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domingo, 5 de junho de 2011

Floriano Martins 2011

UMA NOITE ANTES



Cubro teus olhos antes que a noite desenterre os corpos que foram atraídos por reza e desespero.
Vozes emprestadas a sombras exumadas como um rio de frases onduladas na memória.
Se ao menos evito que te reconheças neles permaneço um pouco mais dentro de ti.
Cubro teus sonhos onde os olhos não param de florescer, onde o horizonte se dilata como uma autocrítica e as horas que em que trafego tua ausência se acumulam como o caos no âmago da linguagem.
Cada frase tua que anoto é um sinal de vertigem na raiz da fala.
Eu te reconheço como uma Vênus que se empenha em seu anonimato.
Cubro teu ventre por onde saem as notas famélicas da existência.
Evito que saibas que já estive aqui.
As noites já embalaram outros poços e murmúrios.
Hoje a pele queima quando delas nos aproximamos e até mesmo o abismo se despede do dia com certo temor.
Quantos fomos é algo que ficou para trás.
Agora não há mais o que ser evitado.
UNA NOCHE ANTES


Cubro tus ojos antes que la noche desentierre los cuerpos que fueron atraídos por oración y desespero.
Voces prestadas a sombras exhumadas como un río de frases onduladas en la memoria.
Si al menos evito que te reconozcas en ellos permanezco un poco más dentro de ti.
Cubro tus sueños donde los ojos no paran de florecer, donde el horizonte se dilata como una autocrítica y las horas en que transito tu ausencia se acumulan como el caos en la médula del lenguaje.
Cada frase tuya que anoto es una señal de vértigo en la raíz del habla.
Yo te reconozco como una Venus que se empeña en su anonimato.
Cubro tu vientre por donde salen las notas famélicas de la existencia.
Evito que sepas que ya estuve aquí.
Las noches ya acunaron otros pozos y murmullos.
Hoy la piel quema cuando nos acercamos a ellas y hasta incluso el abismo se despide del día con cierto temor.
Cuantos fuimos es algo que quedó atrás.
Ahora no hay más que ser evitado.






A NIGHT BEFORE


I cover your eyes before the night unearths the corpses that were attracted by prayer and despair.
Voices lent to shades exhumed like a river of phrases  ruffled in memory.
If I at least avoid  that you recognize yourself in them, I remain a little longer inside you.
I cover your dreams where the eyes don’t stop flourishing, where the horizon  expands like self-criticism and the hours during which I travel your absence accumulate like the chaos in the core of language.
Each phrase of yours I take note is a sign of vertigo in the root of speech.
I recognize you like a Venus who strives in her anonymity.
I  cover your womb through where the peckish notes of existence come out.
I avoid that you know I have already been here.
The nights have already rocked other wells and murmur.
Today the skin burns when we approach them and even the abyss  says  goodbye to the day with certain fear.
How many we were is something left behind.
Now there’s nothing else to be avoided.


poema & fotografías | floriano martins
traducción | gladys mendía
english version | luiz leitão
2011



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