram as crianças de Noé, "para que nós não nos dispersemos além fronteiras pela face da Terra".
No início do século 21, o mundo é ainda uma colcha de retalhos com mais de 5.000 idiomas concorrentes. Mas, para os que ainda sonham com o restabelecimento de uma linguagem universal, o panorama nunca foi tão promissor: 2011 foi um ano extraordinário para a arte da tradução. Será que a Torre de Babel poderia mesmo ser reconstruída?
Vários estudiosos concordam agora com a percepção inovadora do filósofo Noam Chomsky que diz: não obstante os vocabulários mutuamente ininteligíveis, "os terráqueos falam a mesma língua" – uma constatação que Chomsky disse que seria óbvia até para um Marciano. Por uma série de motivos, nós talvez estejamos mais próximos do que jamais estivemos de torná-la inteligível.
Graças à força da mídia global, há, mais do que nunca, uma mercado para a literatura na tradução, no qual o idioma padrão será o inglês britânico ou americano. Essas versões poderão às vezes guardar tanta semelhança com o original quando o lado avesso de um tapete persa, mas isso não parece diminuir sua importância.
O recente apetite do público nos Estados Unidos por "ficção estrangeira" – a trilogia Milênio, de Stieg Larsson ou 1Q84, de Haruki Murakami – levou a uma onda de novos leitores das obras de estrelas da literatura internacional como Umberto Eco, Roberto Bolaño e Péter Nádas. Talvez desde os anos 1980, quando as ficções de Milan Kundera, Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa se tornaram campeões de vendas internacionais, não tenha havido uma procura assim por traduções de obras de ficção no mercado literário.
Em prosa, se não em poesia, pouca importância é dada à "vaidade na tradução" identificada por Shelley, que escreveu que "se fosse tão sábio, se bastasse pôr uma violeta em um cadinho para que se pudesse descobrir o princípio da composição de sua cor e perfume, igualmente o seria procurar transportar de um idioma para outro as criações de um poeta".
Novas edições de War and Peace de Tolstoy, Madame Bovary de Flaubert e A la Recherche du Temps Perdu (Em busca do tempo perdido) de Proust apontaram os holofotes para tradutores atarefadíssimos – uma espécie acanhada –. David Bellos, cujo novo livro, Is That A Fish In Your Ear (Há um peixe em seu ouvido?) Translation and the Meaning of Everything ("Tradução e o significado de tudo") foi publicado neste outono (no hemisfério norte, primavera no sul), observa que no Japão, por exemplo, "os tradutores são como estrelas do rock" com seus livros de fofocas de celebridades, The Lives of the Translators 101 (As vidas dos tradutores 101).
A onda desta procura global por novas obras de ficção tem origem na complexa interação da revolução da Tecnologia da Informação e o modismo das promoções literárias como o Prêmio Orange e o Man Booker debatendo suas marcas pelas redes sociais.
Nada disso teria sido idealizado, ou seria comercialmente viável, sem uma estatística extraordinária. Segundo o Conselho Britânico, com base em várias outras fontes confiáveis, em torno de metade da população mundial – 3,5 bilhões de pessoas – tem algum conhecimento, ou familiaridade com "um pouco de inglês". E pela primeira vez na história da humanidade tornou-se possível a transmissão e recepção de um idioma de e para virtualmente qualquer ponto do planeta.
Este fenômeno linguístico sem paralelo é sustentado pela formidável força da mídia global. Lindsey Hilsum, editora internacional do noticiário Channel 4 News, relata como, perguntando o significado de umas palavras grafitadas em árabe num muro em Trípoli (Líbia), ela obteve uma tradução que resultou num comicamente absurdo gesto (de cabeça, indicando "entendi, "hã hã") intercultural para Anne Robinson: "Gaddafi, você é o elo mais fraco. Adeus."
De maneira nada surpreendente, por conta desses horizontes alargados, o Google está na vanguarda daquilo que está se tornando uma revolução no âmbito e na técnica de tradução. A solução do Google para um problema intrinsecamente humano é o lançamento de um computador que se aproxime do santo graal da inteligência artificial e que possa traduzir a "linguagem natural".
Incursões anteriores por esse campo minado que é reduzir a linguagem a seus elementos constituintes e reconstruí-la, frequentemente chegaram a resultados cômicos ("kindergarten" interpretado como "children garden" - jardim de crianças -, por exemplo). Isso, diz Bellos, foi a "busca inútil da lingua puramente hipotética que todas as pessoas de fato falam no grande porão de suas almas".
O Google Translate não faz isso. Em vez disso, ele põe em prática Wittgenstein: "Não pergunte pelo significado, mas pelo uso." Logo, ele irá buscar estupendos arquivos de material traduzido e probalidades de usos para deduzir o significado mais provável, baseado no contexto. Para isso, o Google Translate percorre uma base de dados de vários trilhões de palavras, extraídas de um compêndio de documentos da ONU, episódios de Harry Potter, reportagens e memorandos inter-empresariais.
Recentemente, o Google acrescentou cinco idiomas ao seu tradutor online – Telugu, Tâmil, Kannada, Bengalês e Gujarati – na versão para iPhone, e faz atualmente traduções para cerca de 63 línguas. Bellos dá a explicação mais sucinta sobre sua mecânica: "Tradução é o que se obtém, mas não é exatamente tradução o que o Google faz. É como a diferença entre engenharia e conhecimento. Uma solução de engenharia é fazer algo funcionar, mas a maneira como se faz com que algo funcione não tem necessariamente nada que ver com as coisas subjacentes, básicas. Aviões não funcionam da mesma maneira que os pássaros ao voar."
O sonho de uma linguagem verdadeiramente universal depende, afinal, de uma tradução perfeita. À parte as lições de Babel, a própria história da Bíblia traz advertências em seus contos, especialmente este ano – o do 400º aniversário da grande catedral da linguagem, a Bíblia do Rei James. A data provou ser tanto um motivo de comemoração como de reflexão sobre se poderia algum dia haver uma versão ideal ou final de uma obra assim. Não tem toda nova interpretação a tendência de refletir o contexto social e cultural no qual seu tradutor trabalha?
Aqui, o impacto de um público global equipado com "alguma espécie de inglês" (mas não muito) se torna agudo. Como Rowan Williams, o arcebispo de Canterbury, observou em seu sermão do Dia de Ação de Graças sobre a Bíblia do Rei James, "Há sempre a tentação de uma tradução moderna na busca por estratégias para tornar o texto mais acessível ".
Por outro lado, ele acrescentou, há a questão da complexidade, também. Os mistérios notórios da Bíblia do Rei James têm o poder, como ele diz, "de nos surpreender pela circunspecção". Ele ressalta as modestas ambições dos 1611 tradutores, os quais disseram que a função da tradução era deixar entrar a luz e tirar "a tampa do poço, para que se possa entrar na água".
O diálogo entre clareza e opacidade, ou acessibilidade e mistério, se dará novamente hoje em dia num palco religioso, com a nova tradução para o inglês do missal Romano, fruto de uma longa gestação na igreja Católica. Quando o Segundo Concílio do Vaticano pediu o uso do vernáculo nas missas, os primeiros tradutores utilizaram o princípio da "equivalência dinâmica" – o espírito e o significado do texto, em vez da tradução palavra por palavra. Em benefício da simplicidade, algumas orações foram reduzidas a sentenças curtas, declarativas. A nova tradução celebra a "equivalência formal", uma interpretação mais literal do texto. Em igrejas Católicas Romanas de países de língua inglesa, o novo missal significará, sem dúvida um ultraje para os fiéis acostumados à tradução dos anos 1960.
No que tange ao Reino Unido, o destino de várias traduções da Bíblia para o inglês ilustra o problema de se interpretar textos de maneira atemporal em idiomas que estão sempre em movimento - as línguas são vivas, modificam-se com o tempo, a cultura, os costumes. Os que apreciam a Bíblia do Rei James, uma tradução feita na época de Donne e Shakespeare, se horrorizam quando "tiras de pano" substituem "vestimentas de pano" ou "gongos ruidosos" substituem "bronze sonante". Às vezes, traduções modernizadas podem soar absurdas. A Nova Bíblia Inglesa, por exemplo, substitui "lobos em pele de carneiro" por algo mais apropriado a Monty Python: "homens vestidos como carneiros".
Então, apesar de um ano de muita demanda por traduções e da proliferação de inovações técnicas na maneira como as pessoas compreendem umas às outras, estas não serão as últimas jogadas dos jogos eternos de linguagem de Wittgenstein. De fato, em meio a vários idiomas mundo afora, o Google Translate terá ainda de solucionar versões regionais do Enigma de Frankfurt. Que não é um obscuro nó linguístico alemão, mas a solução de uma questão simples. Qual é a tradução de "hot dog" – fast food, ou puppies (cachorrinhos)?
Por R. McCrum
Traduzido de The Observer, em 27/11/2011, por Luiz Leitão.
Para terminar, uma brincadeira, que não integra o texto acima, feita por um amigo do tradutor, que lhe perguntou qual seria a tradução de "The boys are behind the door", que é, evidentemente, "Os meninos estão atrás da porta". Na piada, a tradução é: "Os bois estão berrando de dor". Mais literalidade, impossível.
O Google não chega a tanto; é útil muito mais para quem conhece bem o idioma estrangeiro do que para o leigo. Por uma razão muito simples: O Google não interpreta coisa nenhuma. Quebra alguns galhos, ajuda a elucidar uma ou outra dúvida sobre palavras isoladas, para conhece e sabe distinguir, pelo contexto do que está traduzindo, se algum dos significados dados faz sentido. No mais, o tradutor terá mesmo de recorrer a um ou mais bons dicionários inglês-inglês (Oxford, Merriam-Webster, entre outros).
Abaixo, o texto original, em inglês
From the Bible to the latest Swedish thriller: 2011 is the year of the translator
The 400th anniversary celebrations for the King James Bible and the constant presence of Stieg Larsson in English bestseller lists have contributed to a new appreciation of the art of the good translation.
We are told, in chapter 11 of Genesis, that once "the whole earth was of one language, and of one speech". In the aftermath of Noah's flood, the survivors decided to celebrate their lucky escape in a time-honoured way: with triumphal architecture. "Let us build us a city, and a tower, whose top may reach even to heaven" is how the Bible expresses this aspiration. "Let us make us a name," said the children of Noah, "lest we be scattered abroad upon the face of the whole earth".
Fat chance. According to the Old Testament, mankind's urge to find a common purpose does not appeal to the Almighty. So the idea that men and women should be like gods was a non-starter, and the name of the doomed project was called Babel. As the King James version has it, "the Lord did there confound the language of all the Earth". For good measure, he scattered the differently speaking peoples across the globe.
At the beginning of the 21st century, the world remains a patchwork of more than 5,000 separate and competing languages. But for those who still dream of the restoration of a universal language, the outlook has rarely been brighter: 2011 has been an extraordinary year for the art of translation. Could the tower of Babel actually be rebuilt?
Many language scholars now accept philosopher Noam Chomsky's ground-breaking perception that, notwithstanding mutually unintelligible vocabularies, "Earthlings speak a single language" – an observation Chomsky claimed would be evident to a visiting Martian. For a variety of reasons, we are perhaps closer than ever to making it intelligible.
Through the power of global media, there is more than ever before a market for literature in translation where the default language for such translations will be British or American English. Such versions may sometimes bear as much resemblance to the original as the wrong side of a Turkish carpet, but that hardly seems to lessen their appeal.
Lately in the US the appetite for "foreign fiction" – Stieg Larsson's Millennium trilogy or Haruki Murakami's 1Q84 – has sponsored a trend that has inspired new audiences for international literary superstars such as Umberto Eco, Roberto Bolaño and Péter Nádas. Perhaps not since the 1980s, when the novels of Milan Kundera, Gabriel García Márquez and Mario Vargas Llosa became international bestsellers, has there been such a drive to bring fiction in translation into the literary marketplace.
In prose, if not in poetry, there are few worries about the "vanity of translation" identified by Shelley, who wrote that "it were as wise to cast a violet into a crucible that you might discover the formal principle of its colour and odour, as to seek to transfuse from one language to another the creations of a poet".
New editions of Tolstoy's War and Peace, Flaubert's Madame Bovary and Proust's A la Recherche du Temps Perdu have pushed overworked translators – a shy breed – into the spotlight. David Bellos, whose new book, Is That A Fish In Your Ear? Translation and the Meaning of Everything was published this autumn, observes that, in Japan for instance, "translators are rock stars" with their own book of celebrity gossip, The Lives of the Translators 101.
The surge in this global audience for new fiction has been driven by the complex interaction of the IT revolution and the antics of literary promotions such as the Orange Prize and Man Booker hyping their brands through social media.
None of this would be thinkable, or commercial, without one extraordinary statistic. According to the British Council, backed by many other reliable sources, about half the world's population – 3.5 billion people – have knowledge of, or acquaintance with, "some kind of English". And for the first time in human history it has become possible for one language to be transmitted and received virtually anywhere on the planet.
This unparalleled linguistic phenomenon is underpinned by the formidable power of global media. Lindsey Hilsum, the foreign editor for Channel 4 News, reports how, asking for the meaning of some Arabic graffiti sprayed on a wall in Tripoli, she was given a translation that made a comically incongruous cross-cultural nod to Anne Robinson: "Gaddafi, you are the weakest link. Goodbye."
Unsurprisingly, given these expanded horizons, Google is in the vanguard of what is becoming a revolution in the scope and technique of translation.
Google's solution to a quintessentially human problem is the launch of a computer that approaches the holy grail of artificial intelligence and can translate "natural language".
Previous forays into this minefield involved stripping language to its constituent elements and rebuilding it, with often comical results ("kindergarten" rendered as "children garden", for example). This, says Bellos, has been the "hopeless pursuit of the purely hypothetical language which all people really speak in the great basement of their souls".
Google Translate doesn't do this. Instead, it implements Wittgenstein: "Don't ask for the meaning, ask for the use." So it will search stupendous archives of translated material and uses probability to derive the likeliest meaning, based on context. To do this, Google Translate draws on a database of several trillion words, taken from a corpus of UN documentation, Harry Potter novels, press reports and inter-company memoranda.
Recently Google Translate added five tongues – Telugu, Tamil, Kannada, Bengali and Gujarati – to its iPhone app, and can now supply translations for some 63 languages. Bellos gives the most succinct explanation of its mechanics: "Translation is what you get, but translation isn't really what Google does. It's like the difference between engineering and knowledge. An engineering solution is to make something work, but the way you make it work doesn't necessarily have anything to do with the underlying things. Airplanes do not work the way birds fly."
The dream of a true universal language is in the end dependent on perfect translation. Aside from the lessons of Babel, the history of the Bible istelf offers other cautionary tales, particularly this year – the 400th anniversary of that great cathedral of language, the King James Bible. The anniversary has proved to be both a cause for celebration and for reflection on whether there can ever be an ideal or final version of such a work. Isn't every new rendering bound to reflect the social and cultural context in which its translator works ?
Here, the impact of a global audience equipped with "some kind of English" (but not much) becomes acute. As Rowan Williams, the Archbishop of Canterbury, noted in his sermon at the thanksgiving service for the KJB, "the temptation is always there for a modern translation to look for strategies that make the text more accessible".
By contrast, he added, there is a role for complexity too. The notorious mysteries of the KJB have the power, as he put it, "to surprise us into seriousness". He pointed to the modest ambitions of the 1611 translators, who declared that the job of translation was to let in the light and remove "the cover of the well, that we may come by the water".
The dialogue between clarity and opacity, or accessibility and mystery, will be played out on a religious stage again today with the publication of the new English translation of the Roman missal, the fruit of long gestation in the Catholic church. When the Second Vatican Council called for the use of the vernacular at mass, the first translators of the missal employed the principle of "dynamic equivalence" – the spirit and meaning of the text rather than word-for-word translation. In the interests of simplicity, some prayers were reduced to short, declarative sentences. The new translation celebrates "formal equivalence", a more literal rendering of the text. In Roman Catholic churches across the English-speaking world, the new missal will no doubt provoke outrage among worshippers who have grown used to the 1960s translation.
Closer to home, the fate of many Bible translations in English illustrates the problem of rendering texts timelessly in language that is always in flux. Supporters of the KJB, a translation made in the age of Donne and Shakespeare, point with horror when "strips of cloth" replaces "swaddling clothes" or "noisy gongs" replaces "sounding brass". Sometimes modernised translation can be ludicrous. The New English Bible, for example, replaces "wolves in sheep's clothing" with something more appropriate to Monty Python: "men dressed up as sheep".
So despite a boom year for translation and the proliferation of technical breakthroughs in the way we understand each other, it's hardly the last move in Wittgenstein's eternal language games. Indeed, across many tongues the world over, Google Translate will still have to solve local versions of the Frankfurter Conundrum. This is not an abstruse German linguistic crux, but the solution to a simple question. What is the translation of "hot dog" – fast food, or puppies?
Fat chance. According to the Old Testament, mankind's urge to find a common purpose does not appeal to the Almighty. So the idea that men and women should be like gods was a non-starter, and the name of the doomed project was called Babel. As the King James version has it, "the Lord did there confound the language of all the Earth". For good measure, he scattered the differently speaking peoples across the globe.
At the beginning of the 21st century, the world remains a patchwork of more than 5,000 separate and competing languages. But for those who still dream of the restoration of a universal language, the outlook has rarely been brighter: 2011 has been an extraordinary year for the art of translation. Could the tower of Babel actually be rebuilt?
Many language scholars now accept philosopher Noam Chomsky's ground-breaking perception that, notwithstanding mutually unintelligible vocabularies, "Earthlings speak a single language" – an observation Chomsky claimed would be evident to a visiting Martian. For a variety of reasons, we are perhaps closer than ever to making it intelligible.
Through the power of global media, there is more than ever before a market for literature in translation where the default language for such translations will be British or American English. Such versions may sometimes bear as much resemblance to the original as the wrong side of a Turkish carpet, but that hardly seems to lessen their appeal.
Lately in the US the appetite for "foreign fiction" – Stieg Larsson's Millennium trilogy or Haruki Murakami's 1Q84 – has sponsored a trend that has inspired new audiences for international literary superstars such as Umberto Eco, Roberto Bolaño and Péter Nádas. Perhaps not since the 1980s, when the novels of Milan Kundera, Gabriel García Márquez and Mario Vargas Llosa became international bestsellers, has there been such a drive to bring fiction in translation into the literary marketplace.
In prose, if not in poetry, there are few worries about the "vanity of translation" identified by Shelley, who wrote that "it were as wise to cast a violet into a crucible that you might discover the formal principle of its colour and odour, as to seek to transfuse from one language to another the creations of a poet".
New editions of Tolstoy's War and Peace, Flaubert's Madame Bovary and Proust's A la Recherche du Temps Perdu have pushed overworked translators – a shy breed – into the spotlight. David Bellos, whose new book, Is That A Fish In Your Ear? Translation and the Meaning of Everything was published this autumn, observes that, in Japan for instance, "translators are rock stars" with their own book of celebrity gossip, The Lives of the Translators 101.
The surge in this global audience for new fiction has been driven by the complex interaction of the IT revolution and the antics of literary promotions such as the Orange Prize and Man Booker hyping their brands through social media.
None of this would be thinkable, or commercial, without one extraordinary statistic. According to the British Council, backed by many other reliable sources, about half the world's population – 3.5 billion people – have knowledge of, or acquaintance with, "some kind of English". And for the first time in human history it has become possible for one language to be transmitted and received virtually anywhere on the planet.
This unparalleled linguistic phenomenon is underpinned by the formidable power of global media. Lindsey Hilsum, the foreign editor for Channel 4 News, reports how, asking for the meaning of some Arabic graffiti sprayed on a wall in Tripoli, she was given a translation that made a comically incongruous cross-cultural nod to Anne Robinson: "Gaddafi, you are the weakest link. Goodbye."
Unsurprisingly, given these expanded horizons, Google is in the vanguard of what is becoming a revolution in the scope and technique of translation.
Google's solution to a quintessentially human problem is the launch of a computer that approaches the holy grail of artificial intelligence and can translate "natural language".
Previous forays into this minefield involved stripping language to its constituent elements and rebuilding it, with often comical results ("kindergarten" rendered as "children garden", for example). This, says Bellos, has been the "hopeless pursuit of the purely hypothetical language which all people really speak in the great basement of their souls".
Google Translate doesn't do this. Instead, it implements Wittgenstein: "Don't ask for the meaning, ask for the use." So it will search stupendous archives of translated material and uses probability to derive the likeliest meaning, based on context. To do this, Google Translate draws on a database of several trillion words, taken from a corpus of UN documentation, Harry Potter novels, press reports and inter-company memoranda.
Recently Google Translate added five tongues – Telugu, Tamil, Kannada, Bengali and Gujarati – to its iPhone app, and can now supply translations for some 63 languages. Bellos gives the most succinct explanation of its mechanics: "Translation is what you get, but translation isn't really what Google does. It's like the difference between engineering and knowledge. An engineering solution is to make something work, but the way you make it work doesn't necessarily have anything to do with the underlying things. Airplanes do not work the way birds fly."
The dream of a true universal language is in the end dependent on perfect translation. Aside from the lessons of Babel, the history of the Bible istelf offers other cautionary tales, particularly this year – the 400th anniversary of that great cathedral of language, the King James Bible. The anniversary has proved to be both a cause for celebration and for reflection on whether there can ever be an ideal or final version of such a work. Isn't every new rendering bound to reflect the social and cultural context in which its translator works ?
Here, the impact of a global audience equipped with "some kind of English" (but not much) becomes acute. As Rowan Williams, the Archbishop of Canterbury, noted in his sermon at the thanksgiving service for the KJB, "the temptation is always there for a modern translation to look for strategies that make the text more accessible".
By contrast, he added, there is a role for complexity too. The notorious mysteries of the KJB have the power, as he put it, "to surprise us into seriousness". He pointed to the modest ambitions of the 1611 translators, who declared that the job of translation was to let in the light and remove "the cover of the well, that we may come by the water".
The dialogue between clarity and opacity, or accessibility and mystery, will be played out on a religious stage again today with the publication of the new English translation of the Roman missal, the fruit of long gestation in the Catholic church. When the Second Vatican Council called for the use of the vernacular at mass, the first translators of the missal employed the principle of "dynamic equivalence" – the spirit and meaning of the text rather than word-for-word translation. In the interests of simplicity, some prayers were reduced to short, declarative sentences. The new translation celebrates "formal equivalence", a more literal rendering of the text. In Roman Catholic churches across the English-speaking world, the new missal will no doubt provoke outrage among worshippers who have grown used to the 1960s translation.
Closer to home, the fate of many Bible translations in English illustrates the problem of rendering texts timelessly in language that is always in flux. Supporters of the KJB, a translation made in the age of Donne and Shakespeare, point with horror when "strips of cloth" replaces "swaddling clothes" or "noisy gongs" replaces "sounding brass". Sometimes modernised translation can be ludicrous. The New English Bible, for example, replaces "wolves in sheep's clothing" with something more appropriate to Monty Python: "men dressed up as sheep".
So despite a boom year for translation and the proliferation of technical breakthroughs in the way we understand each other, it's hardly the last move in Wittgenstein's eternal language games. Indeed, across many tongues the world over, Google Translate will still have to solve local versions of the Frankfurter Conundrum. This is not an abstruse German linguistic crux, but the solution to a simple question. What is the translation of "hot dog" – fast food, or puppies?
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