Iraque, pior que Darfur

Quando se deu a invasão americana do Iraque, muitos diagnósticos prevendo um novo Vietnã foram certeiros, mas os analistas e todos nós estávamos longe de vislumbrar os efeitos colaterais, por assim dizer, desta guerra baseada numa mentira. A Austrália, recentemente, admitiu estar no Iraque por causa do petróleo; enfim alguém tem a coragem de admitir o que todos sabiam.

Para efeito de comparação, a tragédia no Sudão fez cerca de duas centenas de vítimas fatais e desabrigou dois milhões, que se encontram em situação de emergência. Já o Iraque, noticiam agora os jornais, além do número incomparavelmente maior de mortos, tem algo como oito milhões de pessoas em estado de carência de coisas básicas como água, abrigo, alimentos, medicamentos, além de enfrentarem uma violência crescente, que, paradoxalmente, se tornará ainda pior se os EUA e demais nações se retirarem de lá. Há, também outros dois milhões de refugiados iraquianos nos vizinhos Síria e Jordânia.

Eis o exemplo acabado do poder destrutivo de uma guerra, que não compreende apenas mortos: profissionais de várias categorias se evadiram, faltam engenheiros, médicos, professores, diz a Oxfam, organização não-governamental dedicada ao combate à miséria e sofrimento, que, no entanto, não tem operado no Iraque desde 2003, por falta de segurança.

Se prover ajuda a esta quantidade de pessoas já é uma tarefa de titãs, que dirá neste cenário de extrema violência. Sim, a situação iraquiana é uma crise internacional de enormes proporções, a destruição de uma nação, efeito colateral de uma guerra movida por ambições, covardia, mentiras e hipocrisia.

Por Luiz Leitão, 30/7/07.