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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Migalhas não, obrigado!


Luiz Leitão

Os prefeitos do Rio de Janeiro e São Paulo e o governador paulista anunciaram a redução das tarifas de ônibus, que voltarão a custar R$ 3,00. Evidentemente, o recuo forçado tem o intuito de esvaziar o movimento que, na verdade, vai muito além do preço das passagens.

Entretanto, como já se sabe que o custo dessa redução será cobrado em outra ponta — os governantes continuam desprezando a inteligência do povo —, não terá havido ganho nenhum.

Talvez tudo se acalme, e aí o "ganho" terá sido meramente simbólico, o de uma mera queda de braço. Mas existe a possibilidade de as manifestações continuarem, pois o Brasil, gigante adormecido em berço esplêndido, acordou, e como diz o personagem da charge acima, esperamos que não volte a dormir tão cedo, que não se contente com migalhas, que não admita mais ser tão acintosamente abusado.

De nada terá adiantado o povo saber que "tem a força", se amanhã ou depois o País não tomar jeito, e os políticos continuarem trabalhando apenas três dias por semana — e olhe lá!, negociando votos em troca de interesses pessoais; se o SUS continuar sendo a droga que é; se o rigor da lei seguir valendo apenas para os "três pês".

Teremos perdido tempo e desperdiçado esperanças se continuarmos aceitando o voto obrigatório e proporcional, esse sistema eleitoral falido com dezenas de partidos de aluguel, um governo com 40 ministérios, o desavergonhado loteamento de cargos na administração pública, a tentativa de roubar do Ministério Público o poder de investigação, as escolas de lata, a infraestrutura do país completamente obsoleta, com portos e estradas atravancados.

É preciso mostrar que não se pode ter políticos — especialmente senadores — suplentes, nos quais ninguém votou! 

Devemos exigir  a instituição do voto distrital, que possibilitaria a adoção de uma prática muito saudável existente em outros países, chamada "byelection" (https://en.wikipedia.org/wiki/By-election) , uma eleição parcial, destinada a escolher o substituto de um parlamentar que tenha renunciado, ou sido cassado.

Longa é a lista de demandas para que o Brasil possa se dizer uma democracia de fato e um país mais justo, muito distante da ilusão utópica criada pelo populismo lulista.

Precisamos de um sistema federativo mais independente, no qual se possa votar leis de iniciativa popular durante as eleições normais, como se faz nos Estados Unidos, por exemplo, num verdadeiro referendo incluso nas cédulas de votação.

Não podemos mais aceitar que governadores não possam sequer ser investigados —e, portanto, muito menos processados ou presos — sem autorização das Assembleias Legislativas de seus Estados, pois isso é muito pior que o odioso foro privilegiado para uma grande variedade de autoridades e agentes públicos, algo que também precisa acabar.

Não vamos deixar barato, gente; a verdadeira faxina do Brasil ainda está por começar.

Migalhas não, obrigado!

Jornalista e Tradutor

luizmleitao@gmail.com 

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