Embora talvez não pareça, há muitas semelhanças entre e a economia e a política, a começar da influência fundamental daquela sobre esta e vice-versa. No final das contas, uma relação simbiótica.
No quesito comportamento reprovável, então, é que os pontos em comum mais se avolumam. A avalanche de sujeira que tem surgido no noticiário com relatos como o do banco suíço UBS ou o do inglês Lloyds TSB, ambos confessos autores de práticas ilegais no mercado financeiro americano, não é menos avassaladora que as reportagens sobre desmandos na seara governamental e política tanto do passado governo Bush quanto do atual Lula da Silva, no Brasil.
Quanto mais a administração Obama despeja recursos no saco sem fundo dos bancos e automobilísticas americanos, mais eles pedem, embora não se pejem de ainda gastar dinheiro inutilmente em festas, comemorações, sabe-se lá do quê. Seus dirigentes estão tão alienados por anos de bonança artificial e bônus multimilionários que não enxergam a saída da enrascada financeira em que enfiaram suas companhias.
É fácil e cômodo pôr a culpa na crise, mas é fato que as três grandes automotivas americanas e outras empresas têm sido escandalosamente mal administradas durante anos. O prejuízo de trinta e um bilhões de dólares da GM sofrido em 2008 não saiu do nada, de um estalo a partir do início da atual crise econômica.
Citibank, GM, Bank of America e outras empresas ficam a salvo da bancarrota porque são ditas “grandes demais para quebrar”. Sob esse álibi, o governo entorna montanhas de recursos nas burras de firmas deploravelmente geridas, emaranhadas em um sistema irremediavelmente viciado.
Agora, fala-se em regular adequadamente os mercados, mas essa questão está atrelada à qualidade dos órgãos reguladores e dos gestores públicos dos vários países, que terão de administrar esta vigilância ao mesmo tempo em que convivem com predadores financeiros altamente criativos. Algo comparável com os hackers que criam vírus. Se até hoje ninguém acabou com os ataques virtuais aos computadores, de duas, uma: ou isso não é possível ou não há interesse.
Os esquemas fraudulentos de Bernard Madoff, Allen Stanford e de alguns bancos de renome duraram anos, apesar de os dois primeiros terem sido identificados e denunciados, exaustiva e inutilmente, há pelo menos uma década. Hoje mesmo, o Tesouro americano revelou a clamorosa omissão dos órgãos reguladores na leitura dos sinais de alarme emitidos pelo agente de hipotecas Indy Mac, cuja quebra resultou num prejuízo de US$ 10,7 bilhões ao Fundo de Garantia de Seguro de Crédito, o FDIC, na sigla em inglês.
A chantagem que se faz com o argumento de ser “grande demais para quebrar” precisa ser descaracterizada para que as coisas possam ser postas nos devidos lugares. O governo sueco não caiu nessa e negou ajuda à Saab, uma subsidiária da GM, e os cidadãos alemãos estão fazendo passeatas com o mote “Yes, we can, auch ohne GM” (Sim, nós podemos, sem a GM), aludindo à separação da Opel de sua controladora americana.
Isso vale também para a política, onde há deputados e, principalmente, senadores, “grandes demais para quebrar”, que se o fizerem, levarão de roldão boa parte do Congresso Nacional. É óbvio que se perpetuam não só pela própria força, mas mediante a deplorável qualidade das alianças que os sustentam, uma nauseante farinha do mesmo saco.
Esses políticos, no caso do Brasil, são análogos àquelas empresas e bancos americanos: mantidos pelos votos, não melhoram a qualidade dos serviços parlamentares que prestam à comunidade.
No esquema fraudulento da política brasileira, quem sabe deixar a politicalha à míngua, na base do voto nulo, seja a solução para que os simplesmente ruins e os verdadeiramente maus quebrem?
Um caso a pensar, quando as pessoas estiverem suficientemente cansadas da socialização de prejuízos, tanto comerciais quanto políticos.
Luiz Leitão
luizmleitao@gmail.com
Astronomia, astrofísica, astrogeologia, astrobiologia, astrogeografia. O macro Universo em geral, deixando de lado os assuntos mundanos. Um olhar para o sublime Universo que existe além da Terra e transcende nossas brevíssimas vidas. Astronomy astrophysics, astrogeology, astrobiology, astrogeography. The macro Universe in general, putting aside mundane subjects. A look at the sublime Universe that exists beyond Earth and transcends our rather brief life spans.
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Semelhanças político-econômicas
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