Um novo termo, Synbio, será comum na próxima década. Significa biologia sintética – vida artificial – e terá tanta importância quanto a computação e a engenharia genética, e já é um termo comum no meio da comunidade científica.
Ao passo que a engenharia genética só cuidava de implantar genes e desativá-los, a Biologia Sintética constrói organismos vivos inteiramente novos a partir de fragmentos de DNA, chamados biobricks (brick = tijolo).
Além disso, há o método de Craig Venter, de extrair um segmento de DNA representante da menor e mais simples forma de vida e usá-lo, como o chassi de um carro, para adicionar bits, informações, características; é neste ponto que ele está chegando, ou já chegou.
Um admirável mundo novo no qual haverá praticantes de biologia sintética, sintebiólogos, a trabalhar como desenhistas-projetistas, planejando organismos em seus laptops e enviando-os por e-mail à linha de fundição genética para serem montados.
A melhor hipótese é que estamos a um ou dois anos da primeira aplicação comercial, mas dinheiro grosso já está sendo colocado no negócio. Craig Venter está patenteando suas descobertas – ou invenções - , uma corrida do ouro. Em 2015, estima-se que um quinto da indústria química dependerá da Synbio. Mas o público tem o direito de ser posto a par dos riscos – e trata-se de uma ciência assustadora – e se vale a pena assumi-los.
Portanto, cuidado com a maneira como está sendo vendida esta revolução científica, com promessas de ajudar a pobreza africana e aliviar o aquecimento global. A Synbio acena com a produção de drogas antimaláricas baratas: existe uma carência mundial de artemisina natural, a mais eficaz substância antimalárica, extraída de uma árvore, mas o biosinteticistas estão prestes a desenvolver um meio de inserir o gene responsável pela produção de artemisina em uma linhagem de fungos que poderiam fabricá-la em grandes e econômicas quantidades.
Um pouco menos desenvolvida, mas igualmente possível, são bactérias que podem enxugar óleo de vazamentos ou extrair metais pesados de solos contaminados.
Contudo, a mais excitante possibilidade é a de mitigar os efeitos das mudanças climáticas: bactérias capazes de quebrar moléculas de celulose para produzir etanol, e outras que podem seqüestrar carbono da atmosfera. O futuro é a “industrialização da natureza”.
Algumas das promessas serão apenas como aquela dos organismos geneticamente modificados, os transgênicos, que iriam aliviar a deficiência crônica de vitamina A na Ásia, mas ainda não se materializaram. De qualquer forma, ninguém duvida das grandes e benignas aplicações da Synbio. A questão é que não se pode prever quanto custarão.
Mas a possibilidade de a Synbio dar errado tira o sono de alguns biólogos, como o presidente da Royal Society, Sir Martin Rees, que fala em bioterror ou bioerros – enganos – que podem causar milhões de mortes em um só evento, lá por 2020.
O aspecto mais assustador da Synbio reside em duas dimensões da ciência. Primeiramente, após os altos custos iniciais, a Synbio pode tornar-se uma ciência tão acessível quanto a eletrônica. Diferentemente da energia nuclear, ela não exigirá muitos recursos ou conhecimentos excepcionais. Em uma década, milhares de laboratórios a graduados em ciências provavelmente estarão aptos à prática da Synbio, tornando extremamente difícil a sua regulamentação.
Segundo, criar uma bactéria fantástica em um laboratório isolado é uma coisa, mas o que acontecerá quando elas se disseminarem e cruzarem com parentes, sofrendo mutações em organismos jamais imaginados? A questão toda desta ciência é o desenvolvimento de aplicações em larga escala fora dos laboratórios, mas pode-se prever as conseqüências de se liberar tais organismos? A resposta é um sonoro não. Nós conhecemos apenas 1% das bactérias existentes, e pouco sabemos a respeito de como ocorrem suas mutações. O que se sabe é que as bactérias sobrevivem a quase tudo, e se alguma bactéria malévola for desenvolvida, será difícil exterminá-la.
Apesar disso, ninguém defende que se abandonem as pesquisas. Mesmo os mais conscientes biocientistas sabem que se eles não seguirem adiante, outros, sem escrúpulos o farão. Além de tudo, a promessa de grandes lucros manterá o desenvolvimento das pesquisas em marcha – Craig Venter diz que se ele conseguir desenvolver seu organismo biosintético, ele poderá valer bilhões ou mesmo trilhões de dólares em royalties.
Imagine se os engenheiros do século 18 pudessem vislumbrar as conseqüências da industrialização. Se soubessem que aqueles adventos iriam trazer tamanha riqueza e conforto para milhões de pessoas, mas também causariam a ruptura e destruição de comunidades, levar a uma escalada de guerras e a uma enorme degradação ambiental, como eles teriam avaliado tais conseqüências?
E para onde estamos indo? Em duas décadas poderemos ter a capacidade de organizar a Natureza da forma que desejarmos – O cientista Freeman Dyson, em recente artigo sobre Synbio, sugeriu florestas com folhas negras para melhor aproveitamento da luz solar.
Poderemos nos atirar à tarefa de criar uma biodiversidade própria para substituir aquela que teremos perdido, destruído. Poderemos ter uma nova e “aprimorada” Natureza, mais eficiente para suprir nossas necessidades e garantir a sobrevivência de gerações futuras, Uma promessa de salvação ou uma ameaça
Astronomia, astrofísica, astrogeologia, astrobiologia, astrogeografia. O macro Universo em geral, deixando de lado os assuntos mundanos. Um olhar para o sublime Universo que existe além da Terra e transcende nossas brevíssimas vidas. Astronomy astrophysics, astrogeology, astrobiology, astrogeography. The macro Universe in general, putting aside mundane subjects. A look at the sublime Universe that exists beyond Earth and transcends our rather brief life spans.
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terça-feira, 23 de outubro de 2007
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