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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Eluana

Como que a mostrar aos teimosos opositores ao transcorrer da vida, que sempre deságua na morte, Eluana Enlgaro, a italiana que passou 17 anos em coma, morreu um ou dois dias após a redução de sua alimentação.
Seu pai, Beppino Englaro, havia dito que ela mesma, talvez antevendo seu futuro, lhe confessara o desejo de não ser mantida viva, em coma, se algo lhe acontecesse.
Foram onze anos de batalha jurídica até que sua alimentação pudesse finalmente ser interrompida, mas ela não deveria morrer no transcorrer de apenas um dia com a alimentação reduzida à metade.
A empreitada cínica e oportunista do premiê italiano Silvio Berlusconi foi abortada pela Natureza, ou por Deus, conforme a crença de cada um. Seja qual tenha sido o veículo dessa verdade, foi um recado, de que a vida vegetativa, sem esperanças, não faz sentido.
Todos sabem o valor psicológico do simbolismo encerrado nas cerimônias fúnebres. Não fosse assim, ninguém despenderia enormes esforços para o resgate dos corpos de vítimas de acidentes, muitas vezes em locais de dificílimo acesso.
Eluana Englaro estava morta há muitos anos, mas a falta de misericórdia da Igreja e das autoridades subtraíam de seu pai o direito a esse ritual tão caro, fundamental para que sua vida pudesse continuar. Ninguém vive em paz enquanto não pode enterrar seus mortos.

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