A China admites presídios ilegais, chamados "black jails", ou prisões negras, no sentido que dá no Brasil, por exemplo, ao câmbio negro, paralelo, ilegal.
A Guantánamo chinesa, por que não? Se a América tão democrática ainda tem a sua, que dirá um país totalitário?
Uma revista editada pelo governo chinês revelou a existência de uma rede secreta de centros de detenção, "black jails", em Pequim onde os presos costumam ser espancados ou torturados.
Até agora, o Partido Comunista negava veementemente ter essas prisões ilegais, apesar de um crescente número de testemunhos e evidências fornecidas por ex-detentos.
No entanto, uma reportagem na Liaowang (Outlook, algo como Panorama), uma revista redigida para a elite governamental, publicada pela agência noticiosa oficial Xinhua, deixou o sistema à mostra. As vítimas das prisões são geralmente chineses comuns que viajaram para registrar uma queixa, ou petição, no governo central, que haviam sido ignoradas pelas autoridades.Todos os dias, centenas de requerentes chegam a Pequim, vindos de toda a China, e acabam presos por policiais à paisana ou mesmo funcionários de agências de segurança privadas, enviados pelo governo de suas províncias para "buscá-los". Como os governos locais são avaliados pela quantidade de queixas que chegam a Pequim, as autoridades locais costumam agir com determinação para impedir os reclamantes de registrar suas queixas. A reportagem da Liaowang diz que o número de pessoas empregadas por governos locais para abduzir cidadãos "pode chegar a mais de 10.000"."Em Pequim, uma enorme rede de negócios surgiu para alimentar, abrigar, transportar, perseguir, deter e buscar retrieve reclamantes," diz a revista. Acrescentou que há, pelo menos, 73 dessas mini-Guantánamos na capital, geralmente em clínicas psiquiatricas ou casas vazias.Firmas de segurança privada cobram entre 100 yuans e 200 yuans por pessoa abduzida. A Liaowang diz que o sistema "prejudicou seriamente a imagem do governo". Dentro dessas prisões negras, todos os celulares e documentos de identidade são confiscados, e vários presos são espancados, abusados sexualmente, intimidados e roubados, segundo a Human Rights Watch, que entrevistou 38 ex-prisioneiros para um relatório publicado há apenas duas semanas. Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores repudiou furiosamente as acusações da ONG. "Não existem essas prisões na China," disse Qin Gang, um porta-voz. No relatório,um ex-detento, de 46 anos, da província de Jiangsu, que passou mais de um mês em uma prisão ilegal, disse: "Eles são desumanos...duas pessoas me puxaram pelos cabelos e me puseram no carro.Minhas mãos estavam amarradas e eu não podia me mexer. Então [após chegar de volta a Jiangsu] eles me puseram isolado em um quarto onde havia duas mulheres que tiraram minhas roupas e me bateram na cabeça, e me pisotearam." No começo de novembro, um guarda de uma "black jail" foi julgado culpado pelo estupro de uma mulher de 20 anos da província de Anhui, na presença de uma dúzia de testemunhas. No entanto, a Justiça não acolheu as denúncias contra a "hospedaria" e dois oficiais da província, segundo o jornal oficial China Daily. Para alguns ativistas, as matérias na Liaowang, sancionadas pelo Estado, indicam uma possível disposição do Partido Comunista a enfrentar o problema."Eles negavam categoricamente até mesmo a existência dessas prisões. Essa é a primeira vez que uma revista oficial, de alto nível, assume que elas existem. Isso é bastante significativo," diz Wang Songlian dos Defensores Chineses de Direitos Humanos.
China admits it runs illegal black jails
A magazine run by the Chinese government has revealed the existence of a network of secret detention centers or "black jails" in Beijing where inmates are often beaten or tortured.
Until now, the Communist Party has strenuously denied running black jails, despite a growing number of testimonies and evidence from former inmates.
However, a report in Liaowang (Outlook), a magazine which is written for elite government officials and published by the official Xinhua news agency, laid the system bare.
The victims of the jails are usually ordinary Chinese who have travelled to Beijing to lodge a complaint, or petition, with the central government that their local officials have ignored.
Every day, hundreds of petitioners arrive in Beijing from across China, only to be hunted down by plain-clothes policemen or even private security firms sent by their home province to "retrieve" them.
Since local governments are judged on the number of grievances that arrive in Beijing, officials are often determined not to let the petitioners file their claims. The Liaowang report said that the number of people employed by local governments to abduct citizens "can reach over 10,000".
"In Beijing, a monstruous business network has emerged to feed, house, transport, man-hunt, detain and retrieve petitioners," said the magazine. It added that there are at least 73 black jails in the capital, often in unused homes or psychiatric wards. Private security firms demand fees of 100 yuan to 200 yuan per person they abduct.
Liaowang said the system "seriously damaged the government's image".
Inside the black jails, all mobile phones and identification cards are confiscated, and many inmates are beaten, sexually-abused, intimidated and robbed, according to Human Rights Watch, which interviewed 38 former detainees for a report which it published just two weeks ago.
At the time, the Foreign ministry angrily rejected the accusations from the NGO. "There are no black jails in China," said Qin Gang, a spokesman.
In the report, one 46-year-old former detainee from Jiangsu province, who spent more than a month in a black jail, said: "They are inhuman...two people dragged me by the hair and put me into the car.
My two hands were tied up and I couldn't move. Then [after arriving back in Jiangsu] they put me inside a room where there were two women who stripped me of my clothes [and] beat my head [and] used their feet to stomp my body." At the beginning of November, a guard at a black jail pleaded guilty to raping a 20-year-old woman from Anhui province in front of a dozen witnesses. However, the court dismissed the charges against the "guesthouse" and two provincial liaison officials, according to the official China Daily newspaper.
For some activists, the state-sanctioned articles in Liaowang signalled a possible willingness by the Communist party to confront the problem.
"They have categorically denied there are even black jails. This is the first time an official, high-level magazine acknowledges that they exist. This is fairly significant," said Wang Songlian at Chinese Human Rights Defenders.
Nenhum comentário:
Postar um comentário