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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A febre do gás de xisto

O Karoo é uma área semidesértica de 400.000  km², e cobre 40% da superfície terrestre da África do Sul. 
Um plano do governo sul-africano de permitir a exploração do gás de xisto com a técnica chamada" fracking" no vasto semideserto Karoo foi criticada como "completamente irresponsável" por ativistas ambientais, que prometeram levar a questão aos tribunais.
O Karoo, nome derivado de uma frase em San que significa Terra da Grande Sede‚ é maior que a Alemanha, com mais de 400.000 km². Ela abriga cerca de 100cidades e um milhão de pessoas, e foi  celebrada por poetas devido à sua beleza inóspita. Mas esta semana Kgalema Motlanthe, vice-presidente da África do Sul, anunciou no parlamento que cientistas haviam aconselhado o governo a permitir o fracking  em benefício da economia.
Na treça-feira, Rob Davies, ministro da Indústria e Comércio, disse que o governo havia acordado  que a exploração do gás de xisto (shale gas) no Karoo, na província de Cabo Oeste deveria começar antes  das eleições gerais do ano que vem. "O gás de xisto tem um potencial  revolucionário,"disse.
"Do pouco que eu sei sobre isso, a Mossgas [a primeira refinaria de gás para líquido do mundo, na Baía Mossel, em Cabo Oeste] tem recursos de um trilhão de metros cúbicos de gás. Os campos de gás do norte de Moçambique, recém-abertos, têm cerca de  cem trilhões de metros cúbicos de gás.
"As estimativas das reservas de gás de xisto indicam que elas são maiores do que as de Moçambique. Se isso for verdade, poderá ser uma tremenda revolução na situação energética da África do Sul."
Assim como na Grã-Bretanha e nos EUA, os planos para permitir a perfuração para extração do gás de xisto encontram uma oposição acirrada na África do Sul, onde a Shell é uma das empresas que se candidataram a adquirir os direitos de exploração. Grupos de lobby alegam que a técnica causa degradação da terra, poluição do solo e da água, e  suja o ar. Eles também dizem que o fracking pode arruinar o Karoo, uma precioso patrimônio natural que se espalha por 40% do território do país e data de centenas de milhões de anos.
A Áfricado Sul está em um luta constante para acompanhar sua demanda energética. O Congresso Nacional Africano (ANC) levou energia elétrica a milhões de famílias que foram privadas dela durante o apartheid racial, mas a tensão na rede nacional, que depende basicamente do carvão, causou alertas de mais cortes de energia este ano. Com o setor de mineração em disputa como consequência de tensões trabalhistas e a queda no preço das commodities, existem pressões para se encontrar novas fontes de energia para impulsionar o lento crescimento econõmico.
Em um estudo abrangendo 32 países, a US Energy Information Administration concluiu que a África do Sul possui a quinta maior reserva potencialmente recuperável de gás de xisto, da ordem de 485 trilhões de pés cúbicos. Os ativistas, no entanto, argumentam que o fracking não é o meio adequado para extrair o gás.
Apesar de toda a resistência, com interesses gigantescos, multibilionários envolvidos e empresas como a Shell interessadas no negócio, é de se apostar que o meio ambiente, mais uma vez, sairá perdendo.
Tradução de Luiz Leitão

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