Luiz Leitão
Lançada em agosto de 2011, a nave espacial Juno da NASA cobriu a distância da Terra à Lua, cerca de 402.000 quilômetros, em menos de um dia. Mas levará outros cinco anos para percorrer 2.800 milhões de quilômetros até Júpiter.
Movida a energia solar, Juno é a mais enfática demonstração de viabilidade da única fonte realmente inesgotável.
Em última análise, o Sol é a base de todas as formas de energia, pois aquece o ar e forma os ventos, e seu calor também faz crescer a cana-de-açúcar da qual se produz o etanol.
Outra boa notícia, além do lançamento da Juno, é que no último leilão realizado pela ANEEL, em 18 de agosto, a energia eólica saiu pelo valor médio de R$ 99,54 por MWh, enquanto a das térmicas a gás ficou em R$103,30, a das hídricas em R$102,00, e a da biomassa em R$102,40.
Esses enormes ventiladores, ou aero geradores, têm hélices com comprimento de até 45 metros, instaladas em mastros com 70 metros.
Apesar dos belos números acima, nesse particular o Brasil é ainda um anão, e nem mesmo figura entre os dez maiores países que utilizam energia eólica, como informa a Associação Mundial de Energia Eólica - WWEA.O gigante, como não poderia deixar de ser, é a China, que nos últimos seis meses atingiu a marca de 43 % do mercado mundial de novos aero geradores, em comparação a 50 % durante no ano de 2010. Em junho de 2011, a China tinha uma capacidade total instalada por volta de 52 GW (1GW corresponde a 1.000 MW).
A capacidade mundial instalada total projetada para o segundo semestre de 2011 é de 240GW, um substancial acréscimo de 50% sobre o ano anterior (159,7GW).
A essa altura o leitor talvez esteja se perguntando: mas, quando a velocidade dos ventos varia o que ocorre?
As fontes solares tradicionais, como as células fotovoltaicas e as turbinas eólicas (de Éolo, deus grego dos ventos), sofrem alterações nas quantidades de energia captada ao longo do dia – as eólicas também funcionam à noite, embora sujeitas a mudanças na velocidade dos ventos –, o que exige a adaptação da rede nacional de distribuição.
A empresa Siemens está desenvolvendo soluções visando a preparar a malha energética para energias renováveis, com um sistema que ajuda a controlar a pressão causada pelo excesso de eletricidade gerada pelas fontes, estabilizando-as. São as chamadas smart grids (redes inteligentes).
Segundo a empresa, para se ajustar ao crescimento da participação dessas fontes variáveis de eletricidade, que podem flutuar muito conforme as condições atmosféricas, seus pesquisadores, aliados aos da Universidade Técnica de Munique, Alemanha, estão desenvolvendo soluções que poderão preparar a malha para uma inundação de energia verde, nada menos que um aumento de 50 vezes em vinte anos.
Uma rede de distribuição com tensão estável é crucial para se evitar danos a equipamentos elétricos em geral, decorrentes das variações características dessas fontes alternativas, mas não das térmicas a gás, diesel, carvão, que são estáveis.
O que os pesquisadores buscam, então, para fazer frente a esse tão desejado crescimento do emprego de fontes alternativas variáveis, é uma forma de adicionar mais eletricidade à rede de maneira menos dispendiosa, e os resultados prometem.
Hoje, dos 110 GW de potência instalada no Brasil, 5,7 GW são provenientes de energia eólica (5,18%), o que mostra que, em termos relativos, não estamos tão mal quanto parece; afinal, esse tipo de fonte energética representa, no âmbito mundial, com seus 240GW, três por cento do total.
Em comparação, a hidrelétrica de Belo Monte terá capacidade instalada de 11,23GW, com 4,57GW médios. A China sozinha adicionou, em 2011, 8GW de geração eólica à sua capacidade instalada, quase o dobro da capacidade média de Belo Monte e tem, hoje, 52GW no total dessa fonte, metade da capacidade total instalada do Brasil.
Outra modalidade de energia limpa, ainda pouco comentada no Brasil, são as torres solares de Energia Solar Concentrada (CSP), que geram energia através da concentração dos raios solares por grandes conjuntos de espelhos parabólicos (helio stacks), os quais refletem a luz para tubulações com óleo ou sais derretidos, capazes de armazenar energia térmica por até 7,5 horas na ausência de Sol. Duas unidades de 50MW cada uma estão sendo implantadas, em San José del Valle, Cádiz, Espanha.
Ao contrário das estáveis CSP, que dependem de redes de transmissão mais extensas e investimentos maiores, os geradores eólicos e as células fotovoltaicas produzem energia que pode ser consumida localmente, evitando as perdas que ocorrem com a transmissão a grandes distâncias.
Como se vê, já existe tecnologia disponível e competitiva o suficiente para que sejam descartadas as perigosas usinas nucleares e as termelétricas poluentes, a carvão, óleo diesel, gás.
Cada qual com sua aplicação, segundo a Fundação Desertec (www.desertec.org).
Luiz Leitão da Cunha é jornalista luizmleitao@gmail.com
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