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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A fome no teatro da FAO

Mais de quinze por cento da população americana passa fome.
Esse fato já é um problema e tanto, mas um estudo federal mostrou que mesmo antes da recessão começar, mais de dois terços das famílias com crianças eram classificadas como "sob insegurança alimentar", considerando as que têm uma ou mais pessoas trabalhando em tempo integral.
O que sugere que milhões de americanos já estavam numa armadilha de empregos de baixos salários antes da recessão, que tornou as coisas mais difíceis para elas no tocante a alimentar seus filhos adequadamente.
As famílias foram classificadas como “em segurança alimentar” ou “sob insegurança alimentar” conforme responderam a várias perguntas sobre seus hábitos alimentares nos últimos 12 meses. Entre outras coisas, os adultos foram questionados se eles ou qualquer um de seus filhos ficaram um dia inteiro sem comer por falta de dinheiro.
Segundo os novos dados, o número de pessoas em domicílios que tiveram acesso insuficiente à nutrição adequada subiu para 49 milhões em 2008, 13 milhões acima do contingente de um ano atrás, e o mais alto desde que o governo federal iniciou esse tipo de pesquisa, há 14 anos.
Cerca de um terço dos lares em dificuldades foi considerado sob “baixíssima segurança alimentar,” o que significa que membros da família pularam refeições, ou reduziram quantidades, em algum momento do ano, por dificuldades financeiras.
Os outros dois terços conseguiram alimentar-se com produtos mais baratos ou em menor variedade, dependendo de ajuda governamental como vales-refeição ou frequentando "sopões", cuja clientela tem crescido substancialmente nos últimos anos.
Famílias com falta de recursos geralmente suprem as crianças em primeiro lugar, protegendo-as das dificuldades tanto quanto possível. Mas os novos dados mostraram que o número de lares com crianças expostas à condição de “baixíssima segurança alimentar” subiu para 506.000, de 323.000, em 2007.
O governo Bush tentou eliminar essa pesquisa anual, mas Obama tem lidado com o problema, alertando para o perigo das crianças, em especial.
Ele estabeleceu a meta de eliminar a fome infantil em seu país até 2015. Essa era a data que os integrantes das reuniões da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) haviam marcado para reduzir à metade os então cerca de 840 mil famintos contabilizados em 1996.
E aí? Se nem mesmo tantas crianças americanas podem obter a ração mínima diária adequada, é ilusão imaginar que o espantoso 1,02 bilhão de esfomeados por todo o mundo será atendido pelas vagas, eternas e repetitivas promessas feitas nos encontros da FAO.
Lula aproveita-se da situação, colhendo dividendos políticos de um tão enérgico quanto teatral discurso proferido diante de uma platéia de surdos.
No íntimo, nem ele mesmo crê no que diz; tampouco se importa de verdade com o problema. É tudo, como sempre, um show business político. O velho papo de sempre.
Luiz Leitão luizmleitao@gmail.com

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