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domingo, 5 de junho de 2011

Brasil, um País na contramão


Luiz Leitão
A presidente Dilma Rousseff inaugura com toda a pompa e circunstância mais um grandiloquente programa social, meio que nos pretensiosos termos do fracassado Fome Zero, do início do primeiro governo de seu mentor (quiçá condutor) político. Quatro bilhões de reais – e não vinte - serão empregados na “erradicação da pobreza” (16 bi já integram o bolsa-família). Dilma faz seu discurso ao lado do terceiro suspeito de irregularidades a ocupar a mesma Casa Civil que ela chefiou no governo Lula.
Enquanto isso se discute o trem-bala de 30 ou 50 bilhões de reais, uma diferença irrisória, com a menor das duas cifras suficiente para construir trezentos quilômetros de metrô. Mas um reluzente trem ligando o Rio a São Paulo é a prioridade na sábia visão de nossos governantes.
Nosso Brasil bêbado se equilibra nas mentiras da politicalha que rasura a História da Nação pelas mãos do pseudo-democrata José Ribamar Sarney, nos anais do Senado; a Pátria Mãe Gentil troca saneamento básico pela impunidade de seus filhos prediletos, a mãe desnaturada que distingue os seus.
Somos, definitivamente, um País na contramão, uma democracia em marcha à ré, com jornais censurados, à moda argentina, venezuelana, equatoriana.
Nunca vimos o Brasil tão próspero e, contraditoriamente, tão jogado às traças. As traças da corrupção, do mandonismo, do Estado empresário-sindicalista.
Deve-se rir ou chorar quando se lê que a abominável usina hidrelétrica de Belo Monte poderá custar 7, 19 ou 35 bilhões de reais? Este orçamento, ou melhor, chute, mero palpite, nos causa calafrios, porque sabemos que a conta do escárnio será fatalmente espetada em nossas costas, enquanto empreiteiros e políticos festejam os lucros gerados pela Hidra de Lerna que se construirá no Norte.
O incansável jornalista Washington Novaes prega no deserto verdades insofismáveis, que não interessam aos condutores de nossa tresloucada locomotiva. Sempre embasado em dados facilmente verificáveis, ele diz que o Brasil poderia, com certeza, reduzir a cerca da metade os altíssimos custos da energia que consome, apenas com a repotenciação das turbinas já existentes, com a redução das perdas na transmissão e com a conservação e eficiência.
Quem de nós não morre de vergonha ou de raiva quando se revela uma incúria atrás da outra perpetrada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC)? A desmoralização do Enem é eclipsada pela barbárie da escolha de livros de português que ensinam a norma inculta, literalmente! Mas nossa indignação com o episódio mal teve tempo de ser digerida e outro escândalo rebenta no MEC, com livros de matemática “ensinando” que dez menos sete dá quatro!! Nós, contribuintes, pagamos 14 milhões para recebermos essa estarrecedora notícia!
Ora, que diferença haveria em ter à frente do MEC o ex-palhaço, deputado federal Tiririca – cujo mote de campanha era “pior do que tá não fica” – ou o acadêmico Fernando Haddad?
Fica apenas a dúvida se Tiririca tem razão ao asseverar que “pior não fica”.
Luiz Leitão da Cunha é jornalista  luizleitao@maisinterior.com.br



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