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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O saque a uma nação

A arrasadora extensão da corrupção perpetrada pela família do ex-dirigente do Quênia, Daniel Arap Moi (foto, ao lado), foi revelada por um relatório secreto que mostra uma rede de companhias de fachada, acordos secretos e testas de ferro que sua trupe utilizou como um funil para dragar bilhões aplicados em bens e bancos de cerca de 30 países. O relatório preparado pela empresa de consultoria Kroll, a que o Guardian teve acesso, sustenta que parentes e associados de Moi desviaram mais de 2 bilhões em recursos do governo. Se isto for verdade, os Moi estarão à altura de outros grandes cleptocratas africanos, como Mobuto Sese Seko do Zaire, hoje RDC, e da Nigéria Sani Abacha. A montanha de recursos inclui mansões milionárias em Londres, Nova York e África do Sul, além de uma fazenda de 10 mil há na Austrália e contas bancárias com centenas de milhões de dólares. O relatório, encomendado pelo governo do Quênia, foi apresentado em 2004, mas jamais foram tomadas providências. Eis os detalhes: Os filhos de Moi, Philip e Gideon, teriam cerca de 384 e 550 milhões, respectivamente. Seus asseclas têm ligações com os barões italianos da droga e falsificação de moeda. Possuíram um banco na Bélgica; a perspective de perder a fortuna suscitou ameaças de violência entre a família Moi e seus assessores políticos; 4 milhões foram aplicados na compra de uma residência em Surrey e mais 2 milhões para um apartamento em Knightsbridge. A Kroll não confirma a autenticidade do relatório. A investigação do regime anterior foi pedida pelo president Mwai Kibaki logo após chegar ao poder com uma plataforma anticorrupção, em 2003. Deveria ter sido o primeiro passo para a recuperação de parte do dinheiro roubado durante os 24 anos de Moi no poder, que deu ao Quênia a fama de um dos mais corruptos países do mundo. No entanto, logo que a investigação começou, o governo de Kibaki protagonizou o próprio escândalo, que ficou conhecido como Anglo Leasing, envolvendo grandes contratos governamentais com empresas de fachada. Desde então, nenhum dos parentes de Moi foi processado. Nenhuma parte do dinheiro foi recuperada. Três de seus ex-ministros que renunciaram após o escândalo da Anglo Leasing vir à tona foram reconduzidos a seus cargos. Bem, o governo do Quênia confirmou ter recebido o relatório em 2004, mas Alfred Mutua, porta-voz oficial, disse que estava incompleto e imperfeito, e que a Kroll não havia sido mais contratada para qualquer outro trabalho. Disse duvidar da credibilidade do relatório, que teria sido baseado em muito falatório, fofocas, e completou que o seu vazamento teve motivação política, insistindo que o Quênia estava trabalhando em conjunto com governos estrangeiros para repatriar o dinheiro. Falou também que o governo pediu a bancos britânicos ajuda para recuperar os fundos, mas que eles teriam recusado. O relatório foi obtido no site Wikileak, voltado para a exposição de corrupção. Acredita-se que o seu vazamento foi obra de um alto funcionário do governo, aborrecido com o insucesso de Kibaki em combater a corrupção e com sua aliança com o ex-presidente Moi antes das eleições presidenciais de dezembro. Daniel Moi declarou que iria apoiar Kibaki para um segundo mandato, mas desistiu porque interesses egoístas e individuais estavam impregnados naquela sociedade entre ambos. Moi ainda é uma pessoa influente no Quênia e seu aval seria importante para definir a reeleição de seu sucessor. No relatório, os investigadores da Kroll alegam que um banco do Quênia fora o mecanismo-chave para contrabandear enormes somas através de suas contas-correntes no exterior. O mesmo banco já havia lavado 200 milhões de dólares para Abacha, com a ajuda de um “financiador” suíço. Acredita-se que o montante lavado seja através do mesmo sistema para os Moi seja o dobro daqueles valores. A Kroll confirmou haver trabalhado para o governo do Quênia, mas um porta-voz da empresa, a quem foram exibidos trechos do relatório, disse não poder confirmar ou desmentir a sua autenticidade, tampouco falar qualquer coisa acerca dos trabalhos feitos para aquele governo, que são confidenciais. Gideon Moi e Philip Moi são hoens de negócios, e o porta-voz de Daniel Arap Moi não respondeu aos recados deixados em seu telefone.

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