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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A luz mais antiga do Universo

Esta concepção artistística mostra como fótons do universo primodial são defletidos pelo efeito de lente gravitacional causado por massivas estruturas cósmicas ao viajarem através do universe.  ESA

A jornada da luz do universo primordial até os telescópios modernos  é longa e tortuosa. A luz antiga viajou bilhões de anos para chegar até nós, e pelo caminho, sua trajetória foi distorcida pela atração da matéria, tornando sua forma retorcida. 

Esta forma de luz retorcida, chamada B-modes (Modos-B), foi finalmente detectada. A descoberta, que permitirá a confecção de melhores mapas da matéria através do nosso universo, foi feita com o uso do Telescópio do Polo Sul, da Fundação Nacional de Ciências, com a ajuda do observatório espacial Herschel

Cientistas há muito tempo previram dois tipos de B-modes:as que foram descobertas recentemente foram geradas alguns bilhões de anos atrás na existência do nosso universo (ele tem atualmente 13,8 bilhões de anos de idade). As outras, chamadas primordiais,foram, em teoria, produzidas quando o universo era recém-nascido, frações de segundos após seu nascimento no Big Bang. 

"Esta última descoberta é um bom ponto de verificação em nossa trajetória para a medição das B-modes primordiais,"disse Duncan Hanson, da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, principal autor do novo relatório publicado em 30 de setembro na edição online do Physical Review Letters

As furtivas Modos-b  primordiais podem conter pistas sobre o nascimento do universo. Cientistas estão atualmente garimpando dados da missão Planck  em busca delas. Ambas, Herschel e Planck são missões da  Agência Espacial Europeia, com importante contribuição da NASA . 

A luz mais antiga que vemos ao nosso redor atualmente, chamada radiação cósmica de micro-ondas de fundo, vem lá de trás, de um tempo apenas algumas centenas de anos após a criação do universo. O Planck recentemente produziu o melhor mapa de todos os tempos desta luz, revelando novos detalhes sobre a idade do nosso cosmos, seu conteúdo e origens. Uma fração desta antiga luz é polarizada, um processo que faz com que as ondas de luz vibrem no mesmo plano. O mesmo fenômeno ocorre quando a luz solar é refletida em lagos, ou partículas em nossa atmosfera. Na Terra, óculos de Sol especiais podem isolar essa luz polarizada, reduzindo  o brilho intenso, ofuscante. 

As B-modes são um tipo de luz polarizada de padrão entortado. No novo estudo, os cientistas estiveram à procura de um tipo de luz polarizada produzida pela matéria em um processo chamado lente gravitacional, onde a atração gravitacional de nós de matéria distorce a trajetória da luz. 

Os sinais são extremamente tênues, de forma que Hanson e seus colegas usaram o mapa da matéria infravermelho do Herschel para terem uma melhor noção de onde procurar. Os pesquisadores então detectaram os sinais com o Telescópio do Polo Sul, obtendo a detecção, pela primeira vez, das B-modes. Este é um passo importante para melhor mapear como a matéria, tanto a normal quanto a escura, é distribuída pelo nosso universo. Concentrados de matéria do universo primordial são as sementes de galáxias como a nossa Via Láctea. 

Astrônomos estão ansiosos por detectar B-modes primordiais  em seguida. Esses sinais de polarização, de bilhões de anos atrás, seriam muito mais brilhantes em escalas maiores, as quais uma missão de céu inteiro como a Planck tem maior capacidade de ver. 

"Essas belas medições do Telescópio do Polo Sul e do Herschel reforçam nossa confiança em nosso modelo atual do universo," disse Olivier Doré,  membro da equipe de ciência do U.S. Planck no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, Califórnia. "Entretanto, este modelo não nos diz quão grande deveria ser o próprio sinal primordial. Estamos, assim, de fato explorando com emoção um novo território aqui, e potencialmente muito, muito antigo." 

Tradução de Luiz Leitão

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