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sábado, 20 de outubro de 2007

O inferno astral da Igreja Universal

Ela tem milhares de "templos" em centenas de países e estende seus tentáculos para a compra de veículos de mídia. Adquiriu um jornal tradicional do Rio Grande do Sul, tem dois canais de TV em São Paulo e muito mais país e mundo afora. Na inauguração da nova Record News de Edir Macedo, estavam presentes e sorridentes Lula, o governdor de São Paulo, José Serra (PSDB-SP) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP).
Seu dono, o autodenominado "bispo" Edir Macedo era funcionário da Loterj, a loteria estadual do Rio de Janeiro. Depois, começou a pregar em praça pública; em seguida, comprou inserções em horários de televisão. Hoje, é o multimilionário dono da Rede record, entre outras empresas. Seu partido político, o PR, tem entre os afiliados o vice-presidente da República, e para ele têm afluído muitos dos trânsfugas dos demais partidos brasileiros.
Mas, nem tudo é idílico na vida destes desprendidos pregadores de uma fé muito peculiar. O Superior Tribunal de Justiça condenou a agremiação religiosa a pagar uma indenização de R$ 1 milhão em decorrência da morte de um garoto que freqüentava os templos da pragmática instituição. Os pais do adolescente Lucas Terra, assassinado aos 14 anos, em 21 de março de 2001, por um pastor da igreja, Sílvio Roberto Santos Galiza, em Salvador (BA), receberão esta quantia acrescida de juros e correção monetária, o que quase dobrará o valor. Condenado pelo crime há 11 meses, o pastor cumpre pena de 18 anos, na capital baiana.
Outra derrota de Macedo foi a decisão da Justiça de São Paulo que negou pedido do "bispo" e da Igreja Universal do Reino de Deus para tirar do ar os vídeos do YouTube em que o bispo explica a pastores como convencer fiéis a fazer doações em dinheiro. Para a defesa da igreja, a divulgação dos vídeos caracteriza “difamação, calúnia e injúria”. http://www.youtube.com/watch?v=My6_faauym8 .Ora, trata-se, apenas, de um vídeo mostrando o bispo em ação. Calúnia por quê?
Mas o pior está por vir:
A Polícia Federal abriu inquérito, em São Paulo, para investigar o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. O inquérito teve origem em representação ao Ministério Público Federal feita, em 2005, pelo ex-deputado estadual Afanásio Jazadji, que reabre a discussão sobre a origem dos recursos usados por Edir Macedo na compra da Rede Record. O ex-deputado entregou ao Ministério Público Federal cópia da declaração que Macedo assinou ao sair do Brasil, de mudança para os Estados Unidos, em 2003, na qual afirmou que teve rendimento tributável de apenas R$ 8.289,60 em 2002, quando já era acionista controlador da Record.
Jazadji juntou à representação cópia de declaração do advogado da Iurd Rodrigo Pereira Adriano, de um processo existente na 39ª Vara Cível de São Paulo, em que afirma que o bispo Macedo não tem "vínculo jurídico ou estatutário" com a Igreja Universal", e que tampouco faz parte da direção da entidade no Brasil.
Com base nos dois documentos, Jazadji acusou o líder da Universal de se apropriar de recursos da igreja para construir patrimônio pessoal em empresas de mídia. "Se verdadeira a assertiva e não há porque dela duvidar, estaria mais do que na hora de Edir Macedo Bezerra devolver a Rede Record de Rádio e Televisão S/A à IURD e por conseguinte à população, aos crédulos fiéis que para a sua aquisição e crescimento dispuseram durante anos de suas economias e não para a patrimonialização pessoal de Edir e de seus familiares", diz o deputado em sua representação.
Macedo e a mulher, Ester, são os únicos proprietários da Record de São Paulo. A emissora é a cabeça de rede da Record e também figura como acionista minoritária de várias outras emissoras do grupo. A acusação é de que o bispo teria se apropriado de patrimônio (as emissoras de rádio e de TV) construído com recursos doados por fiéis, supostamente para causas religiosas e assistenciais.
Em entrevista à Folha, publicada no sábado, o bispo Macedo disse que a Iurd é apenas cliente da Record (aluga espaço na programação na madrugada) e que a igreja paga à Record e esta paga impostos ao governo. No entanto, esquivou-se de dizer quanto a Iurd investe na emissora e de como pagou pela compra da Record.
Consultor Jurídico, 18 de outubro de 2007

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