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sábado, 7 de setembro de 2013

As pessoas precisam se indignar



Por Luiz Leitão*

O Brasil, reconheceu a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, ainda é uma país com serviços públicos de baixa qualidade. E aduziu o óbvio, que a população tem o direito de se indignar e cobrar mudanças. http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,grupos-prometem-atos-em-todo-o-pais,1072091,0.htm

Foi o que aconteceu, mas produziu efeitos fugazes, nas recentes manifestações contra as tarifas dos transportes públicos, iniciadas em São Paulo e logo espalhadas por todo o país.

Mas não são todos que têm tempo, disposição ou mesmo coragem para participar de manifestações de rua. E nem é preciso fazer isso, pode-se, simplesmente, reclamar.

Ontem, sexta-feira, eu estava em uma agência da Caixa Econômica Federal, um banco público, com uma senha de atendidmento no chamado "Serviço Expresso", nome que só pode ser gozação. Trata-se de um balcão com três guichês, curiosamente numerados 1, 2 e 6...

Havia várias pessoas sentadas, esperando sua vez, e apenas um funcionário atendendo. Todos quietos, reclamando baixinho, mas, de certa forma, resignados, como se estivessem ali em busca de algum favor do governo. 

Perguntei ao moço o que queria dizer a placa Serviço Expresso, se havia somente ele atendendo. Ele, laconicamente, respondeu que "eu faço o que posso". 

Levantei-me, e fui falar com um dos gerentes, reclamando do fato de haver apenas um funcionário atendendo no "Serviço Expresso". Ele tentou se justificar dizendo que a outra funcionária havia ido almoçar, ao que retruquei dizendo que nós, cidadãos, não tínhamos nada a ver com aquilo, que o banco pusesse um substituto no lugar dela, e que, além disso, eram três guichês, logo, faltavam dois atendentes.

Disse a ele que eu sou um cidadão, cliente,estava em um banco público, e tinha o direito de ser atendido com eficiência, dedicação e atenção. O moço, então, levantou-se e me disse que iria, ele próprio, auxiliar o atendimento no "Serviço Expresso". Às pessoas que estavam ao meu lado, sentadas aguardando a vez, eu disse que tinha de ser assim, que era preciso reclamar, com educação e firmeza, mas com ênfase, indignação. 

"É preciso fazer os funcionário se sentirem incomodados com a cobrança, mesmo que na hora isso possa não produzir efeito. A mulher que foi logo atendida pelo gerente me agradeceu, e eu disse aos demais que era aquela era uma das formas de começar a mudar o Brasil, sem quebrar nada, sem violência, com educação, mas com firmeza. E isso vale tanto para o serviço público quanto para qualquer empresa, loja, instituição — Judiciário, inclusive, porque juízes são meros servidores públicos, e não deuses.

Lembrem-se, caros leitores: As repartições públicas, empresas, hospitais etc., são pagos por nós pelos serviços que prestam ou produtos que vendem. E, como quem paga, manda, tem todo o direito de cobrar. O SUS não atende "de graça". Ele é pago com nossos impostos, o remédio que  fornece "gratuitamente" (na verdade, sem cobrar, o que que é muito diferente de gratuitamente) é bancado com os impostos embutidos nos preços das mercadorias e serviços — dos próprios medicamentos, inclusive, representando cerca de 33% de seu custo.


Sou usuário do SUS, e acredito firmemente que, se as pessoas que não o utilizam começassem a fazê-lo, deixando de pagar convênios particulares, em grande parte de péssima qualidade, que "negam fogo" quando o usuário mais precisa deles, as coisas mudariam. 

Muitas vezes, espera-se mais tempo em um pronto socorro particular do que num público. E lembrem-se: os jornais estão aí, prestando uma ajuda valiosíssima através de seus serviços de reclamações. Eis dois deles, aos quais costumo recorrer contra os abusos de empresas como a Vivo, NET e outras: 

Folha de S. Paulo: Cidade Sua (para queixas em geral, contra empresas e serviços públicos) cidadesua@uol.com.br

O Estado de S. Paulo: Coluna São Paulo Reclama (para queixas contra serviços públicos) spreclama.estado@grupoestado.com.br Coluna Seus Direitos (reclamações contra empresas em geral) consumidor.estado@grupoestado.com.br;

Ao contrário das instituições e empresas de telefonia dos quais reclamamos, os serviços prestados por estes dois jornais funcionam espetacularmente. 


*Jornalista e tradutor

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